Daniel CastroUOL Notícias
Pelo segundo ano consecutivo, a Globo teve em 2018 resultado operacional negativo. Isso quer dizer que os custos de suas novelas, telejornais e demais operações foram superiores ao dinheiro ganho com a venda de publicidade, sua principal fonte de receita. O que salvou a emissora do prejuízo foram os juros de suas aplicações.
Segundo balanço oficial divulgado a investidores ontem (12), a TV Globo fechou 2018 com um resultado operacional líquido de R$ 530 milhões negativos, seis vezes mais do que os R$ 83,4 milhões negativos de 2017. Ou seja, a diferença entre o faturado e o gasto foi de quase meio bilhão de reais no ano passado.
COLCHÃO FINANCEIRO – A Globo só teve lucro graças ao seu “colchão financeiro” e ao seu patrimônio. O dinheiro investido em aplicações financeiras lhe rendeu uma receita de R$ 930 milhões. Assim, graças aos ganhos financeiros e à equivalência patrimonial, a emissora fechou o ano com um lucro líquido de R$ 1,204 bilhão, uma queda de 35% em relação ao R$ 1,851 bilhão de 2017.
As receitas de quase R$ 1 bilhão com aplicações bancárias em 2018 são consequência de uma decisão tomada em 2017, quando o Grupo Globo decidiu reduzir a distribuição de dividendos (lucros) aos sócios. Naquele ano, foram distribuídos apenas R$ 116 milhões, contra R$ 2,5 bilhões em 2016. No ano passado, os sócios da Globo não receberam nada. Esse dinheiro está fazendo a diferença no balanço.
PUBLICIDADE – Apesar da política de redução de gastos, a Globo gastou R$ 695 milhões a mais no ano passado com a produção de teledramaturgia, shows, noticiários e venda de publicidade. Foram R$ 8,353 bilhões, mais R$ 2,252 bilhões de despesas operacionais (administração, comercialização). Contribuíram para esse aumento a maior produção de séries, agora também para o streaming, e os gastos com a Copa da Rússia.
Por outro lado, as vendas de publicidade nos intervalos comerciais voltaram a crescer. Totalizaram R$ 10,060 bilhões no ano passado, a primeira alta desde 2015. Em 2014, melhor ano da década para a Globo, o faturamento foi de R$ 11,890 bilhões. De lá para cá, caiu até atingir R$ 9,779 bilhões em 2017. No ano passado, portanto, cresceu 2,9%.
Os dados acima também incluem as operações de internet do grupo, mas são predominantemente da TV. O balanço inclui informações das operações no mercado musical e com TV por assinatura.
EM QUEDA – Quando considerados todos esses negócios (mas sem veículos impressos), o faturamento do grupo (consolidado) foi de R$ R$ 14,679 bilhões em 2018, R$ 123 milhões a menos do que em 2017. A pequena queda é resultado da retração que o mercado de TV por assinatura vem sofrendo desde 2014, com a perda de mais de 2 milhões de assinantes, 550 mil deles só no ano passado, o que impactou nos resultados da Globosat.
Depois da TV Globo, a Globosat é a maior empresa do grupo. Seu conjunto de canais responde por uma receita de aproximadamente R$ 4,5 bilhões e por mais da metade do lucro do grupo.