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domingo, abril 21, 2019

Afinal, por que Gilmar Mendes deixou Toffoli e Moraes se arrebentarem sozinhos?


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Gilmar saiu de cena sem dar uma só palavra para defender Toffoli
Carlos Newton
Já explicamos aqui na Tribuna da Internet que esse problema da censura e a própria crise do Supremo Tribunal Federal tiveram origem lá atrás, quando vazou a informação de que a advogada Guiomar Mendes, do escritório Sergio Bermudes  e mulher do ministro Gilmar Mendes, tinha sido apanhada numa malha fina da Receita Federal, por movimentação bancária atípica. Em seguida, aconteceu o mesmo problema com a mulher de Dias Toffoli, a advogada Roberta Rangel.
Furioso, Gilmar convocou a seu gabinete o secretário-geral da Receita, Marcos Cintra, que levou uma bronca homérica e prometeu punir os responsável pelo vazamento da informação. Depois, Cintra mudou de ideia e passou a dizer que os servidores apenas cumpriam suas atribuições funcionais.
CAMPANHA – Com apoio do presidente Toffoli, o ministro Gilmar abriu então uma campanha nacional. Sempre que pode, bate pesado e ridiculariza os procuradores da Lava Jato, como se fossem responsáveis pela investigação que atingiu sua mulher e a ele próprio, claro.
Toffoli deu seguimento à jogada, criando o inquérito interno, que a rigor só poderia ocorrer se tivesse acontecido alguma ocorrência criminal na sede do Supremo. O ministro novato Alexandre de Moraes aceitou ser nomeado relator, sem sorteio eletrônico, e deu início às apurações, mas somente se interessou pelas “fake news“ e ofensas atingindo o Supremo, em nenhum momento dirigiu as investigações para a Receita Federal, desprezando justamente o maior objetivo de Gilmar e Toffoli.
Se o relator Moraes tivesse se limitado às “fake news” e ofensas, não haveria problemas. Mas Toffoli se sentiu ofendido pela reportagem da Crusoé/O Antagonista e exigiu a censura aos sites. Disse que se tratava de “fake news”, e Moraes acreditou.
CENSURA – Agora, depois do vendaval causado pelo ato de censura a uma suposta “fake news” que era rigorosamente verdadeira, Moraes só teve a solidariedade de Toffoli, o que nada significa, muito pelo contrário, até depõe contra ele…
Entre os outros nove ministros, nenhum deles se manifestou a favor de Moraes, que se viu mergulhado num lamaçal de onde tão cedo não emergirá, porque já existem sete recursos contra a censura.
Nesta semana o relator Edson Fachin vai decidir se arquiva logo o inquérito inconstitucional, conforme a procuradora-geral Raquel Dodge determinou, ou manda o plenário julgar o caso, em situação ainda mais constrangedora para Moraes, que terá de ouvir os demais ministros condenando seu ato de censura, com aqueles votos intermináveis, transmitidos ao vivo e a cores.
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P.S.
 – Em tradução simultânea, um dos grandes derrotados foi Gilmar Mendes, que não passou recibo e abandonou Toffoli e Moraes à própria sorte. Desde que a confusão começou, ele saiu de cena, foi antecipadamente para Lisboa, onde esta semana realiza mais um Seminário de sua faculdade, e hoje se reúne lá na terrinha com Toffoli e Moraes, que serão palestrantes. De toda forma, trata-se de uma ausência que preenche uma lacuna, porque é melhor ter Gilmar, Toffoli e Moraes lá longe do que aqui por perto. A presença dele é sempre negativa e ameaçadora. (C.N.)

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