quarta-feira, abril 16, 2025

OS JORNALISTAS E A INTERPELAÇÃO CRIMINAL

 

OS JORNALISTAS E A INTERPELAÇÃO CRIMINAL


 OS JORNALISTAS E A INTERPELAÇÃO CRIMINAL


*João Batista Damasceno


Hoje, 07 de abril de 2025, rememoramos a derrubada de D. Pedro I, ocorrida na mesma data em 1831. O fato histórico, conhecido como Dia da Abdicação, na verdade se refere a uma deposição de um Imperador que a cada dia mais se aproximava de setores conservadores ou reacionários e demonstrava sua postura autoritária enquanto perdia prestígio social. Para o fato histórico foram imprescindíveis as atuações dos jornalistas Evaristo da Veiga e Líbero Badarò. Este foi assassinado dias após completar 31 anos e morreu dizendo: "Morro defendendo a liberdade". Nem um, nem outro tinham formação em jornalismo, comunicação social ou qualquer outro curso superior equivalente. Eram jornalistas, "sem diploma" por dois motivos: 1) No Brasil tínhamos os cursos de Engenharia, Direito e Medicina. Estes instituídos em 1827. Inexistiam cursos para se apurar fatos, descrevê-los em jornais ou expressar opiniões, e 2) Tal como hoje, inexistia lei que impusesse exigência de diploma para o exercício da comunicação social. Esta se rege pelos princípios próprios da liberdade de expressão, seja na mídia corporativa, nas mídias sociais ou em qualquer lugar onde inexista cerceamento às liberdades.

Assassinam-se muitos jornalistas mo Brasil ou simplesmente os calam por outros meios. A liberdade de comunicação tem sido a cada dia mais atacada. E um dos meios para o cerceamento é o lawfare, que se traduz no uso do Direito como instrumento de guerra ao desafeto considerado inimigo a ser eliminado ou silenciado. Quando não há fundamento para se instaurar diretamente um processo criminal não é incomum a utilização da interpelação criminal para silenciar o opositor sobre fato que o dever de transparência imporia esclarecimento.

A interpelação criminal é um procedimento preparatório para o ajuizamento de uma ação penal. Está prevista no Código penal e serve, de modo geral, para preparar e instrumentalizar uma futura ação penal.

A interpelação judicial é um instrumento previsto no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), mais especificamente no art. 144 do Capítulo V, que trata dos crimes contra a honra.

Enquanto procedimento especial de jurisdição voluntária, que antecede a fase contenciosa (propositura de ação penal), a interpelação pode servir para pedir esclarecimentos que servirão de subsídio em ação futura. Igualmente atua como prova de ciência da parte interpelada. 

A interpelação criminal é um procedimento preparatório para o ajuizamento de uma ação penal e somente pode ser utilizada quando houver ambiguidade ou equivocidade em frases ou expressões que – esclarecidas por quem se acredite ser um ofensor - possam caracterizar crime contra a honra.

É evidente a necessidade de compreender quando cabe, como se aplica e de que forma se elabora uma interpelação judicial.

Há controvérsia sobre a recepção da interpelação criminal ante a Constituição de 1988. Se há dúvida sobre a prática da conduta criminosa, por ofensa a honra, não há que se falar de crime. Afinal, havendo dúvida há de se decidir a favor do acusado. E, no caso, se dúvida há sobre o crime contra a honra não há que se falar em esclarecimento pelo próprio ofensor a fim de que venha a ser processado. Se há dúvida por quem se sentiu ofendido sobre a presença dos elementos ou requisitos para a propositura de uma ação penal privada, nos casos de crime contra a honra, é porque não há crime.

A interpelação criminal tem servido para admoestar, constranger ou censurar quem tenha se expressado e não tenha – efetivamente – praticado crime.

Durante a vigência da Lei de Imprensa, que cerceou a liberdade de expressão a ponto de exigir diploma para a atribuição da qualidade de jornalista a profissionais que atuavam na imprensa, era comum a interpelação a jornais e a profissionais da imprensa para que explicassem o que teriam dito. Em regra, os jornalistas se silenciavam a fim de não dar fundamento a perseguição por meio da ação penal.

Os crimes contra a honra são praticados contra pessoas físicas. Inexiste honra numa pessoa jurídica. Mas hoje até pessoas jurídicas têm utilizado a interpelação judicial para constranger quem com seus dirigentes tenha qualquer tipo de divergência. O fascismo está em ascensão e não é apenas nos espaços designados como império da direita.

