Por José Montalvão
O senador Otto Alencar (PSD-BA) protagonizou, durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, um dos discursos mais firmes e contundentes dos últimos tempos. Em um momento em que setores radicais tentam reescrever a história e relativizar episódios sombrios do país, sua fala foi um verdadeiro resgate da memória nacional e um alerta sobre os perigos que rondam a democracia brasileira.
Ao abordar o golpe militar de 1964, Otto não falou apenas como senador: falou como cidadão, como médico, como estudioso da história e como alguém que reconhece a gravidade daquele período. Seu desabafo ecoou como um contraponto necessário às tentativas de transformar as violências, torturas, mortes e perseguições da ditadura em narrativa heróica ou ato institucional "necessário".
Otto lembrou — com firmeza e serenidade — que 1964 não foi um movimento democrático, mas um golpe que derrubou um governo eleito, calou vozes, destruiu carreiras, encarcerou inocentes e implantou, por duas décadas, um regime autoritário sustentado pela força das armas e pelo silêncio imposto. Ao recuperar esses fatos, o senador prestou um serviço à verdade e à memória histórica.
Seu discurso ganhou ainda mais relevância no contexto político atual, em que grupos extremistas tentam promover anistias amplas para atos antidemocráticos e pressionam as instituições com propostas que afrontam a Constituição. É nesse cenário que a postura de Otto Alencar se destaca: firme contra qualquer flexibilização que possa abrir brechas para o retorno de aventuras autoritárias.
Mais do que lembrar o passado, o senador reforçou que o Brasil não pode permitir que a história se repita. Hoje, quando se discutem projetos como o da anistia para quem atentou contra a democracia em 8 de janeiro de 2023, a fala de Otto representa a voz de uma parcela do país que quer estabilidade, responsabilidade e respeito às regras democráticas — não rupturas, ameaças ou flertes com o autoritarismo.
Otto Alencar, ao se posicionar contra articulações que tentam contornar a CCJ e atropelar o devido processo legislativo, mostrou independência, coragem e compromisso com o Brasil. Sua defesa da democracia e seu repúdio ao golpe de 1964 reforçam a importância de líderes públicos que não têm medo de dizer o óbvio: ditadura nunca mais.
Em tempos de ruídos extremistas, discursos inflamados e tentativas de manipulação histórica, a palavra de Otto veio como um sopro de lucidez no Senado Federal. Que sua fala sirva de reflexão e alerta — porque a democracia, como ele bem sinalizou, precisa ser defendida todos os dias, principalmente quando parece mais vulnerável.