Publicado em 4 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Comandantes das Forças Armadas veem com preocupação a guerra declarada entre os generais e ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, da Defesa. Eles têm se digladiado nos bastidores pela vaga de vice do presidente Jair Bolsonaro na chapa de disputa à reeleição.
Para o Alto Comando das Forças, mesmo que Augusto Heleno e Braga Netto sejam descartados por Bolsonaro, que pode optar por um político na composição da chapa por mais quatro anos no Palácio do Planalto, a fissura entre os generais estará consolidada. Demonstra falta de união entre os fardados e excesso de ego de ambos.
SEM ESPAÇO – Na avaliação de militares de alta patente, não há mais espaço para um militar se juntar a Bolsonaro numa chapa presidencial. Eles acrescentam que, em 2018, a escolha do general Hamilton Mourão como vice do presidente foi um processo natural. Agora, é um erro associar o militarismo à política, sobretudo diante do fracasso do governo de Bolsonaro.
No que depender do Alto Comando das Forças Armadas, todo movimento será no sentido de defender, junto a interlocutores do presidente e ao Centrão, que a chapa na disputa pela reeleição seja formada com um político.
SEM JUSTIFICATIVA – O argumento dos oficiais superiores é de que são os políticos que têm votos e, certamente, vão agregar mais apoio à campanha do presidente Jair Bolsonaro, que anda dos oficiais superiores mal nas pesquisas.
“Não precisa ser nenhum especialista em política para ver que nem o general Heleno nem o general Braga têm votos. No momento atual, creio que mais atrapalham Bolsonaro do que ajudam, além de estimularem a politização das Forças Armadas, pois abrem brecha para o presidente insistir em levar a política para dentro dos quarteis”, diz um fardado.