A interpelação criminal diz muito mais sobre o interpelador que à conduta do interpelado. Em regra, é feita por quem deseja o silenciamento sobre determinado tema ao invés de esclarecê-lo diante da crítica ou afirmativas de quem se pretenda processar para calar.

Apenas o espírito persecutório, afastado dos princípios que orientam as democracias e o pluralismo, utiliza tal ferramenta no debate político e no âmbito das instituições onde há de reinar o pluralismo.

 

*João Batista Damasceno exerce a função de Desembargador no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), é doutor em Ciência Política (UFF) e professor no Departamento de Teoria e Fundamentos do Direito da  Faculdade de Direito da UERJ.

https://resistencialirica.blogspot.com/2025/04/os-jornalistas-e-interpelacao-criminal.html


Nota da redação deste BlogO desembargador  João Batista  Damasceno é  associado da ABI, associação que tenho orgulho de pertecer.

É lamentável e, ao mesmo tempo, revoltante ver tentativas de silenciar a imprensa livre por meio de intimidações, ameaças ou “moradaças” direcionadas a jornalistas que cumprem seu dever de denunciar irregularidades. Infelizmente, há quem esteja acostumado a se beneficiar do cargo público para fins pessoais ou de familiares, agindo como se a máquina pública fosse extensão de seus interesses privados. Pior ainda, quando usam do poder e da estrutura do Estado para perseguir, calar ou constranger aqueles que ousam expor a verdade.

Reproduzo aqui a preocupação legítima de colegas jornalistas, como compartilhado no grupo da ABI – Casa do Jornalista: não podemos aceitar esse tipo de abuso como algo normal. A liberdade de imprensa é um pilar da democracia, e qualquer tentativa de cerceá-la precisa ser denunciada e rechaçada com firmeza.



"Educação, Ética e o Valor do Saber: O Exemplo que Vem de Casa"

A ética e a moral são pilares que sustentam a convivência justa e harmoniosa em sociedade. A educação, por sua vez, é o caminho mais nobre para formar cidadãos conscientes, responsáveis e comprometidos com o bem coletivo. Quando esses valores se unem ao desejo genuíno pelo conhecimento, temos uma combinação poderosa capaz de transformar realidades.

O lema da família Montalvão — “desde cedo correr atrás do saber” — reflete essa sabedoria herdada e cultivada ao longo das gerações. Um exemplo inspirador dessa filosofia é a jovem Luísa Montalvão, que, mesmo na adolescência, demonstra já compreender o valor do aprendizado e da cultura. Seu deslocamento de Paulo Afonso até Salvador para visitar o Museu de Arte Moderna não é apenas uma viagem física, mas uma verdadeira jornada de enriquecimento intelectual e sensibilidade estética.

Atitudes como essa revelam que o conhecimento não tem idade, mas sim propósito. E quando a juventude é incentivada a buscar, a questionar e a vivenciar o saber, nasce uma nova esperança para o futuro. Que o exemplo de Luísa inspire muitos outros jovens a seguirem esse mesmo caminho de ética, moral e educação, sempre iluminados pela luz do conhecimento.


Dr. Wickfield, o juiz que não existe, talvez seja melhor do que os juízes que existem

Publicado em 15 de abril de 2025 por Tribuna da Internet

O juiz Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que segundo o Ministério Público do Estado na verdade é José Eduardo Franco dos Reis.

A Identidade do juiz José dos Reis tem outro nome inglês

J.R. Guzzo
Estadão

De infâmia em infâmia, o sistema judicial brasileiro construiu nos últimos anos o que a violação serial, sistêmica e mal-intencionada da lei sempre acaba construindo nos regimes totalitários: a cessação dos serviços de fornecimento de justiça por parte do Estado. Mas o Brasil, sendo o Bananistão que geralmente é, foi além disso. Não só privatizou o Poder Judiciário em favor dos magistrados e suas facções políticas. Reinventou-se como uma palhaçada geral.

Nada poderia atestar de forma tão óbvia a comédia a que foi reduzido o Judiciário brasileiro do que a prodigiosa história do juiz de São Paulo que passou no concurso público para a magistratura, deu sentenças durante trinta anos e se aposentou no cargo (salários de fevereiro último: R$ 166 mil) usando, o tempo todo, um nome falso.

