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quarta-feira, junho 01, 2022

Ataques em Donetsk são um "lembrete cruel" de que não há lugares seguros




Os ataques continuam ao 97.º dia de guerra. O campo de batalha concentra-se na região de Donetsk, onde os bombardeamentos são mais intensos. Na Europa, os Estados-membros da União Europeia elogiaram o acordo alcançado em Bruxelas para um embargo parcial do petróleo russo. A Ucrânia também saudou a medida, mas criticou a demora. Os pontos-chave desta terça-feira:

- O governador da região de Lugansk, Serhiy Haidai, admitiu que "parte da cidade Severodonetsk está sob controlo do exército russo". Também as milícias pró-russas de Lugansk anunciaram que controlam um terço da cidade, mas o líder da autodeclarada República Popular de Lugansk (LPR), Leonid Pasechnik, disse que a operação russa para tomar Severodonetsk "não está a ser tão rápida quanto gostaríamos". Também esta tarde, um ataque aéreo atingiu uma fábrica de produtos químicos em Severodonetsk.

- Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donbass, escreveu que as forças russas atingiram "insidiosamente" uma área residencial de Slavyansk, na região de Donetsk, durante a noite. Três pessoas morreram e seis ficaram feridas no ataque. A escola local e sete arranha-céus ficaram danificados. "Todo o território da região de Donetsk é agora um campo de batalha. Cada civil que permanece na região é um alvo para os russos. Cada um desses ataques é um lembrete cruel de que não há lugares seguros na região de Donetsk. Evacuar! A evacuação salva vidas!", disse.

- Pelo menos cinco pessoas morreram, incluindo um menino de 12 anos, e outras 15 ficaram feridas nas últimas 24 horas, na sequência dos bombardeamentos russos à região de Kharkiv, nordeste da Ucrânia. Os ataques estão a pôr em risco o gigante banco de sementes da Ucrânia que guarda o código genético de quase duas mil colheitas.

- A Ucrânia anunciou ter recuperado o controlo de uma aldeia perto de Kherson, cidade sob controlo russo, desde o início de março, no sul do país, perto da península da Crimeia. Leia mais aqui.

- A Rússia permitiu a saída do primeiro cargueiro da cidade portuária de Mariupol, ocupada pelas tropas de Moscovo. Trata-se de um navio que transporta metal e que ruma para Rostov, na Rússia. Além disso, o líder dos separatistas de Donetsk, que controlam parte da região do leste da Ucrânia com apoio das forças russas, anunciou que a sua administração vai nacionalizar alguns navios do porto de Mariupol.

- A Rússia vai entregar em breve à Ucrânia os corpos de 152 militares ucranianos encontrados num "camião frigorífico" no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, no sudeste da Ucrânia.

- A procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, disse que vai começar a processar 80 suspeitos de crimes de guerra, mas que, a cada dia, surgem entre 100 a 200 denúncias. Um tribunal ucraniano condenou, esta terça-feira, dois solados russos a 11 anos e meio de prisão por múltiplos ataques com mísseis realizados a duas aldeias da região nordeste de Kharkiv.

- Roman Abramovich interpôs um processo judicial no tribunal da União Europeia (UE) contra o Conselho da UE, que aplicou sanções ao empresário russo, como parte das medidas retaliatórias contra Moscovo.

- O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, condecorou vários membros dos serviços secretos bielorrussos que participaram numa "operação especial" em território ucraniano.

- O parlamento ucraniano votou pela demissão da representante de direitos humanos do país, Liudmila Denisova, dizendo que falhou nas suas funções principais. O parlamento aprovou por maioria um voto de desconfiança em Denisova, com 234 votos a favor e nove contra, além de 28 abstenções.

- O número de ucranianos que deixaram o seu país desde a invasão russa de 24 de fevereiro ascendeu, esta terça-feira, a 6,8 milhões, tornando-se a mais grave crise de refugiados da atualidade, superando o conflito na Síria.

Embargo ao gás russo

- A Ucrânia congratulou-se com a decisão da União Europeia (UE) de bloquear a maior parte das importações de petróleo russo, numa primeira reação avançada pelo chefe da diplomacia ucraniana. "O embargo petrolífero irá acelerar a contagem decrescente para o colapso da economia russa e da máquina de guerra", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba. Já o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky elogiou a decisão mas criticou a demora.

- O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, saudou o acordo que permite que o país continue a ser abastecido pela Rússia. A Bulgária também vai poder continuar a importar petróleo russo até ao final de 2024, para ter tempo de ajustar a única refinaria do país a fornecimentos de outras origens. Já o primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que a mensagem que é dada a Moscovo é que "o petróleo russo tem os dias contados na UE".

- O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que o sexto pacote de sanções à Rússia pode ser adotado nos próximos dias. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que nada pode ser descartado em relação a sanções adicionais nas próximas semanas e afirmou esperar que seja alcançado um acordo nos próximos dias para permitir mais exportações de alimentos da Ucrânia.

- A companhia de gás russa Gazprom anunciou, esta terça-feira, que suspendeu as entregas de gás à empresa distribuidora holandesa GasTerra devido a sua recusa em pagar em rublos. Na Dinamarca, a empresa de energia Ørsted confirmou que a Gazprom vai interromper o fornecimento de gás a partir de 1 de junho pelo mesmo motivo.

- O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que a Alemanha está a trabalhar num acordo com a Grécia que prevê que Atenas entregue equipamentos militares antigos à Ucrânia e receba veículos blindados da Alemanha para compensar.

Jornal de Notícias (PT)

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