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sexta-feira, junho 10, 2022

Polarização e fanatismo partidário não afetam os eleitores voláteis, que decidem as eleições

Publicado em 10 de junho de 2022 por Tribuna da Internet

Bolsonaristas e lulistas se enfrentam em universidade gaúcha

Marcus André Melo
Folha

A polarização política afeta a percepção sobre o desempenho do governo e da economia. Mas muitas análises tendem a focar a avaliação do governo ou dos governantes, obtidas em pesquisas, como determinantes cruciais do voto. As respostas às pesquisas são contaminadas por uma espécie de torcida partidária (no jargão, “partisan cheerleading“); elas são uma forma de comportamento expressivo: os eleitores querem comunicar emoções com suas respostas, sem analisar o quadro.

Em “A Política da Beleza: os Efeitos do Viés Partidário sobre Atratividade Física”, Nicholson et al concluíram que a polarização atual nos EUA leva os indivíduos a acharem seus copartidários fisicamente mais atraentes que os do partido adversário. Sim, entre nós ela tem levado algumas pessoas a terem um “crush” nos candidatos do partido com o qual simpatizam.

CONTAMINAÇÃO – Assim, a polarização política contamina a percepção das pessoas praticamente em todos os domínios da vida social. Não seria diferente no que se refere à economia e às políticas públicas. Mas aqui a forma convencional de pensar a causalidade entre economia e política é posta de ponta-cabeça: os analistas se perguntam como o comportamento da economia afeta o voto, e não o oposto, que é o foco.

Entretanto, temos o conhecido problema da endogeneidade: a economia afeta a política, mas a política afeta a percepção da economia e a avaliação do governo.

O termo genérico ‘política’ é usualmente utilizado no sentido de identidade partidária, mas no caso brasileiro, caracterizado por baixíssima identificação partidária, trata-se de clivagem governo versus oposição, ou entre ‘campos’, associados a lideranças individuais (lulismo, bolsonarismo).

POLARIZAÇÃO – As respostas obtidas em pesquisas são “expressive cheap talk” (fala expressiva): refletem o apoio (ou falta dele) ao governo. As pessoas tipicamente escolhem o(a)s líderes primeiro, e só depois o conjunto de políticas que ele(a)s defendem, como argumentou Lenz, em “Siga o Líder, Como os Eleitores Respondem ao Desempenho e às Políticas dos Governos”. Aqui, no nosso caso, é com base na sua lealdade política (ou falta dela) que avaliam o comportamento da economia. A polarização afetiva exacerba estes problemas de endogeneidade.

É óbvio que a inflação, a taxa de juros, e o emprego influenciam o voto e, no momento atual, esta é a questão crucial. Mas não se pode entender esta influência com base em pesquisas com eleitores. O único segmento para o qual este exercício faz sentido são os chamados eleitores voláteis, devido a sua baixa lealdade política.

Sim, na intensa polarização atual as políticas públicas importam pouco; as emoções políticas predominam. Mas a chave da disputa são os voláteis.


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