LORDE INGLÊS – Na justiça paulista ele sempre foi o dr. Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, e é nesse nome que estão registrados os milhares de despachos que deu. Na vida real é apenas o José dos Reis, de Águas da Prata.

Agora, com a descoberta da fraude, Lord Wickfield sai dos sagrados anais da justiça paulista. Em seu lugar, entra o dr. Zé. Sinceramente: dá para levar a sério um sistema que, além das “audiências de custódia”, do flagrante perpétuo do ministro Moraes e da “saidinha” para criminosos, faz o papel de palhaço para um juiz?

Nada menos que um juiz, que falsifica o seu próprio nome durante 30 anos – e só foi pego por um descuido que ele mesmo praticou junto aos serviços policiais de identificação?

SE FOSSE JÉSSICA? – O pior são as perguntas que se poderia fazer em seguida. Tudo bem. O dr. Zé não pode assinar sentenças com o nome de dr. Wickfield.

Mas num plano ideológico-inclusivo, digamos, porque raios ele não teria o direito de se identificar com um barão inglês – se tantos cidadãos que se chamam Sebastião, por exemplo, têm o direito de se identificarem como Jéssica?

O próprio STF, aliás, parece decidido a discutir seriamente se as palavras “pai” e “mãe” devem ou não continuar aparecer nas certidões de nascimento. A Unicamp acaba de criar cotas para quem se identifica como transgênero.

MELHOR QUE TOFFOLI – Mais que tudo, a realidade mostra que o juiz em questão, goste-se ou não dele, foi aprovado limpamente no concurso para a carreira – enquanto o ministro Dias Toffoli levou pau duas vezes seguidas e está no Supremo há dezesseis anos.

O falso lorde não perdoou multas de R$ 20 bilhões de empresários corruptos, nem anulou suas confissões de culpa. Não condenou a 14 anos de prisão a “cabeleireira golpista” do batom. Sua mulher não defendeu causas julgadas por ele.

Talvez o juiz que não existe seja melhor do que os juízes que existem.

Nota da Redação deste Blog
Comentário:
A crítica de J.R. Guzzo é mais do que pertinente — é um retrato nu e cru da decadência institucional que assola o sistema judicial brasileiro. O Judiciário, que deveria ser o guardião da legalidade e da justiça, se transformou num bunker corporativista, blindado por privilégios e cada vez mais distante da população que deveria proteger. Quando juízes se tornam agentes políticos, e decisões são tomadas não com base na lei, mas em interesses de grupos ou narrativas ideológicas, o que resta é um simulacro de justiça. O povo, por sua vez, vê-se desamparado, refém de um sistema que, além de não cumprir sua função, se arvora o direito de calar e perseguir os que ousam criticar. Ainda bem que, por ora, a palavra ainda é livre — e é com ela que seguimos resistindo.

Quem é contra vacinas pode ser secretário de Saúde? Ora, só nos EUA…

Publicado em 15 de abril de 2025 por Tribuna da Internet

A imagem mostra dois homens em um ambiente formal. Um deles está usando um terno escuro e tem cabelo loiro, enquanto o outro está vestido com um terno azul e tem cabelo grisalho. Eles estão se olhando, com expressões sérias, e um dos homens está tocando o braço do outro. Ao fundo, há cortinas douradas e uma decoração que sugere um ambiente de evento oficial.

Kennedy Jr., secretário de Saúde, não acredita nas vacinas

Hélio Schwartsman
Folha

Fãs que somos do Iluminismo, gostamos de imaginar a História como um processo pelo qual a razão e a ciência avançam paulatina, mas irresistivelmente. Ao fazê-lo, vão banindo os preconceitos e as superstições que colonizam as mentes das pessoas, num jogo que culminará na emancipação da humanidade.

Isso, é claro, nunca passou de “wishful thinking”, algo em que a gente quer acreditar. O homem não é nem nunca será um ser perfeitamente racional, e a própria razão tem seus limites. Não obstante, nos últimos dois séculos, obtivemos grandes conquistas civilizatórias baseadas em avanços científicos e filosóficos.

DOIS EXEMPLOS – Reduzimos drasticamente a mortalidade infantil e reconhecemos a existência de direitos humanos universais, para dar apenas dois exemplos.

