
Alcolumbre se sentiu traído do Lula e está dando o troco
Roberto Nascimento
As crises institucionais entre os Poderes da República são recorrentes e sistêmicas. Desta vez, porém, a situação se mostra realmente grave, por vários fatores simultâneos. Um deles é a indicação do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal.
Os senadores devem avaliar o notável saber jurídico e a ilibada reputação, quesitos nos quais Messias é pouco reconhecido e ele chegou ao ponto de “engordar” o currículo na Wikipédia, dizendo ter sido procurador do BNDES, mas o banco é egido pela CLT, tem advogados admitidos por concurso, mas não há vagas de procurador.
ALCOLUMBRE IRADO – No meio do furacão, o senador Davi Alcolumbre, presidente do Congresso, mostra estar muito contrariado com o presidente Lula, que tinha aceitado a indicação do nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas recuou e escolheu Messias, sem comunicar a Alcolumbre, que já tinha até comemorado a escolha de Pacheco com um grupo de senadores.
Agora, o presidente do Congresso trabalha abertamente para recusar a indicação de José Messias e já transferiu a sabatina dele para janeiro. Foi uma inabilidade de Lula, que não pode combinar uma coisa com o presidente do
A liquidação do Banco Master, com prisão de vários envolvidos, também irritou Alcolumbre de uma maneira sobrenatural. Ninguém conhece as razões. Os investigados foram soltos, apesar da abundância de provas. Todos são ricos e podem fugir com facilidade para o exterior.
MUITAS TROVOADAS – O clima está mesmo quente e sujeito a chuvas e trovoadas entre os Três Poderes. O ministro Gilmar Mendes extrapolou na decisão cautelar e monocrática de mudança da Lei do Impeachment, de 1950, que serviu para os Impeachments de Collor e de Dilma. Diante da possibilidade de a oposição fazer maioria na composição do Senado na próxima eleição, podendo aprovar impeachments de ministros do STF, Gilmar decidiu aprovar uma blindagem que evite problemas futuros.
A decisão significa uma blindagem dos ministros do STF, porque atribui ao procurador-geral da República, a decisão de processar e cassar integrantes do tribunal. A fundamentação não se sustenta no arcabouço constitucional e trucida a lógica, pois dá um Poder total ao procurador Paulo Gonet, amigo e ex-sócio de Gilmar Mendes na Faculdade IPD,
Ocorre que o mandato de Gonet foi sacramentado pelo Senado em novembro deste ano, para um segundo período de dois anos na PGR. Como não há certeza de que Gonet será reconduzido em 2027, seu sucessor na Procuradoria poderá pautar o impeachment de ministros. Ou seja, Gilmar Mendes pode estar apenas adiando o processo.
ADIVINHAÇÃO – Conforme se constata, Gilmar Mendes se antecipa e blinda um provável processo contra ministro do STF, julgando que a oposição conseguirá maioria no Senado nas eleições de outubro de 2026. Mas o que o ministro Gilmar Mendes realmente sabe do resultado das futuras eleições, que nós, simples mortais, não sabemos?
Parece brincadeira. Os candidatos ainda não foram escolhidos e as campanhas eleitorais nem começaram, mas o mundo político e judicial já sabe quem vai ganhar e quem vai perder as eleições de 2026. Isso é “Incrível, fantástico e extraordinário”, nos moldes do programa do pesquisador e cantor Henrique Fróes, mais conhecido como “Almirante”, grande sucesso de audiência na Rádio Nacional.