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quinta-feira, junho 02, 2022

O inferno é pouco para punir Bolsonaro




Por José Nêumanne* (foto)

Pobres brasileiros são asfixiados em sistema aplicado por Hitler por guardas rodoviários beneficiados pelo desgoverno, afogados em casa e desprezados pelos favoritos à polarização nas urnas

A eleição no fim deste ano porá o cidadão brasileiro na terrível opção entre a angústia e o pânico, de acordo com basilar definição de Antônio Lavareda e Joaquim Falcão em entrevistas publicadas no canal José Nêumanne Pinto no YouTube. Os ilustres especialistas podem acrescentar a suas afirmações dois exemplos claros do conflito entre o rentismo financista do atual desgoverno da direita extremada e o pobrismo de migalhas do decênio de decadência sob a esquerda iletrada, conforme a definiu o professor Roberto Mangabeira Unger no mesmo espaço virtual.

O primeiro case, para usar a “categoria farialímica” dos financiadores das desventuras dos trabalhadores famintos sob a tirania dos capitalistas selvagens, relata a pena de morte cruel executada, segundo o Fantástico da Globo, pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Kléber do Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima do Nascimento e William de Barros Noia. Sua vítima foi Genivaldo de Jesus Santos, afrodescendente, 38 anos, com deficiências mentais e sem antecedentes na polícia, numa rodovia federal por eles patrulhada, em Umbaúba, Sergipe. Os assassinos improvisaram no porta-malas da viatura uma câmara de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, similar ao sistema usado por nazistas em campos de concentração. O pobre trafegava de moto sem capacete na estrada, foi levado à delegacia e ao hospital, onde morreu de “asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda”, segundo laudo oficial do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe.

No local do “incidente”, a PRF tratou o sobrinho do morto, Wallison de Jesus Santos, e outros parentes como lixo tóxico. E, depois, ainda teve o desplante de registrar em nota oficial: “Na data de hoje, 25 de maio de 2022, durante ação policial na BR-101, em Umbaúba-SE, um homem de 38 anos resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe PRF. Em razão da sua agressividade, foram empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba”. Três dias depois, tropeçando em vídeos do crime, a comunicação de um dos núcleos mais bolsonaristas das forças estatais de segurança falou em “indignação”, ao comentar o caso. Mentira e hipocrisia, habituais nessa grei.

Nada, contudo, se compara com a reação do chefe das tropas de assalto do bolsonarismo oficioso. Informado do incidente, Sua Insolência usando suas notórias deficiências em empatia e vernáculo, disse que seus agentes da ordem fascistoide “abateram um marginal”. Sem informações confiáveis sobre o caso, Jair Bolsonaro recorreu a verbo usado para definir o tiro de misericórdia usado em cavalos com perna quebrada. E tornou a vítima ilibada agente da covarde execução de uma pena de morte, ilícita no Brasil até para punição de perigosos bandidos de verdade.

O capitão-terrorista fez essa declaração absurda num “bate-volta” a Recife no fim de semana, onde e quando sobrevoou bairros atingidos por deslizamentos provocados por mortíferas inundações. Aproveitou a ocasião para transferir para governadores e prefeitos toda a própria culpa na falta de planejamento para enfrentar dramas como aquele, que provocou mais de uma centena de óbitos na região metropolitana da capital pernambucana. “Faltou iniciativa”, pontificou, referindo-se ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e ao prefeito de Recife, João Campos, ambos do Partido Socialista Brasileiro, engajado na campanha de reeleição de seu provável adversário em eventual segundo turno, Lula da Silva.

Ora, bolas, a responsabilidade pelos deslizamentos não é das vítimas, mas de péssimos gestores, que desgraçam há mais de um século, a República, Estados e municípios no Brasil. Inclusive aqueles que sob o comando de Lula e sua assecla, Dilma Rousseff, afundaram os pobres habitantes das periferias das metrópoles numa vala aberta de miséria, fome, inflação, desemprego, angústia e pânico. Se Bolsonaro é o cínico dos cínicos, o ex-dirigente sindical de uma nau que continua e continuará naufragando, caso se confirme o triunfo da polarização entre o rentismo e o pobrismo, é seu mais óbvio competidor. Seja no país como um todo, seja no Estado natal do petista, onde dispõe de folgada maioria. E, ainda assim, não se dignou ir até lá e exerceu o mutismo auto-piedoso, ao limitar seus comentários a uma solidariedade fajuta e inútil. E a um pedido para ser convocado a atuar pelas vítimas, sem explicar através de quem elas poderiam comunicar-se com essa sua nova encarnação de Pôncio Pilatos, que estende a bacia e diz: “lavo minhas mãos da falta de sorte de afogados e desabrigados”.

Habituado a mentir e a se regozijar da desgraça alheia, em particular de eleitores de inimigos, o capetão sem noção montou numa motocicleta e comandou uma motociata de inspiração mussoliniana, com a cabeça descoberta e um bajulador também sem capacte na garupa, o notório major Vitor Hugo. Assumiu postura “isonômica” à de Genivaldo, mas obviamente delituosa, pois fez campanha eleitoral fora de época, E gargalhou a dragonas despregadas da desgraça do asfixiado e dos inundados para celebrar uma improvável vitória futura. Ou seu iminente golpe. Com as mais obscenas manifestações de gáudio, ao comparecer ao sepultamento do que chama de “pátria amada” sob sua gestão de demolição absoluta e sem piedade alguma. Para um falso cristão, que, mesmo se chamando Messias, adula vendilhões do templo como se fossem monopolistas da fé e da virtude, rindo da morte de um Jesus pobre, como o de Nazaré, o inferno como pena é pouco. Muito pouco, convenhamos.

*Jornalista, poeta e escritor

Blog do José Neumanne

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