E isso não ocorreu porque a maioria das pessoas se converteu ao Iluminismo. Já comentei aqui o ótimo livro de Jonathan Rauch (“The Constitution of Knowledge”) em que ele mostra que, demograficamente, não chegamos nem mesmo a um consenso sobre quais são os fatos que precisamos considerar.

Dois terços dos americanos acreditam que anjos e demônios atuam no mundo; 75% creem em fenômenos paranormais; e 20% pensam que o Sol gira em torno da Terra. Num tributo à paranoia, um terço julga que o governo age em conluio com a indústria farmacêutica para esconder “curas naturais” que existem para o câncer.

DESCRENÇA DOS FATOS – Conhecimento e democracia avançavam apesar de ideias como essas estarem bem enraizadas nas mentes das pessoas. Mas não é tão grave. Não precisamos que haja unanimidade em torno de quais são os fatos que devem ser levados em conta, mas apenas que uma elite de políticos, cientistas e outros detentores de postos-chave estejam de acordo sobre o método para estabelecê-los.

O que preocupa neste segundo mandato de Donald Trump é que chegaram a esses postos-chave pessoas que rejeitam o método para reconhecer fatos. O novo secretário de Saúde, por exemplo, faz parte dos 33% que creem no complô para esconder as curas naturais, além de ser contra vacinas.

Não tem como dar certo.

Governo Lula precisa perder as ilusões e se preocupar com as lambanças de Trump

Publicado em 15 de abril de 2025 por Tribuna da Internet

Imagem colorida mostra Lula e Trump - Metrópoles

Lula não entende bem o que está se passando no mundo

Mario Sabino
Metrópoles

Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de patrimônio do mundo, com ativos de US$ 11,6 trilhões, quase 6 vezes o PIB do Brasil, disse que os Estados Unidos já estão em recessão ou muito perto de entrar em recessão por causa das lambanças de Donald Trump.

Recessões americanas costumam ter efeito dominó devastador, mas estranhamente o Brasil continua a se sentir imune aos desastres mundiais, as exceções confirmando a regra.

COMO O BRASIL… – Quando tinha 27 anos, eu era como o Brasil. Recém-casado, morando de aluguel, sem lenço nem documento, mas com a certeza de que estava cumprindo o meu destino, eu queria voltar ao jornalismo, depois de passar quase cinco anos em uma editora de livros.

Saí do emprego na editora pouco antes da eleição presidencial, o que não costuma ser uma época boa para ficar desempregado, e fui colhido pelo Plano Collor, no qual houve o confisco de todos os depósitos bancários dignos desse nome. Para conter a inflação, Fernando Collor e o seu entourage tiveram a ideia de deixar os cidadãos sem dinheiro durante um ano e meio. Brilhante.

Sem emprego, sem dinheiro na conta corrente, sem poupança, sem família rica ou mulher rica, eu tinha apenas US$ 750 debaixo do colchão, literalmente.

IMUNE AO CHOQUE? – Como a minha pobreza me distanciava do desespero de quem havia sido roubado pelo governo, eu tinha a sensação de estar imune ao choque causado pelo Plano Collor.

Era uma sensação ilusória, evidentemente. Na sequência do Plano Collor, todas as empresas entraram no modo emergencial e suspenderam novas contratações. Fui achar emprego de verdade somente um ano depois de ter saído da editora, e com um salário mais baixo do que eu precisava, embora tenha ficado feliz da vida por finalmente ter um salário na profissão que escolhi. Não tive dinheiro confiscado, mas tive o meu futuro adiado.

O Brasil se sente imune às lambanças de Donald Trump, porque é tão insignificante quanto esse rapaz de 27 anos que já fui.

UMA MIXARIA – Duas medidas que gosto de utilizar: o país representa meio por cento do comércio mundial e a mesma porcentagem da carteira de investimentos global. O Brasil é uma mixaria.

Alguém poderá dizer que as nossas reservas cambiais são grandes. Verdade. Mas boa parte dos nossos US$ 362 bilhões poderá ser queimada rapidamente, se houver um terremoto de grandes proporções na economia do planeta, da mesma forma que queimei os meus US$ 750 até encontrar emprego.

Não deveríamos nos sentir imunes. Deveríamos sentir preocupação e vergonha. Os motivos da nossa insignificância estão bem visíveis na política, mas nos recusamos a enxergá-los, como se a nossa insignificância nos permitisse viver no melhor dos mundos possíveis. Só se cresce quando as ilusões são perdidas.

