Publicado em 5 de agosto de 2021 por Tribuna da Internet

Bolsonaro não ouve ninguém e está cada vez mais isolado
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Ainda que seja muito bem-vindo o manifesto assinado por banqueiros, empresários, economistas e intelectuais defendendo a democracia e atacando os movimentos golpistas do presidente Jair Bolsonaro, é importante ressaltar que muitos do que colocaram os nomes nos documentos apertaram o número 17 nas urnas em 2018.
A justificativa foi a de que valia tudo para derrotar o PT. Portanto, todos sabiam o risco de retrocesso que o país estava correndo com a eleição de Bolsonaro, dado o histórico do presidente, que sempre flertou com regimes autoritários e nunca demonstrou a menor capacidade de comandar um país com as complexidades do Brasil.
PESOU O ANTIPETISMO – Havia boas opções nas quais os donos do dinheiro poderiam ter votado. Basta dar uma olhada na lista dos candidatos à Presidência. Mas pesou o antipetismo. O PT era o grande mal a ser vencido. A opção foi por um incompetente, que se acha acima do bem e do mal. Deu no que deu.
A pergunta que fica é: caso a polarização entre Bolsonaro e o PT se repita em 2022, essas mesmas pessoas que assinam o manifesto defendendo a democracia vão votar pela reeleição do presidente?
Não dá para se posicionar, agora, contra a ameaça de golpe e, depois, endossar nas urnas quem defende um regime autoritário. Seria muita hipocrisia.
DIZ O MANIFESTO – ”O princípio-chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias. O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados”, diz o manifesto.
Assinam o documento personalidades como os economistas Pedro Moreira Salles, Arminio Fraga, Pedro Malan e Roberto Setúbal; empresários como Luiza e Fred Trajano, Carlos Jereissati Filho e Guilherme Leal; e por líderes religiosos como cardeal dom Odilo Scherer e o rabino Michel Schlesinger, entre outros. Também participam figuras com trajetória na política como Cristovam Buarque, Roberto Freire e Eduardo Jorge.