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quarta-feira, março 31, 2021

No meio da tempestade, candidatura de Bolsonaro perde força para sucessão de 2022

Publicado em 31 de março de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Nani (nanihumor.com)

Pedro do Coutto
 
É o que digo sempre, os panoramas da política se alteram repentinamente e surgem novos rumos, novos confrontos, novas disputas que se acentuam com o calor dos debates e do desempenho dos candidatos, independentemente de legendas partidárias. Os exemplos são muitos: Jânio Quadros, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula iluminaram a realidade fornecendo novas imagens.  

Há um mês e meio atrás discutia-se quem seria o adversário de Bolsonaro nas urnas de 2022. Cogitou-se o nome do João Doria entre os mais prováveis. De repente, o STF tornou Lula elegível. Mudou tudo. Agora, a crise militar, com a demissão do general Azevedo e Silva e a saída dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

TUDO MUDOU – Não adianta o Planalto tentar, como fez, amenizar a crise dizendo que Bolsonaro havia demitido os comandantes das Forças Armadas. Saíram por iniciativa própria, basta ver a declaração feita ontem pelo general Edson Pujol, veiculado pela GloboNews, quando disse que os militares não têm partido político e que a política não entra nos quartéis. Tudo mudou.  

E agora uma nova realidade surge no palco na sequência da tormenta militar que ainda está muito longe do desfecho final. Seria importante uma pesquisa do Datafolha sobre o reflexo na opinião pública sobre a crise militar, medindo também o abalo sofrido por Bolsonaro. Abalo que ainda pode se ampliar caso o general Braga Netto não consiga reunir nomes para preencher os comandos do Exército, da Marinha e  da Aeronáutica no Ministério da Defesa.  

INTERVENÇÃO – Na tarde de ontem, assinalando o reflexo na Câmara Federal, o deputado Major Vitor Hugo não conseguiu colocar em pauta o projeto contido em Medida Provisória, ampliando a atuação do governo federal enquanto durar a pandemia, permitindo até a intervenção nos estados. A rejeição foi a prova da perda de influência do Palácio do Planalto na área parlamentar.

Houve também o pronunciamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ressaltando que não era hora de expandir poderes, mas de enfrentar a pandemia. Com isso, perde também embalo a nomeação da deputada Flávia Arruda na coordenadoria política do governo. Como se constata a cada momento, o governo Bolsonaro entrou em pleno declínio. A meu ver sua recuperação é dificílima. Se é que existe perspectiva nesse sentido.

DEMISSÃO NA PETROBRAS – Reportagem de Nicola Pamplona destaca a demissão da Petrobras do gerente executivo de Recursos Humanos, Cláudio Costa. Descumpriu a proibição do estatuto de que funcionários não podem negociar ações da empresa 15 dias antes da divulgação das demonstrações financeiras.

Isso foi feito por Cláudio Costa e o balanço levou a estatal a um prejuízo de R$ 102,5 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias. A Petrobras não informou se a venda foi feita antes ou depois da queda das ações. E também não revelou o nome dos proprietários dessas ações, embora pela lei em vigor todas as ações, tanto ordinárias quanto preferenciais, só podem ser nominativas.

As transações atribuídas a Cláudio Costa, sabe-se apenas, foram feitas pela corretora Tullet Prebon. Existiu também o caso, com grande repercussão, da compra de ações por certificados de risco. Os que compraram, certamente com base na informação privilegiada, lucraram cifras muito altas. Um mistério ainda a ser desvendado.

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