A Quarta-feira Santa: A traição de Judas e o chamado à fidelidade


A Quarta-feira Santa, celebrada na Semana Maior da fé cristã, marca um momento profundamente dramático e decisivo: a traição de Judas Iscariotes. Nesta data, a liturgia e a meditação cristã se voltam ao momento em que Judas resolve entregar Jesus por trinta moedas de prata, iniciando o caminho que leva à Paixão. É um dia que nos convida à reflexão interior: o que habita o nosso coração? Somos fiéis ou traidores da missão que Deus nos confia?

Cada um tem sua missão neste mundo: uns são jornalistas, outros políticos, outros ainda difundem a Palavra de Deus. Em meio a tantos chamados, também existem os ímpios e os pobres de espírito e de dignidade. Judas nos lembra que não basta ter um chamado: é preciso ser fiel a ele.

Judas e a liberdade mal utilizada

Judas foi chamado, escolhido por Jesus, conviveu com o Mestre, ouviu seus ensinamentos, testemunhou milagres e partilhou da intimidade do grupo dos Doze. Ainda assim, seu coração se desviou. A Quarta-feira Santa nos lembra que a traição não nasce de fora, mas de dentro: é fruto de uma liberdade mal direcionada, de um amor que se esfria, de uma alma que cede ao orgulho e à ganância.

O gesto de Judas nos interpela: quantas vezes também nós trocamos Jesus por “trinta moedas”? Quantas vezes preferimos os valores do mundo ao Reino de Deus? Sua traição não deve ser olhada apenas com condenação, mas com humildade e arrependimento, pois somos todos vulneráveis à infidelidade.

O Cristo entre dois ladrões

No Calvário, a cena final é profundamente simbólica. Jesus é crucificado entre dois ladrões (Mt 27,38), cumprindo a profecia de Isaías: “Ele foi contado entre os criminosos” (Is 53,12; Lc 22,37). Seus inimigos pensavam em humilhá-lo ao máximo, mas, ao contrário, a cruz se tornou o trono do Salvador. Entre dois pecadores, um se perde e o outro se salva, revelando o mistério da liberdade humana diante da misericórdia divina.

Um dos ladrões zombou de Jesus, mas o outro, conhecido como o “bom ladrão”, fez uma das orações mais tocantes do Evangelho: "Lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino" (Lc 23,42). Essa súplica humilde, feita em meio à dor e à condenação, revela que nunca é tarde para se voltar a Deus.

Fidelidade e profundidade espiritual

A Quarta-feira Santa nos convida a uma tomada de posição: ou seguimos Jesus com fidelidade, mesmo diante da cruz, ou o traímos com nossas pequenas e grandes omissões. Para viver este dia com profundidade espiritual, somos chamados à oração sincera, à confissão das nossas faltas, à meditação da Paixão do Senhor e ao silêncio contemplativo.

Jesus foi condenado injustamente, embora fosse inocente. Nós, pecadores, muitas vezes somos culpados — e ainda assim Ele se oferece por nós. Sua cruz é nossa salvação, sua entrega é nosso resgate. Diante disso, o mínimo que podemos oferecer é uma vida que responda com fidelidade e amor à imensidão do seu sacrifício.

Conclusão

A Quarta-feira Santa é um convite ao exame de consciência. Que tipo de discípulo sou eu? Tenho traído Jesus com minha vida? Ou sou aquele que, mesmo entre quedas, busca ser fiel? Que este dia nos encontre com o coração aberto, desejosos de seguir o Senhor até o fim, certos de que Ele nos olha com misericórdia — até mesmo quando estamos na cruz com Ele.



A vergonha de ser honesto": uma reflexão urgente para o Brasil de hoje

 Por`redação

A vergonha de ser honesto": uma reflexão urgente para o Brasil de hoje

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."
— Ruy Barbosa

Estamos em 2025, e por ironia do destino — ou talvez por um chamado da consciência — somos levados a recordar o passamento de Ruy Barbosa, ocorrido em 1º de março de 1923. Há mais de um século, esse gigante da inteligência brasileira — jurista, parlamentar, diplomata, e sobretudo um incansável defensor da ética e da justiça — já apontava com precisão os males que continuam vivos em nosso país e em nossa Jeremoabo.

