Carlos Newton
A conjuntura do Supremo Tribunal Federal indica empate técnico no que toca à extinção da Lava Jato, que agora envolve a anulação dos processos e condenações de Lula da Silva, além da declaração da “parcialidade” do então juiz Sérgio Moro. De repente, as situações de misturaram. E o fato de Edson Fachin ter tentado melar o jogo é nuvem passageira, porque se trata de decisão monocrática, que faz muita fumaça, mas pode se apagar rapidamente.
Segundo a excelente repórter Carolina Brígido, de O Globo, o ministro Gilmar Mendes teria afirmado a interlocutores a intenção de passar por cima da decisão de Edson Fachin e levar para julgamento na Segunda Turma, ainda nesta terça-feira, a ação que questiona a imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro na condução de processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
VOTO DECISIVO – No final das contas, as duas decisões – na Segunda Turma (parcialidade de Moro) e no Plenário (competência da Vara) – podem depender de apenas um voto, do neoministro Nunes Marques, porque o ministro Marco Aurélio Mello é bipolar e pode pender para um lado ou para o outro.
A decisão, portanto, será dada nas duas hipóteses pelo presidente Jair Bolsonaro, a quem Nunes Marques obedece caninamente. Mas acontece que o próprio Bolsonaro está em dúvida. Uma coisa foi enfrentar Fernando Haddad, em outras circunstâncias, com o desgaste do PT e a facada de Adélio Bispo. Outra coisa, muito diferente, será disputar voto com um Lula “inocentado” pelas trapaças da sorte.
Nesta segunda-feira, Bolsonaro mostrou-se absolutamente contrário à decisão de Fachin. Isso pode significar que mandará Nunes Marques votar contra Lula nas duas situações – na Segunda Turma e no Plenário . Mas acontece que Bolsonaro também é inimigo de Moro e da luta contra a corrupção, e isso pode mudar tudo, vejam só que confusão.
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P.S. – O fato concreto é que não há nada no mundo semelhante à política brasileira, cujo desenrolar leva à loucura os roteiristas de Hollywood, que não conseguem fazer ficção que se compare à realidade brasileira. (C.N.)