A política costuma dar lições duras — e uma das mais severas é a lembrança de que nenhum poder é eterno, nenhuma influência é blindagem definitiva e que a impunidade, por mais confortável que pareça, não dura para sempre. Em Jeremoabo, esse capítulo começou a ser escrito no passado e agora ganha novos contornos: a Justiça finalmente cobra as respostas que o ex-prefeito Deri do Paloma acreditou que jamais precisaria dar.
Nesta quarta-feira (11), na Vara Federal da Subseção Judiciária de Paulo Afonso, aconteceu mais uma audiência do processo xxxxxxxx-xx.2023.4.01.3306, que apura supostos atos de improbidade administrativa envolvendo o ex-gestor e outros réus, em ação movida pelo Ministério Público Federal. Entre os pontos centrais, está a polêmica denúncia sobre o ticket combustível, levantada à época pelos vereadores de oposição de Jeremoabo — uma denúncia que muitos tentaram abafar, desqualificar ou transformar em perseguição política. Mas aí está ela, firme, robusta e avançando no Judiciário.
A ilusão da proteção
Durante sua gestão, Deri do Paloma confiou cegamente no que julgava ser uma rede de proteção política e jurídica. Acreditou em aliados poderosos, em discursos de blindagem, em favores recíprocos e na velha sensação de intocabilidade que costuma acompanhar muitos gestores acostumados ao uso indiscriminado da máquina pública.
Hoje, no entanto, a realidade é outra: os protetores desapareceram, os escudos sumiram, e o que resta é o peso da lei — uma lei que nunca esquece, apenas espera o tempo certo.
A audiência de hoje ouviu testemunhas arroladas pelo MPF, enquanto outras serão apresentadas pelas defesas dentro do prazo concedido pelo juiz federal João Paulo Pirôpo de Abreu. O processo segue seu curso natural, e a verdade, inevitavelmente, começa a emergir.
Quando o poder passa, sobra a responsabilidade
A diferença entre ser prefeito e ser ex-prefeito é abissal. Quando a caneta perde a tinta, quando a estrutura some, quando o servilismo acaba, quando a máquina deixa de funcionar ao redor do gestor… aquilo que foi feito, ou mal-feito, volta como uma sombra inevitável.
É exatamente isso que vemos agora: a conta da improbidade chegando.
Não adianta mais tentar desqualificar vereadores que cumpriram o papel de fiscalizar. Não adianta tentar imputar perseguição política. Não adianta argumentar inocência acompanhada de soberba. O momento agora é de prestar contas — à sociedade e à Justiça.
A Justiça funciona — mais cedo ou mais tarde
E diz, principalmente, que quem governou acreditando em proteção eterna agora precisa enfrentar a realidade sem a sombra do poder que tanto o favoreceu.
Jeremoabo merece essa verdade
A população, que tantas vezes se sentiu enganada, merece acompanhar cada etapa desse processo com clareza. Afinal, recursos públicos não são brincadeira, e combustível pago com dinheiro do povo não pode virar moeda de troca, benefício pessoal ou instrumento de manipulação política.
