Portal Terra
DA REDAÇÃO - Diretor de Recursos Humanos do Senado até o mês passado, João Carlos Zoghbi estaria envolvido em um esquema de criação de empresas de fachada com auxílio de laranjas para receber quantias milionárias pagas por empresas que faziam negócios com a Casa. Ele teria inclusive usado sua ex-babá, uma senhora 83 anos, como testa de ferro. As informações são de uma investigação realizada pela revista Época.
A babá estaria morando até hoje com Zognbi, em uma casa em um bairro nobre de Brasília. Segundo a publicação, ela não tinha nenhuma renda até os 80 anos. No entanto, no segundo semestre de 2006, ela teria se tornado sócia majoritária de três empresas - DMZ Consultoria Empresarial Ltda., Contact Assessoria de Crédito Ltda. e DMZ Corretora de Seguros Ltda.
Conforme apuração de Época, as três empresas da ex-babá teriam faturado pelo menos R$ 3 milhões em um ano e meio. A maior parte desta receita teria vindo do banco Cruzeiro do Sul, instituição que atuava como provedora de crédito consignado e empréstimos com desconto em folha de pagamentos para funcionários públicos.
Segundo a a revista, o negócio teria movimentado cerca de R$ 1,2 bilhão nos últimos três meses no Senado. O Cruzeiro do Sul teria sido responsável por R$ 380 milhões desse valor total. A publicação ainda apurou que o Cruzeiro do Sul teria pago cerca de R$ 2,3 milhões à empresa Contact por serviços referentes à concessão de crédito consignado, especialmente aos funcionários do Senado.
Como funcionava o suposto esquema
Os pagamentos à Contact teriam começado após o o banco ter enfrentado, em 2007, uma difícil negociação para renovar o contrato com o Senado por dois anos. Em 2006, de acordo com a reportagem da revista Época, a Mesa do Senado teria tomado providência contra o baco, depois de receber um ofício assinado pelo então diretor João Carlos Zoghbi. Ele reclamava dos serviços prestados, com registro de queixas de funcionários sobre mau atendimento e até uma denúncia de que o banco se recusava a aceitar a quitação de dívidas.
Como a direção do Senado teria ameaçado suspender negócios com o banco, segundo alguns servidores do Senado informaram à Época, o Cruzeiro do Sul teria enviado a Brasília uma ex-bancária para buscar um entendimento com a área de Recursos Humanos da Casa. No entanto, meses depois, o relacionamento institucional entre o banco privado e o Senado teria gerado um novo negócio.
De acordo com Época, em outubro de 2006, foi criada em Brasília a Contact Assessoria de Crédito. A empresa teria três donos: a ex-babá de Zoghbi, com 61% das cotas, a ex-bancária enviada à Brasília, com 34%, e um dentista, com outros 5%. Em 2007, o Cruzeiro do Sul teria efetuado pagamentos de R$ 1,97 milhão. "Operamos em Brasília por intermédio de correspondentes, e não por agências. A Contact é uma correspondente no Senado. Ao longo de 2007, os contratos intermediados pela Contact somaram R$ 66 milhões, e a empresa fez juz a comissões", afirmou Sérgio Capella, diretor do Cruzeiro do Sul, à revista.
O que diz Zoghbi
Zoghbi disse à revista que as empresas pertencem a sua família. "Na realidade, a Contact e as duas DMZ são empresas dos meus filhos. Como é proibido a servidores públicos ser donos de empresas que negociam com órgãos públicos, eles registraram as empresas em nome da minha mãe preta (Maria Izabel)", disse Zoghbi à publicação.
Fonte: JB Online
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