Ruy foi um homem à frente do seu tempo. Na Conferência da Paz em Haia, em 1907, representou o Brasil com uma eloquência que ecoou entre as nações, defendendo a igualdade e a dignidade dos povos. Já em 1889, ao publicar um artigo severo contra a monarquia, mexeu com as estruturas do poder. Tão poderoso foi o texto que Benjamin Constant afirmou: “Foi o artigo de Ruy Barbosa que derrubou o Império.”

Mais de 100 anos depois, as palavras de Ruy seguem proféticas. Vivemos ainda em um Brasil e em Jeremoabo onde nulidades continuam a ocupar cargos de destaque, onde a desonra é premiada, onde a justiça é seletiva, e onde a honestidade é vista como ingenuidade.

E não é só em Brasília ou nos grandes centros. A injustiça também se manifesta em lugares como Jeremoabo. Sim, mesmo nos rincões do nosso interior, onde o povo clama por dignidade, continuam a se repetir os mesmos vícios: perseguições políticas, impunidade, desvio de recursos públicos, assistencialismo que mascara a ausência de políticas reais, e o enfraquecimento das instituições que deveriam proteger o cidadão.

Quantos homens e mulheres de bem, em Jeremoabo e em tantos outros municípios, desanimam da virtude ao verem os maus sendo exaltados, os corruptos sendo protegidos, e os justos sendo silenciados ou ignorados?

O que era um alerta no tempo de Ruy Barbosa, hoje se impõe como denúncia. Mas também como convite à resistência. Ainda é possível — e necessário — reacender a coragem de ser honesto. Honrar quem trabalha com seriedade. Valorizar a ética na vida pública, nos governos, nas câmaras municipais, nas escolas, nas igrejas e nas famílias.

Neste 2025, ao lembrar o centenário da morte de Ruy Barbosa, que não seja apenas uma lembrança protocolar. Que seja um compromisso vivo com o seu legado. Que sua voz continue ecoando, inclusive em Jeremoabo, para inspirar aqueles que ainda acreditam que vale a pena lutar por um país — e uma cidade — onde a virtude, a honra e a justiça voltem a ser motivo de orgulho.




terça-feira, abril 15, 2025

Nova 1ª vice-presidente da Assembleia Legislativa, Fátima Nunes lembra de origem humilde como mulher do campo

 Foto: Política Livre

A nova 1ª vice-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputada Fátima Nunes15 de abril de 2025 | 18:10

Nova 1ª vice-presidente da Assembleia Legislativa, Fátima Nunes lembra de origem humilde como mulher do campo

exclusivas

Em outubro de 2023, a deputada estadual Fátima Nunes (PT) causou polêmica ao subir à tribuna da Assembleia Legislativa e fazer um discurso na qual se autointitulou uma mulher “preta” e “pobre”, mesmo tendo se autodeclarada branca nas eleições de 2022 e recebendo um salário de mais de R$ 34 mil como parlamentar de sexto mandato. Hoje (15), depois de ser eleita 1ª vice-presidente da Casa, ela destacou novamente da origem humilde em conversa com os jornalistas.

“Nascer no sertão de Paripiranga, ser filha de um trabalhador muito simples, plantador de batata e criador de pequenos animais… não era permitido naquele tempo pessoas assim participarem da política. E estou no sexto mandato parlamentar com a força do nosso povo, das associações, dos movimentos sociais, dos prefeitos que ajudamos a eleger no decorrer do caminho. É um brilho ser a 1ª vice-presidenta desta Casa”, declarou a petista.

Fátima Nunes afirmou que o “orgulho é ainda maior por ser vice da deputada Ivana Bastos (PSD), atual presidente da Assembleia. A Casa terá, pela primeira vez na história, duas mulheres ocupando os principais cargos de poder. “Juntas, vamos fazer o Parlamento baiano funcionar bem. Agradeço de coração a cada deputado e deputada que foram solidários e nos apoiaram para que isso fosse possível”.

Questionada pelo Política Livre se dialogou, antes da eleição, com o deputado Júnior Muniz (PT), que também colocava o nome na disputa pelo mesmo cargo na Mesa Diretora, mas não participou da disputa ao optar por uma viagem à China, Fátima Nunes deu uma resposta curta. “Conversamos bastante com Muniz e ele disse que estava tudo tranquilo, que iríamos vencer”.

A nova 1ª vice-presidente da Assembleia disse, ainda, que o deputado estadual Marcelino Galo assume, a partir desta quarta-feira (16), a liderança da bancada do PT na Casa, função que era exercida pela parlamentar.

Política Livre

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