Publicado em 9 de outubro de 2021 por Tribuna da Internet
Guilherme Caetano
O Globo
Após se afastar do PT em 2014, o PSB trabalha para se fortalecer como opção a vice numa eventual chapa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Parte da estratégia da sigla para conseguir esse resultado é filiar nomes de peso, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, que saiu do PCdoB, e os deputados Marcelo Freixo, ex-PSOL, e Tabata Amaral, ex-PDT.
Outras jogadas da legenda são pregar soluções à esquerda alinhadas ao avanço tecnológico do século 21, o chamado “socialismo criativo” e dar autonomia para seus quadros formarem alianças locais com centro e centro-direita nas próximas eleições.
SEGUIDORES – Além de serem nomes de apelo de voto, os novos “socialistas” também trazem seus seguidores ao PSB. Tabata, a última a se filiar, arrastou um grupo de lideranças femininas como Duda Alcântara, ex-presidente municipal da Rede Sustentabilidade em São Paulo.
— No momento, nossa pretensão (para 2022) é modesta. Mas, pelo tamanho que o PSB tem, pela sua capacidade de renovação, qualquer que seja o candidato (à Presidência) que ele apoie, o PSB deveria ter a condição de vice. Se apoiarmos o Lula, defendemos, sim, um vice — diz o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Apesar do otimismo de Siqueira, o PT ainda não deu nenhum sinal concreto de que fará uma aliança com o PSB e aceitará a indicação de um candidato a vice-presidente.
DIZ TABATA – “O PSB não é um partido construído em torno de um único projeto, que gira em torno de uma única figura, mas um partido que tem grandes lideranças, que discordam de algumas coisas, mas estão unidas nos valores que, para mim, são inegociáveis: da luta contra a desigualdade, da luta pela educação pública! — declara Tabata.
Freixo, que deixou o PSOL após ver naufragarem seus planos de formar uma frente ampla para disputar o governo do Rio de Janeiro no ano que vem, diz que o PSB poderá dar a ele essas condições de furar a bolha da esquerda.
“É um partido que vai poder dialogar com amplos setores e trazer todos os setores progressistas, mas também de centro, para um projeto de governabilidade que retire do Rio o domínio das máfias” — diz ele.
ANTIPETISMO – Outro cálculo que os novos quadros fazem é que o PSB oferece possibilidade de atuação dentro da esquerda sem o ônus do antipetismo, sentimento que, avaliam alguns, deve ter alguma força no eleitorado em 2022.
— O PT foi incrível e fundamental nas décadas de 1980, 1990 e 2000,. Mas criou-se uma rejeição ao partido, até com coisas que realmente não têm a ver com o PT. Tem um grupo que acredita que a gente precisa reimaginar a esquerda e não quer estar vinculado com o PT, apesar de que faremos coligações e estaremos com o PT em palanques de muitos lugares — afirma Duda Alcântara.
Um dos motivos de não se esperar um crescimento significativo de sua bancada federal é que parte dos deputados atualmente filiados à sigla deve se desfiliar na próxima janela partidária por falta de alinhamento ideológico.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa história de indicar o vice é um sonho do presidente do PSB, Carlos Siqueira, que nunca se elegeu para nada e passou a comandar o partido depois da morte de Eduardo Campos, o neto de Arraes, que morreu num acidente de avião na campanha de 2014. Siqueira deu um jeito de se eternizar na direção do PDB e parece que pretende ser vice de Lula, para qualquer eventualidade, digamos assim. (C.N.)