Edson Borges, da Sucursal Feira de Santana
A tentativa de comprar o apoio de um candidato a vereador e a troca de votos por terrenos ocasionaram duas representações na Justiça Eleitoral contra a candidata a prefeita do Democratas em Jacobina (a 346km de Salvador), Valdice Castro Vieira da Silva. Na primeira, uma das testemunhas contra ela é a própria delegada de Polícia Civil no município, Patrícia Marques, conforme cópias das ações fornecidas a A TARDE pelo advogado Bruno Tinel de Carvalho. Tanto a candidata quanto o advogado dela, José Coutinho, garantem que as representações são “duas farsas”.
Segundo eles, a oposição, liderada pelo candidato à reeleição, Rui Macedo, da coligação A Força do Povo (PMDB, PR, PP, PTN, PV, PTB, e PT do B), “está desesperada com a rejeição popular e tentando ganhar a eleição no tapetão”. De acordo com a primeira representação, impetrada no início deste mês, o ex-prefeito de Jacobina, médico e marido da candidata, Leopoldo Moraes Passos, ofereceu R$ 5 mil ao candidato a vereador Juliano Queiroz Novaes, para que ele passasse a apoiar Valdice. Uma parte do dinheiro, R$ 1.070, chegou a ser paga e passou a integrar o processo como prova, segundo o advogado Bruno Tinel de Carvalho. Outra prova é o testemunho da delegada Patrícia Marques, que presenciou uma conversa em que Juliano Novaes seria assediado para apoiar Valdice. Ela ouviu o assédio pelo viva-voz do celular do candidato a vereador. “Ligaram para ele justamente no momento em que Juliano estava na delegacia, prestando queixa de ameaças que vinha recebendo por telefone”, disse o advogado.
Segundo ainda o teor da ação, o candidato Juliano Queiroz Novaes passou a ser ameaçado depois que manifestou o desejo de romper o acordo e devolver os R$ 1.070 que havia recebido. O advogado da candidata, José Coutinho, afirma que nunca houve este pagamento. A delegada Patrícia Marques disse que não iria declarar nada a respeito do assunto, tendo em vista que está presidindo o inquérito sobre o suposto assédio e a denúncia de ameaças.
TERRENOS – A outra representação tem como acusação a troca de votos por lotes de terra na localidade conhecida como Alto do Peru, na zona urbana de Jacobina. O advogado Bruno Tinel de Carvalho anexou cópias de bilhetes que, segundo ele, foram escritos pela candidata Valdice Vieira da Silva, para que eleitores fossem cadastrados nas doações das áreas. Segundo a representação, a área loteada é de propriedade do ex-prefeito Leopoldo Moraes Passos, marido de Valdice, e os bilhetes eram endereçados a José Cleber Carvalho de Lima, tido como cabo eleitoral da candidata a prefeita pelo DEM.
JOGO SUJO – O advogado José Coutinho alega que a ação sobre a suposta compra do apoio do candidato a vereador Juliano Queiroz Novaes “não tem nenhuma prova”. Garante que a tal conversa telefônica que teria sido testemunhada pela delegada nada prova. “Estamos esperando a decisão da Justiça para entrarmos com ação por denunciação caluniosa contra os autores”, diz. Ele tacha a representação sobre os lotes como “ridícula”, argumentando que os bilhetes considerados como prova têm legitimidade, pois decorreram de doações legais aprovadas pela Câmara de Jacobina. “Esses bilhetes são da época em que o marido de Valdice, Leopoldo, exercia o segundo mandato de prefeito, há quatro anos. A própria prefeitura fez as doações, aprovadas pelo Legislativo, e Valdice, como assistente social, enviava os bilhetes para que fosse checada a real necessidade do portador e candidato ao lote”, explica.
“Além disso, atuei na prefeitura como assistente social voluntariamente. Tenho um passado limpo. A oposição está tentando fragilizar psicologicamente a minha campanha, mas não vai conseguir. Não tenho o que temer”, afirma a candidata Valdice Castro da Silva, que disputa a eleição pela coligação Melhor para Jacobina (DEM, PSL, PDT, PTC e PRB). A candidata acrescentou que tudo isto “é mentira, faz parte de um jogo muito sujo” porque ela está com a eleição garantida.
Fonte: A Tarde
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