Publicado em 27 de agosto de 2021 por Tribuna da Internet
Ana Carolina Cury
Do R7
“Precisamos fazer um novo marco regulatório para a comunicação no Brasil”. Essa foi a afirmação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista coletiva realizada na sexta-feira passada (dia 20) em São Luiz, no Maranhão. E afirmou que é preciso pensar nessa medida de forma urgente.
“Tenho que fazer uma autocrítica. Nós não tratamos a reforma da comunicação, a regulação (da mídia), como deveria ser tratada. Aprovamos (no meu governo) um programa para que a gente pudesse regulamentar os meios de comunicação. (…) Eu não sei por que ‘cargas d’água’ não foi colocado no Congresso esse projeto”, reclamou o petista.
BOLSONARO NÃO ACEITA – O atual presidente Jair Bolsonaro pensa diferente. Em seu twitter, o político já disse que não pretende promover qualquer tipo de regulamentação.
“Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, incluídas as sociais. Quem achar o contrário, recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba”, escreveu.
Porém, Lula garantiu que se voltar ao poder essa será uma de suas primeiras ações. “Ou a gente faz isso ou vai continuar sendo vítima da espoliação de meia dúzia de famílias que manda na comunicação. É preciso haver uma regulamentação”, destacou.
EXEMPLO DE CHÁVEZ – O petista ainda atacou a imprensa e defendeu a Venezuela. “Eu vi como a imprensa destruía o Chaves (ex-presidente da Venezuela). Aqui eu vi o que foi feito comigo. Nós vamos ter um compromisso público de que vamos fazer um novo marco regulatório dos meios de comunicação e espero que os senadores e os deputados entendam que isso é necessário para a democracia. Inclusive vamos discutir com a sociedade uma regulação da internet”, detalhou.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, rebateu a declaração de Lula. “O PT tem falado reiteradamente sobre a regulação da mídia, e voltou a repetir. Estamos em 2021 e temos que lutar pela liberdade de expressão e da imprensa, como defende o governo Jair Bolsonaro. Não queremos retrocesso”, escreveu em sua rede social.
ATAQUE À INTELIGÊNCIA – Há muitos pontos questionáveis na declaração de Lula. Antes de qualquer coisa, dizer que a imprensa destruiu Hugo Chávez é um ataque à nossa inteligência.
Só para citar alguns dados, quando Hugo Chávez assumiu o poder na Venezuela, há quase vinte anos, o populismo esquerdista que dizia defender a democracia mostrou sua verdadeira face, a do autoritarismo.
Assim, desde que o governo chavista passou a intervir nas empresas privadas e criar estatais deficitárias, a inflação passou de 1.000.000% e a população ficou sem acesso a itens básicos de consumo, passando fome. De acordo com uma pesquisa da empresa Venebarómetro, oito em cada dez venezuelanos afirmam não ter dinheiro suficiente para comprar alimentos ou remédios.
AFRONTA À DEMOCRACIA – Então, será que o problema de Chávez, ou da Venezuela, foi a imprensa? É claro que não! E é uma afronta a democracia defender regimes como esse, que deveriam ser abominados por qualquer pessoa que visa um país justo. Mas, a paixão ideológica cega as pessoas e impede uma compreensão racional dos fatos.
Considerada uma bandeira histórica do PT, essa regulamentação defendida por petistas e por parte da esquerda brasileira agride diretamente a liberdade de expressão.
Apesar de defender a democratização, por trás da cortina de fumaça, há censura e busca pelo controle. Só não entende isso quem não se informa.
CENSURA DISFARÇADA – Isso porque ela nada mais é que uma maneira que um governo cria, por meio de instrumentos legais, para “regular os direitos, os deveres e as regras referentes ao exercício da liberdade de imprensa em seus territórios”.
A exemplo do que acontece na Venezuela, os meios de comunicação, com o passar do tempo, seriam comandados por “conselhos”.
Detalhes como esse fazem toda a diferença na hora de pensarmos a respeito do futuro que queremos para o nosso país. Se no passado a restrição à liberdade se dava de forma evidente e agressiva, hoje ela ganhou formas sutis.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO – A perseguição à mídia e à liberdade de expressão, vinda diretamente do Supremo Tribunal Federal e até do Congresso Nacional, tem mostrado isso. Como já disse anteriormente, não se trata de defender nenhuma pessoa física ou instituição, trata-se de defender a nossa democracia.
Temos o direito e o dever de nos manifestar e lutar pelo futuro da nação. A tentativa de criar regras que cerceiam a liberdade de informar revela uma censura dissimulada e disfarçada. Não podemos permitir que nos façam parar de pensar. Nossa maior arma ainda é o voto.