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domingo, outubro 31, 2021

Mensagem ao músico Luiz Felipe Salinas: “Jamais desanime. Essa época maldita passa. A sua música, não!”

Publicado em 31 de outubro de 2021 por Tribuna da Internet

Músico atacado com ovos enquanto tocava no litoral de SP ganha bolsa de  estudos | Música & Mercado

Tocar na rua é sublime, quem é músico conhece essa realidade

Jorge Béja

Na edição de hoje, domingo, 31, está publicada na Tribuna da Internet, com foto ilustrativa, a selvageria que cometeram com o violoncelista Luiz Felipe Salinas. Morador de Santos, o músico se exibe em público com o seu enorme e pesado instrumento. Toca de graça para o povo. E o povo, quando pode, deixa uma gratificação. E assim ele vai se sustentando na vida. É o seu ganha-pão.

Mas na última apresentação alguém atirou contra o violoncelo um ovo. Aliás, o ovo não foi atirado contra o instrumento, mas contra o músico. Atingiu o violoncelo. Mas Luiz Felipe não parou de tocar.

VIOLÊNCIA GRATUITA – Parece que o que aconteceu com este jovem violoncelista é sinal de uma época que acomete o nosso Brasil inteiro. Época de violência gratuita contra a arte, contra a música, a cultura, o belo… Também contra o Humanismo, o iluminismo, a pacificação, os talentos, o saber.

No dia 20 de novembro de 1996, para homenagear os 29 moradores do Rio que perderam a vida, esmagados com a queda do Elevado Paulo de Frontin, no Rio Comprido, em 20 de novembro de 1971, eu também levei meu enorme piano de cauda inteira para debaixo do novo viaduto e, pontualmente, às 11h10m (hora em que o viaduto desabou)  toquei a Marcha Fúnebre de Chopin. 

Todas as emissoras de TV e jornais estavam presentes. Muita gente parou para ver e ouvir e aplaudir ao final da execução. Ninguém atirou pedra nem ovos. Era umaoutra época, de paz, de harmonia, de bons exemplos vindos de cima.

A ROSA DA MENDIGA – O buquê de 29 rosas que minha esposa e eu depois deixamos debaixo do viaduto lá ficou. Até que uma mendiga veio a mim, em plena rua e perguntou se podia levar as flores para ela. Eu disse que não. Que as rosas eram para os mortos. “Para os mortos?”, ela perguntou.

“Sim, para os mortos, 25 anos atrás 29 pessoas morreram esmagadas aqui. Todo esse viaduto caiu”, expliquei à mendiga, que imediatamente retrucou: “Então vou apanhar só uma para mim, porque também estou morta”. E foi lá, pegou uma rosa e levou com ela.

Caríssimo Luiz Felipe Salinas, não pare nunca de tocar. Essa época maldita passa. A sua música, não.  Ela e seu violoncelo são eternos.


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