Publicado em 2 de junho de 2022 por Tribuna da Internet
Ana Rosa Alves
O Globo
O governo dos Estados Unidos informou nesta quarta-feira que a reunião entre os presidentes Joe Biden e Jair Bolsonaro às margens da Cúpula das Américas, que acontecerá entre os dias 6 e 10 de junho em Los Angeles, abordará uma série de assuntos de interesses bilaterais e internacionais. O encontro da semana que vem será o primeiro entre os dois líderes desde que o democrata chegou à Casa Branca, em janeiro do ano passado.
Em um bate-papo com repórteres nesta quarta, o diretor do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, Juan González, foi indagado se Biden pretende abordar o processo eleitoral brasileiro em suas conversas com Bolsonaro. Ele expressou confiança nas instituições brasileiras, mas não disse diretamente se o tópico será levantado pelo líder americano.
ASSUNTOS LISTADOS – “Cabe aos brasileiros decidirem as eleições brasileiras, e os EUA têm confiança nas instituições brasileiras, que se provaram robustas” — afirmou González. “Mas a conversa entre o presidente Biden e o presidente Bolsonaro tratará de uma série de assuntos que são bilaterais e, francamente, de natureza global, dada a importância da relação entre os EUA e o Brasil”.
Entre os assuntos, o americano listou, sem dar maiores detalhes, o combate à insegurança alimentar, a resposta econômica à pandemia e segurança sanitária — áreas em que o Brasil “tem um papel incrivelmente importante” e centrais para a cúpula da semana que vem. González destacou ainda o combate ao aquecimento global, assunto negligenciado pela política ambiental de Bolsonaro, mas que Biden lista como prioritário.
— Há uma lista muito longa de assuntos que estarão sobre a mesa de discussões — disse González.
HÁ PROBLEMAS – Bidenvem tendo problemas para confirmar a lista de participantes do fórum, o primeiro desde 2018. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, promete não viajar ao país vizinho caso todas as nações do continente não sejam convidadas. Os líderes de Argentina, México, Bolívia e Honduras se juntaram ao coro, tal qual a comunidade caribenha.
González e Brian Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, afirmaram que a lista final ainda está em consideração. Disseram também ter confiança no bom quórum do evento.
Os americanos consideram que os líderes da Nicarágua e da Venezuela, Daniel Ortega e Nicolás Maduro, foram eleitos em pleitos fraudulentos. Já com Cuba, as relações vêm piorando desde que Washington classificou como “onda de opressão” a reação do governo de Havana aos inéditos protestos de julho de 2021 na ilha.
PRINCIPAIS TEMAS – Os Estados Unidos aproveitarão a cúpula da semana que vem, disseram Nichols e González, para engajar os países da região em compromissos políticos ao redor de cinco áreas-chave: governança democrática, saúde e resiliência, transição energética, o futuro verde e transformações digitais.
Um dos eixos centrais será a adoção de um pacto migratório com “divisão de responsabilidades” por toda a região, em uma tentativa de combater a imigração irregular que causa vários problemas domésticos para Biden.
Será anunciado também um pacto entre os Estados Unidos e os países caribenhos para responder aos desafios impostos pelo aquecimento global, disseram, além de mecanismos para acelerar a implementação de termos acordados durante a COP 26, que ocorreu em Glasgow no ano passado — entre eles, o combate ao desmatamento, que bate recordes no governo Bolsonaro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Vai ser engraçado ver Bolsonaro tentando convencer Biden de que não há desmatamento no Brasil, o aquecimento global não existe e a Terra não é redonda… (C.N.)