Publicado em 22 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet
Vicente Limongi Netto
A jornalista Eliane Cantanhêde (Estadão, dia 20/02) quer saber quem o esperto e volúvel Gilberto Kassab namora, atualmente, no jogo da sucessão presidencial. Se é Lula, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite ou Bolsonaro? Kassab, antes de sair de casa, joga búzios e cartas, para ver o nome que mais se coadune com seus interesses eleitoreiros.
Para o criado e dono do PSD, os planos estão dando certo. Kassab sabe que em política vale tudo, menos perder. Flutua com desembaraço em todos os partidos. Tem amizade e é respeitado por todos os candidatos.
Neste momento, o nome do coração dele é o de Eduardo Leite. Está convencido que o jovem governador gaúcho tem qualidades e chances de tirar do marasmo e do impaludismo político a ofegante terceira via. Como não gosta de pegar chuva na política, nem bola nas costas, Kassab sempre tem por perto um imenso e seguro guarda-chuva. Aceitará de bom grado a vice-presidência da República na chapa de quem tenha mesmo chance de vitória e jamais aposta em pangaré.
VOLTA DA CENSURA – Lamentável, vergonhoso, ultrajante e inacreditável. É o fim da picada que o Correio Braziliense tenha censurado meus comentários-cartas sobre Arnaldo Jabor. Tudo indica que o Correio providenciará um busto, na entrada do prédio, para incensar o crápula Jabor.
O centenário jornal, que guarda em suas páginas, matérias minhas, assinadas, do exterior, ao tempo do saudoso Ronaldo Junqueira, jogou no lixo meu direito ao contraditório, uma regra básica, saudável e democrática, que dignifica e valoriza o bom jornalismo.
Jamais esperava, com 77 anos de idade, 50 deles como jornalista, voltar a ser censurado. O mais grave, censura prévia. Como na época que escrevia para a saudosa Tribuna da Imprensa, do bravo e inigualável, Hélio Fernandes, entre 1968 e 1978, quando censores oficiais tomavam conta da redação.
DUAS NOTAS – Que ninguém se atreva, dentro do governo Bolsonaro, a tentar atrapalhar a escalada de subserviência do procurador-geral da República, Augusto Aras. Colocou as unhas de fora e gostou de lambuzar-se em puxa-saquismo. Age como esmerado capacho de Bolsonaro. Jogou suas fichas na reeleição do atual presidente.
Assim, espera ser premiado com a indicação para o Supremo Tribunal Federal. Senadores têm parcela de culpa, pois aprovaram Aras na sabatina pela recondução na PGR, já sabendo quem na verdade era ele, quando Aras portou-se como samaritano, tentando enganar a todos. Inês agora é morta.
Por fim, as lágrimas do veterano repórter Flávio Fachel, da TV Globo do Rio, cobrindo a tragédia de Petrópolis, foram emocionantes, exibindo aflitos clamores das boas almas e dos corações indignados com tanta violência, tragédias e descasos com o ser humano. O choro de Fachel é repúdio coletivo aos governantes incapazes, insensíveis, demagogos e despreparados.