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quarta-feira, março 31, 2021

No aniversário da ditadura, Bolsonaro sonha com um novo golpe que não conseguirá dar


DITADURA NO DNA – Contra o Vento

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

Parodiando os geniais compositores Luiz Reis e Haroldo Barbosa, não há dúvida de que Jair Bolsonaro tem cara de maluco, pinta de maluco e jeito de maluco. Mas na undécima hora, quando todo mundo pensa que o chefe de governo vai concretizar a maluquice, ele dá uma meia trava e demonstra ter a exata noção do que está fazendo.

Foi o que aconteceu nesta segunda-feira, dia 29, quando a Lula Cheia e a proximidade do 31 de Março parece que mexeram com a psiquê do presidente, que entrou em alfa e demitiu o ministro da Defesa, seu amigo de juventude Fernando Azevedo e Silva.

ESTADO DE SÍTIO – O objetivo é claro – fazer as Forças Armadas se envolverem com a política e apoiarem o estado de sítio (ou de exceção) que o atual presidente tanto almeja.

A estratégia de Bolsonaro era demitir os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica na segunda-feira, mas o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, recusou-se a obedecer. Mas na terça-feira, diante da saída do ministro da Defesa, os comandantes ficaram revoltados e também deixariam seus cargos.

Era exatamente o que Bolsonaro almejava, porque eles abriram caminho para a nomeação de comandantes de baixíssimo nível, amoldáveis, maleáveis e manipuláveis a ponto de apoiar Bolsonaro num golpe de estado. Essa é a missão impossível do novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, que agora tem de encontrar três patetas para comandar as Forças Armadas. 

NO FORTE APACHE – Esta quarta-feira, 31 de março, é mais um aniversário da Revolução de 64. Bolsonaro terá de estar perfilado junto ao novo ministro Braga Netto no Forte Apache, onde ouvirá a leitura da Ordem do Dia sobre a importância democrática do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart.

O general Braga Netto vai desfilar de saia justa, por saber que não pode obedecer Bolsonaro e lhe dar poderes ditatoriais, pois o Alto Comando já vetou essa possibilidade. Se atender a Bolsonaro, o novo ministro da  Defesa estará traindo as instituições que jurou honrar e vai se arrepender muito.

Aliás, se sucumbir à pressão e acabar dando força a um golpe militar de um desequilibrado mental como Bolsonaro, o general Braga Netto mostrará que também não está em seu juízo perfeito. Assim, também precisará ser medicado e cumprir internação, quando poderá se exibir à vontade como Napoleão de hospício. 


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