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terça-feira, outubro 05, 2021

TCU suspende nova compra imoral da Saúde, com sobrepreço de “apenas” R$ 160 milhões

Urnas são confiáveis', diz Dantas em voto com recados a Bolsonaro no TCU |  VEJA

Bruno Dantas, do TCU, mandou sustar mais uma negociata

Luana Patriolino
Correio Braziliense

O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu uma compra de imunoglobulina feita em agosto pelo Ministério da Saúde. As empresas vencedoras ofereceram o medicamento por R$ 160 milhões a mais que o concorrente — desclassificado na licitação. O ministro Bruno Dantas, do TCU, despachou a decisão cautelar (temporária) na segunda-feira (4/10).

Ao Correio, o tribunal afirmou que o processo ainda não foi apreciado pela Corte e deve ser pautado na sessão plenária desta quarta-feira (6/10).

DESCULPA ESFARRAPADA – A Virchow Biotech entrou com a ação e questionou o fato de ter sido desclassificada sob o argumento de que não teria uma pré-qualificação na Organização Mundial de Saúde (OMS) para fornecer o medicamento.

O ministro Bruno Dantas considerou que essa exigência foi flexibilizada depois pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e argumentou que apenas esse fator não justificaria a compra do produto por um preço 36% mais caro. O valor total da compra autorizada pelo governo, das Nanjing Pharmacare Company Limited e SK Plasma CO Ltd, ficaria em quase R$ 600 milhões.

DESABASTECIMENTO – Ao TCU, o Ministério da Saúde afirmou que não cancelou a compra mesmo após o critério ser flexibilizado pela Anvisa porque haveria perigo de desabastecimento.

“Segundo o Ministério, em 2/9/2021 haveria apenas 66 frascos do fármaco em estoque em seu almoxarifado (…). Com base nisso, a unidade instrutora conclui pela presença do perigo da demora reverso, na medida em que a cautelar (suspendendo a compra) agravaria o risco de desabastecimento do medicamento em questão”, diz a decisão.

As empresas que importam imunoglobulina foram beneficiadas por uma portaria assinada pelo então ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, em 2017. Ele revogou a determinação de que a Hemobrás, empresa pública, fornecesse imunoglobulina ao Ministério da Saúde.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Este caso fede a quilômetros de distância, como acontece com todos os rolos do líder Ricardo Barros. Primeiro, cria-se a dificuldade, ao impedir que a empresa pública Hemobrás continuasse a fornecer imunoglobina. Depois, inventa-se a emergência, ao deixar os estoques caírem quase a zero. Assim, fica formado um quadro para justificar esse sobrepreço escandaloso. Não há CPI que dê jeito, e ninguém irá para cadeia, não vai acontecer nada, mas nada mesmo, no Brasil, país da impunidade. (C.N.)


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