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segunda-feira, junho 06, 2022

Escritores brasileiros tratam cada vez mais da questão racial, uma ferida ainda aberta

Publicado em 5 de junho de 2022 por Tribuna da Internet

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Charge reproduzida do Arquivo Google

João Gabriel de Lima
Estadão

O romance “Marrom e Amarelo”, do escritor brasileiro Paulo Scott, teve excelente repercussão na Europa. Lançado neste ano em inglês com o título “Phenotypes”, foi indicado a prêmios internacionais e coberto de elogios. “Trata-se de um enredo tecido com arte sobre raça, privilégio e culpa”, escreveu a crítica Lucy Popescu, do jornal britânico The Guardian.

A imprensa europeia observou que os escritores brasileiros tratam cada vez mais de questões raciais – e, com isso, se destacam. Foi possível constatar a tendência na Fliaraxá, uma das feiras literárias mais tradicionais do País. O evento, cujo tema deste ano foi “Abolição, Independência e Literatura”, contou com mais de 60% de escritores negros.

FERIDA ABERTA – Entre os participantes estava a filósofa Djamila Ribeiro, que acaba de ocupar uma cadeira na Academia Paulista de Letras. O homenageado da Fliaraxá foi Itamar Vieira Júnior, autor de outro livro que, a exemplo de “Marrom e Amarelo”, vem fazendo carreira internacional brilhante. “Torto Arado” narra a saga de uma família de descendentes de escravos. Os dois romances, o de Scott e o de Vieira Júnior, tocam na ferida aberta do racismo brasileiro.

No mesmo dia em que se apresentou na Fliaraxá, Scott discorreu sobre o assunto na Academia Brasileira de Letras. “O marco dessa nova leva da literatura brasileira é “Cidade de Deus”, de Paulo Lins, e de duas décadas para cá tivemos um avanço respeitável”, diz ele.

O êxito de Ribeiro, Scott e Vieira Júnior mostra que o meio cultural brasileiro despertou para o racismo, tema tão incômodo quanto essencial, e praticamente ausente do debate eleitoral deste ano.

VIDAS NEGRAS – Na semana passada, mais vidas negras se perderam – no morticínio da Vila Cruzeiro e na morte brutal, por asfixia, do sergipano Genivaldo de Jesus Santos. Os dois casos foram considerados pela imprensa internacional exemplos de como a violência, no Brasil, afeta principalmente a população negra.

No Roda Viva com Gilberto Gil, a diretora de televisão Amora Mautner leu uma pergunta do pai, Jorge Mautner: “Até quando esperaremos pela segunda abolição?” Gil respondeu: “Cada vez mais produzimos no Brasil as condições pela plenitude da abolição. Há o movimento negro, e vemos o acolhimento cada vez maior do Estado, ainda que fragmentado, aos projetos emancipadores”.

O imenso artista brasileiro, que há muito tempo promove o trânsito do tema racial entre a cultura e a política, alerta para o fato de que muito já se fez, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A política precisa, urgentemente, seguir os sinais captados pelas antenas da literatura.

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