Angelo Cavalcante
O que acaba de acontecer com o deputado federal Glauber Braga (PSOL/RJ) é um estupor, um espanto, um escândalo.
Aliás, o transcorrido na mesa diretiva da Câmara dos Deputados, na tarde de hoje, já está no píncaro, no alto dos maiores absurdos e que essa trágica legislatura, já plena e absolutamente arruinada, realizou nos últimos três anos.
E reparem... Toda essa barafunda de vilezas e constrangimentos plenos e coletivos, sob o bastião, o aval e a promiscuidade política de Hugo Motta, o indecoroso e infame presidente da Câmara dos Deputados.
Vejam só... Braga presidia a sessão !
Não invadiu a mesa presidencial, não se apossou dos microfones, não articulou hordas e bandos para a toma de assalto da parafernália diretiva, não rompeu códigos, tratados ou regulamentos. Nada disso... Conduzia os trabalhos no rito, no decoro e na liturgia que a função exige, obriga e determina.
Foi de repente, não mais que, de repente, que uma guarnição de policiais da Casa se achega em Glauber e, sem diálogo, explicação ou algum respeito, partiu irada a fim da retirada do parlamentar da condução momentânea.
Nesse quadro, Braga fez o que qualquer cidadão ou cidadã com alguma dignidade e altivez faria: RESISTIU !
Bom...
Não foi um erro, um equívoco, um lapso! Nada disso...
Foi uma deliberação, uma tomada consciente de decisões; fora um cálculo, uma equação esquadrinhada, realizada e que buscou constranger, humilhar e submeter Glauber Braga.
"Erro" o quê?
"Erro" é a polícia matando preto na Penha ou no Alemão; são balas de fuzis explodindo "acidentalmente" o crânio de bebês; "erro" são safanões e esculachos diários nos moradores de comunidades e que, "tremendo nas bases", aguardam o ônibus, o Uber ou a carona; "erro" é a polícia arrastar por debaixo de seus camburões, ao largo de mais de quinhentos metros, uma doméstica e óbvio, completamente desfigurada.
"Erro" é dividir a vida social a partir de uma lástima societária de validade nenhuma e de desgraçado nome "cidadão de bem "; aliás, das piores excrescências e que o fascismo brasileiro já produziu.
O que acaba de ser feito com Glauber Braga tem nome... É a subpolítica acontecendo com toda a sua acidez, seu ódio e bile.
A quem interessa constranger Glauber Braga?
Estou inconformado! A cena de sua companheira, a também deputada federal, Samia Bonfim (PSOL/SP), protegendo, resguardando seu corpo, seu lado e, sem receios, encarando os policiais legislativos, é a dignidade do sono de hoje.
Ahhhhh... Já ia esquecendo... No lamaçal fétido e que já virou a política do Rio de Janeiro, Glauber Braga é o nome de maior lembrança, de maior potencial e capacidade de crescimento ao governo do Rio de Janeiro e isso... Isso não é algo menor!
De certo, isso deve preocupar a extrema direita fluminense.
Bom... Há uma guerra em curso! Tomar boa posição nesse conflito é o diferencial entre a vitória e a derrota.
Todo apoio para GLAUBER BRAGA !
Angelo Cavalcante - Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.