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quinta-feira, setembro 02, 2021

Ivanildo Gonçalves, o homem que sabia demais, passa a ser uma grande testemunha


Imagens de Ivanildo comprovariam pagamento em favor de Roberto Dias

Pedro do Coutto

O título repete uma das obras-primas de Alfred Hitchcock e o episódio do motoboy Ivanildo Gonçalves funciona, mais uma vez, ao longo do processo político, como um imprevisto que muda o rumo das investigações policiais e dos fatos que se acumulam na névoa da história.

Reportagem de Paulo Cappelli, Natália Portinari, Julia Lindner e André de Souza, O Globo desta quarta-feira, confirma em longos detalhes o que a GloboNews e a TV Globo haviam exibido na tarde e na noite de segunda-feira. O motoboy Ivanildo Gonçalves comparece a uma agência bancária, realiza saques em dinheiro vivo, paga boletos em nome do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias.

RISCO – A atuação do motoboy estende-se por vários meses a partir de 12 de julho de 2020.Foi exposto ao risco de sofrer assaltos, tal era a rotina da qual participava na mesma agência bancária e fazendo os mesmos saques relativos às faturas das VTClog que possuía intenso relacionamento, vê-se agora, com Ferreira Dias. A transportadora é suspeita de irregularidades e de articulações vinculadas à comercialização de vacinas contra a Covid-19.

O homem que sabia demais, pelas vezes em que se defrontou com as caixas do banco, sacou um total de R$ 47,4 milhões, depositados em endereços relacionados a Ferreira Dias, e efetuou pagamentos de boletos resultantes de compromissos do ex-diretor. Convocado, como é claro, pela CPI do Senado, o ágil motoboy recorreu ao Supremo para não comparecer ou, se comparecesse, para manter-se em silêncio. Ivanildo não é acusado de nada, definiu o senador Omar Aziz, mas deixou o governo mal no episódio ao se esquivar de apenas confirmar o que as imagens da segurança do banco registraram.

RECURSO ABSURDO – Na minha opinião, pior ainda ficou o ministro Nunes Marques que acolheu o recurso absurdo de uma testemunha que assim se transforma em investigado e se coloca em posição antagônica às imagens captadas. Fácil agora para a CPI identificar em que contas foram lançados os boletos que levaram ao empate entre os saques e os depósitos.

Como se constata, a desordem em todos os sentidos era predominante no Ministério da Saúde. Do jantar em um shopping de Brasília às curvas da moto pilotada por Ivanildo, sombras vão se tornando cada vez mais nítidas à luz do sol. Como negar a evidência dos valores movimentados por Ivanildo, “o homem que sabia demais” de Hitchcock?

PRECATÓRIOS –  O Globo de ontem publicou reportagem de Manoel Ventura e Fernanda Trisotto focalizando um novo posicionamento assumido pelo Ministério da Economia em relação aos pagamentos dos precatórios que se acumularam há várias datas na Justiça Federal.

A proposta orçamentária para 2022 inclui a previsão desses pagamentos, como revelaram o Secretário Especial do Tesouro, Bruno Funchal, o Secretário do Orçamento, Ariosto Culau, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, além de estudos da Secretaria de Gestão. Os técnicos da Fazenda levaram ao ministro Paulo Guedes um documento chamando atenção para a necessidade de emenda constitucional para parcelar os precatórios.

A respeito dos precatórios, revelou-me o ex-deputado Alexandre Farah,  os mesmos resultam de ações ajuizadas em 1989, portanto há 32 anos, e julgadas praticamente três anos depois. Assim, o tempo de espera pelo pagamento em média é de 29 anos. Muitos dos que ajuizaram ações, faleceram ao longo dessas três décadas.

HONORÁRIOS – Mas o caso não termina aí. Há a questão dos honorários dos advogados, em média 20% do total das causas. E existe também uma movimentação que ocorreu de alguns anos para cá por parte de escritórios especializados na compra de precatórios.

Os escritórios propunham em média um deságio de 30% que, somados aos honorários advocatícios dos titulares originários das ações, reduzem o valor dos precatórios à metade. Portanto, quando se fala em precatório, lembra Alexandre Farah, está se falando num tempo de espera colossal para que o governo cumpra sentenças judiciais contra as quais não pode mais recorrer. Esta é a versão efetiva das dívidas que o poder público acumula no país.

DESEMPREGO – Uma reportagem de Carolina Nalin, O Globo, com base no resultado de uma pesquisa por amostragem do IBGE, destaca que a taxa de desemprego no período de janeiro a março teria recuado 0,7%, caindo de 14,8 para 14,1 pontos. Teriam retornado ao mercado formal de trabalho  no período o total de 2,1 milhões de pessoas.

A meu ver, os números não encontram reflexo nos sintomas, porém é fácil conferir: basta ver se as receitas do INSS e do FGTS subiram no mesmo período. Mas a questão ainda não termina aí. É possível que 2,1 milhões de pessoas tenham sido readmitidas. Mas com que salários?


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