Em coluna publicada neste sábado (25) no jornal O Globo, um dos mais importantes jornalistas e escritores do país reconhece o trabalho da equipe do Congresso em Foco
Por Zuenir Ventura*
Não sei se vocês repararam que quase todas as revelações sobre a farra das passagens aéreas tiveram como origem o site Congresso em Foco, até então pouco conhecido fora do círculo jornalístico e político. Por causa do nome, vários leitores me perguntaram como um veículo ligado às duas casas legislativas podia fazer tais denúncias. Acontece que ele não tem qualquer dependência em relação à Câmara ou ao Senado, alvos permanentes de sua cobertura. “Não existe qualquer vínculo oculto ou espúrio”, me diz o diretor Sylvio Costa. “Mantemos o site com a verba que recebemos do iG, com a receita publicitária e outras fontes de recursos.” Também não há segredo para explicar o sucesso do empreendimento, que tem cinco anos. Além do trabalho “duro, paciente e cuidadoso de investigação”, ele cita mais três fatores: “independência editorial, extremo rigor na apuração e foco exclusivo no Congresso e na política”. Embora o furo de agora tenha sido o de maior impacto e repercussão, existem outros a destacar, como o do deputado Edmar Moreira, dono do castelo de R$ 25 milhões, que havia utilizado recursos da Câmara para pagar R$ 236 mil em serviços de segurança a empresas dele mesmo. Outra extravagância revelada em primeira mão foi a do deputado-namorado da Adriane Galisteu, sem falar na lista dos parlamentares que respondem a processos criminais. O próprio escândalo das passagens começou com outro furo, uma espécie de ponta do iceberg: a descoberta de que a então senadora Roseana Sarney usara sua cota de bilhetes para trazer de São Luís uma penca de amigos e parentes. Continuando então a acessar os registros das empresas aéreas, o repórter Lúcio Lambranho pressentiu o filão. “Quando viu o tamanho da encrenca”, conta Sylvio, “ele pediu reforço”. Aí entraram em cena seus colegas Edson Sardinha e Eduardo Militão, que sob a supervisão do editor Eumano Silva completaram a investigação. O país fica devendo a eles essa desagradável mas útil exposição das vísceras do nosso parlamento. Escrevi aqui outro dia que estranhava o “silêncio dos inocentes” no Congresso. Supondo que deveria haver os que não compactuavam com a orgia com o dinheiro público, eu perguntava por que um deles não atirava a primeira pedra. Em face dos últimos acontecimentos, mostrando que o presidente da Câmara, o corregedor e até o deputado Fernando Gabeira também usaram passagens para viagens de parentes ao exterior, vejo que inocente era minha pergunta. O episódio deixa a lição de que em política vigora o que Luiz Garcia chama de “Honestidade obrigatória”. Ela nunca é praticada por livre e espontânea vontade. Tem que haver pressão da imprensa e da opinião pública. Diante do bafafá no STF, só resta suspirar: saudades da elegância discreta de Ellen Gracie na presidência.*Zuenir Ventura é jornalista e escritor. Atualmente, é colunista do jornal O Globo.
Fonte: Congressoemfoco
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