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quarta-feira, agosto 24, 2022

Economia reage, mas deixa problemas para o próximo ano - Editorial



2023 começará com riscos fiscais e inflacionários, e juros elevados

Indicadores do segundo trimestre divulgados nos últimos dias indicam que foi acertada a decisão de várias instituições financeiras de rever para cima o Produto Interno Bruto (PIB). Já há quem espere crescimento de 2,5% no ano. Pesquisa Focus divulgada ontem traz a estimativa de 2,02%. Alavancada pelo setor de serviços, que representa cerca de 70% do PIB, a economia cresceu no segundo trimestre e deve continuar em expansão no terceiro, agora estimulada pelo pacote fiscal do governo, que vai despejar mais de R$ 40 bilhões até o fim do ano com o aumento do Auxílio Brasil e do vale-gás, e com a ajuda aos caminhoneiros e taxistas por conta da alta dos combustíveis. O quadro deve ser bem diferente em 2023, dadas as incertezas.

O segundo trimestre começou com a expectativa de nível de atividade em baixa diante do aumento da inflação e do aperto monetário provocado pela elevação da taxa básica de juros. No entanto, medidas de estímulo adotadas pelo governo, como a antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas e a liberação do FGTS, a retomada das atividades presenciais com a flexibilização das medidas sanitárias, e o aumento do emprego, no entanto, animaram a economia, especialmente a demanda por serviços.

O setor de serviços está 7,5% acima do nível anterior à pandemia, com destaque para os transportes, 16,9% acima, puxado inicialmente pelo transporte de cargas com o avanço do e-commerce, e, depois, pelo de passageiros. Os serviços prestados às famílias ainda estão abaixo do nível anterior à pandemia, com volume em junho 6,1% inferior ao de fevereiro de 2020, prejudicado pela inflação. Mas a diferença vem caindo. O setor deve compensar o desempenho negativo do varejo e da indústria.

No primeiro semestre, o faturamento real dos serviços avançou 8,8% frente ao mesmo período de 2021, enquanto as vendas reais do varejo ampliado, que inclui veículos, autopeças e material de construção, registraram variação de apenas 0,3%, e a produção da indústria recuou 2,2%. Alguns segmentos do comércio varejista, como tecidos, vestuário e calçados, também foram favorecidos pela retomada das atividades presenciais. Já a indústria seguiu no vermelho, particularmente afetada pelos gargalos nas cadeias de fornecedores, pela inflação e juros elevados, explica o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

O enfraquecimento das vendas de bens de consumo duráveis ajudou a frear a produção. A indústria de bens de consumo duráveis foi a que mais caiu no primeiro semestre, 11,7%. É também esta parcela da indústria que tende a sofrer mais com os gargalos nas cadeias de fornecedores, já que sua produção demanda grande número de partes e componentes, muitos deles importados.

A demanda por serviços influenciou positivamente os índices que buscam antecipar o comportamento do PIB. O Monitor do PIB do FGV IBRE indica crescimento de 1,1% na atividade econômica no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2021, o trimestre fechou com crescimento da economia de 3%. O Monitor também detectou expansão do investimento em construção e do consumo das famílias, este último em menor escala por conta da inflação e do endividamento.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma antecipação do PIB, subiu 0,69% em junho, acumulando 0,57% no segundo trimestre sobre o primeiro, e indicando expansão da economia também no terceiro trimestre por influência estatística. Em relação a junho do ano passado, houve crescimento de 3,09%. Em 12 meses, o IBC-Br subiu 2,18%. Após a divulgação do número, o Bank of America (BofA) revisou a projeção de crescimento do PIB para 2022 de 1,5% para 2,5%.

Os problemas, no entanto, foram adiados pela 2023. Há os riscos fiscais e inflacionários, em boa parte originados pelas medidas de estímulo à economia das quais o governo lançou mão para melhorar o ambiente no período eleitoral e atrair voto dos eleitores. Os juros devem continuar elevados durante boa parte do próximo ano. Há ainda o impacto da esperada desaceleração global em consequência da elevação dos juros no mercado internacional, com consequências negativas para os emergentes. A política monetária dos países desenvolvidos deve manter o dólar elevado, com pressão sobre a inflação no Brasil, sem falar na perspectiva de queda das commodities. A questão fiscal terá papel chave nesse cenário.

Valor Econômico

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