Agencia Estado
A mobilização de aliados do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para aprovar no plenário o projeto que limita o uso de passagens aéreas e o temor dos deputados de um desgaste maior nas suas bases eleitorais provocaram um recuo de parte de parlamentares contrários às regras anunciadas pela Mesa da Câmara na semana passada. Um dos expoentes da resistência, o deputado Sílvio Costa (PMN-PE), disparou telefonemas neste fim de semana para convencer os colegas a aprovar o projeto de resolução sem as mudanças, que estavam sendo articuladas para ampliar a possibilidade de viagens pagas pela Câmara para cônjuges e filhos dependentes."Vocês podem perguntar se eu mudei de lado. Mas quem pensa, reflete. E achei que essa discussão estava ficando pequena demais diante da importância da Câmara", alegou Costa, que hoje à tarde havia conversado com pelo menos 50 colegas. "Se você entra em uma rua na contramão, você dá ré", comparou. "Estou propondo que a gente faça uma autocrítica. Precisamos dar uma resposta positiva à opinião pública", continuou.Costa, que estava em seu estado neste fim de semana, disse que andou pelas ruas para sentir a recepção da população e percebeu que seu argumento não convenceu os eleitores. "A tese não foi assimilada pela opinião pública e confundida com os desmandos das passagens", argumentou Costa. O deputado justificou ainda a mudança de posição com a defesa do presidente da Casa. "Essa construção da emenda (para alterar o projeto) estava parecendo uma coisa de confronto com o presidente. Nesse momento, Michel precisa de todos nós. É um grande presidente", disse.Aliados de Temer esperam pôr um fim na crise das passagens aéreas e impedir que a imagem do presidente da Casa se desgaste mais ainda com a aprovação na terça-feira do projeto de resolução. Temer reúne os líderes partidários, na terça-feira, em busca de apoio para levar o projeto à votação em regime de urgência.O projeto de resolução limita as viagens aos deputados e, no caso de seus assessores, com a comunicação à Mesa Diretora da Casa, no território nacional. Os gastos com a cota de passagens terão de ser divulgados, até o prazo de 90 dias, no site Transparência da Câmara. A proposta também estabelece que a verba tem de ser usada no período de um ano, não havendo acúmulo de um exercício para o seguinte.O valor da cota de passagens varia de acordo com o estado de origem do deputado. A maior cota, para os deputados de Roraima, será de R$ 14.989,95 e, a menor, para a bancada do Distrito Federal, será de R$ 3.764,58. Os valores tiveram um corte de 20% em relação aos valores atuais.
Fonte: A Tarde
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