NATAL - A investigação da Polícia Federal (PF) que culminou na realização da Operação Hígia, no Rio Grande do Norte, confirmou que o filho da governadora Wilma de Faria (PSB), Lauro Maia, teria recebido vantagens indevidas para auxiliar na manutenção de contratos irregulares de empresas com a Secretaria de Saúde estadual. Segundo a investigação, esse é um dos três pontos confirmados de um depoimento dado em agosto de 2007 pela empresária Jane Alves Oliveira Miguel da Silva, também suspeita de integrar o esquema de desvio de recursos públicos.
A empresária, o advogado e mais 11 pessoas foram presas sexta-feira passada no que ficou conhecido como Operação Hígia, que investiga uma fraude estimada em R$ 36 milhões (desde 2005). A investigação também confirmou que todos os pagamentos de vantagens eram feitos em espécie ("dinheiro vivo"); e que a procuradora do estado, Rosa Maria D'Apresentação Caldas Simonetti, também teria sido paga para autorizar contratações ilícitas.
Ontem, a Polícia Federal pediu prorrogação da prisão temporária do filho da governadora e dos outros sete envolvidos que ainda estão detidos. O Ministério Público Federal (MPF) deu parecer contrário à manutenção da prisão.
As informações obtidas revelam que a Polícia Federal registrou encontros de envolvidos no esquema que foram realizados na residência oficial da governadora do Rio Grande do Norte. Um desses encontros foi entre o filho dela, Lauro Maia, e o empresário Mauro Bezerra, que é sócio da empresa Líder.
Durante a investigação, ainda, a PF apreendeu R$ 35,9 mil, dia 24 de março passado, que estavam com o secretário-adjunto de Esporte, João Henrique Lins Bahia Neto. A Polícia Federal acredita que esse montante foi a primeira parte de um pagamento feito com o objetivo de promover a renovação dos contratos irregulares.
A investigação aponta o secretário-adjunto como associado a Lauro Maia no esquema de manutenção irregular de contratos. A segunda parte do pagamento teria sido feita dia 16 de abril, no apartamento de João Henrique Lins Bahia. Há dois anos, suspeitando de irregularidades nesses contratos das empresas A&C e Líder com a Secretaria de Saúde, o Ministério Público do Rio Grande do Norte recomendou oficialmente ao governo que suspendesse os contratos.
A recomendação não foi seguida. O Ministério Público então promoveu ação cautelar, que foi deferida. Mas depois, a A&G ganhou na Justiça um recurso que lhe garantiu a manutenção dos convênios. Segunda-feira, o atual secretário de Sáude, Adelmaro Cavalcanti, e o secretário anterior a ele, Ruy Pereira, concederam entrevista coletiva na qual negaram que tenha havido desvio de recursos durante suas administrações.
Eles informaram que seguiram a recomendação do Ministério Público e até instauraram uma sindicância. A sindicância, segundo eles, não teve resultados porque a responsável pela condução da investigação ausentou-se da Secretaria para gozar de licença maternidade. Após isso, não houve mais questionamentos aos contratos porque ficou valendo a decisão judicial favorável à empresa A&G.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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