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quarta-feira, junho 15, 2022

Invasão da floresta pelo crime organizado é a verdadeira ameaça à soberania nacional

Publicado em 15 de junho de 2022 por Tribuna da Internet

Vale do Javari, região estratégica para o narcotráfico na Amazônia

Pedro do Coutto

Sem dúvida alguma, a jornalista Miriam Leitão, em artigo publicado no O Globo desta terça-feira, focalizou o verdadeiro ponto dramático que marca a invasão do crime organizado na Floresta Amazônica e nas áreas indígenas, incluindo uma facção de assassinos que acrescentam agora à lista de suas vítimas o jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira.

A comparação que Miriam Leitão faz entre esta dramática ameaça que evolui e as afirmações do general Paulo Sérgio Nogueira, identificando o processo eleitoral a cargo do TSE revela nitidamente a diferença enorme entre uma preocupação real do Exército brasileiro com a hipótese imaginária que se choca com os fatos.

REVELAÇÕES – Miriam Leitão assinalou que em meio à bruma que cerca a morte de Dom Philips e Bruno Pereira vão surgindo revelações que cada vez mais se completam e conduzem à certeza de que o que se passa na Amazônia é uma ofensiva não só pelo desmatamento, que já seria um crime hediondo, mas também pelos crimes de narcotráfico, violação de mulheres, saques a propriedades privadas e sobretudo a propriedade pública, que no caso cabe às Forças Armadas garantir em face da ramificação internacional contida no cada vez maior tráfico de entorpecentes e também o de armas.

As armas nas mãos de assassinos deveriam, como ressaltou a jornalista, preocupar o general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa. Miriam Leitão, no O Globo de ontem, e André Trigueiro, na GloboNews, na noite de segunda-feira, destacaram firmemente o risco da ocupação de áreas do país pelo crime organizado com os seus tentáculos, ocupando uma área com a intenção de substituir o Estado.

Trigueiro foi quem recebeu primeiro a informação da morte do jornalista inglês e do indigenista brasileiro. Alessandra Sampaio, mulher de Dom Phillips, foi quem na madrugada forneceu a notícia a Trigueiro dizendo ter sido avisada por um alto funcionário da Embaixada do Brasil em Londres.

OBJETOS – No decorrer de segunda-feira, apareceram objetos  dos desaparecidos, mas os seus corpos não apareceram. Uma névoa de mistério ainda não dissipada, oculta os dois assassinatos.

A repercussão nacional e internacional tem sido imensa e vai aumentar ainda mais, seja pelo desaparecimento dos corpos, seja pela sua identificação mais de uma semana depois da ação dos assassinos.

SELIC PODE SUBIR – Reportagem de Clayton Castelani, Folha de S. Paulo de ontem, revelou a existência de expectativa que o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve dos Estados Unidos elevem as taxas da Selic do Brasil e dos juros bancários nos EUA.

No Brasil, os juros, ontem, quando escrevi esse artigo, estavam em 12,75% ao ano, percentual que incide sobre uma dívida interna de R$ 6 trilhões. Como costumo dizer, o aumento de 1% em nosso país, na Selic, significa um comprometimento de mais de R$ 60 bilhões. Mas esse número e seus efeitos não preocupam o ministro Paulo Guedes, da Economia. Tanto assim, que ele nada diz sobre esse processo.

REAJUSTE – O que preocupa o Ministério da Economia é o aumento dos servidores federais da ordem de 5%, representando R $16 bilhões. Alguns comentaristas sustentam que a porcentagem maior da Selic é para combater a inflação. Uma farsa patrocinada pelo silêncio de grandes especialistas na matéria financeira.

O aumento da Selic é para permitir a colocação no mercado dos títulos do tesouro que lastreiam a dívida interna. Compreende-se que os papéis só podem ter aceitação se os juros embutidos neles superarem a inflação do país. Com a inflação de 12% ao ano, a rentabilidade dos grandes bancos, dos fundos de investimentos e dos fundos de pensão das empresas estatais não podem perder para o índice inflacionário. No Brasil só quem pode perder para a inflação são os assalariados.

CRIPTOMOEDAS –  Reportagem do Financial Times, de Londres, publicada na edição de ontem da Folha de S. Paulo, revela que o mercado de bitcoins desabou na segunda-feira numa escala de 20% em apenas um dia, consequência da empresa Celsius, credora de criptomoedas, ter bloqueado o resgate dos depósitos por parte dos detentores dos créditos digitais.

A empresa alegou condições extremas de mercado. O fato serve como exemplo, digo, de propaganda no Brasil oferecendo rentabilidades mais altas a aplicações de capital e estabelecimentos sem maior base financeira. Em muitos casos, os investidores em potencial devem considerar que ao tentarem o resgate vão sofrer um corte enorme no valor investido. E, em muitos casos, o valor investido passa a ser igual a zero.

É muito fácil no Brasil vender-se uma empresa por preço baixo, transferindo-se o passivo alto para alguém inexequível. Os casos se repetem e fica tudo por isso mesmo.

AÇÕES DA ELETROBRAS – Matéria de Letycia Cardoso, O Globo de ontem, revelou que no primeiro pregão da Bovespa, o valor das ações ordinárias da Eletrobras desceu 2,2%, fechando a R$ 40,1. Já as ações preferenciais sem direito a voto, caíram 0,8%, fechando em R$ 38,39. Já em Nova York, os recibos de ações, no caso das ordinárias, recuaram 4,5%.

Para Vicente Koki, analista do setor de energia da Mirae Asset, o resultado reflete um comportamento em grupo, não especificamente contra a Eletrobras, mas que atingiu o mercado de ações em geral.

Também no O Globo, Letycia Cardoso analisa o panorama de Nova York e sustenta que o temor de um juro maior nos Estados Unidos causou a queda do mercado acionário.

NOVAS REGRAS –  No Estado de S. Paulo, edição de segunda-feira, Marlla Sabino, Ludmila Rocha e Luciana Collet, publicaram reportagem muito importante sobre as novas regras de concessão das hidrelétricas brasileiras. Num primeiro lance, vão ser relacionadas 22 hidrelétricas.

O processo é o seguinte: vão ser firmados novos contratos de concessão permitindo que essas usinas possam vender energia a preços de mercado no sempre chamado ambiente de comercialização livre. Nos novos contratos, uma parte sairá do atual regime de cotas que só remunera a operação e no qual não está incluído o risco hidrológico para o regime de produção independente, transferindo esse risco para os consumidores.

Sobre a privatização, o comando atual da Eletrobrás, ainda não substituído pelo novo controle acionário, baixou essas normas tarifárias que causam surpresa justamente porque garantem um prazo de 30 anos para as novas concessões, que na verdade são renovações de concessões vigentes, permitindo a elevação tarifária.

APROVAÇÃO DO NOVO ICMS –  Reportagem de Fernanda Trisotto, Manoel Ventura e Alice Cravo, O Globo, focaliza com destaque o resultado da aprovação do novo ICMS para todos os estados no percentual de 17%. O projeto que terá a sua continuidade prevista por meio de matéria de Emenda Constitucional estabelece compensações para os estados.

Como a aprovação se deu sem resistências, vamos considerar que nos bastidores está acertada uma compensação federal que transforme o corte aparente em um lance tributário lucrativo. Em matéria política, uma nova face do problema das candidaturas estaduais surgiu. No O Globo, Bolsonaro queixa-se que o ex-líder do governo no Senado Fernando Bezerra não está citando o seu nome. É porque o candidato dele ao governo de Pernambuco tem o apoio de Lula da Silva.

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