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quarta-feira, março 16, 2011

Usina nuclear no Nordeste causa temor

Adriano Villela

Apesar das explosões em reatores de Fukushima 1, em decorrência de terremoto seguido de um tsunami no Pacífico que atingiu a cota japonesa, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou a manutenção do programa nuclear brasileiro. A notícia provocou temor em lideranças baianas ligadas a movimentos ambientais. Primeiro por ir de encontro a medidas tomadas por países mais desenvolvidos, como Alemanhã e Suíça. E também porque os planos do governo federal envolvem a construção de duas novas usinas no Nordeste e a Bahia é um dos estados candidatos a abrigar uma destas unidades.

Coordenadora de Comunicação do Movimento Paulo Jakcson, Zoraide Vilasboas, declarou que o caso no Japão traz preocupações. “A ameaça nuclear japonesa - cujas proporções ainda desconhecemos, já que a falta de transparência e manipulação da informação são características da indústria nuclear em todo o mundo – desmascarou o discurso de que a excelência da tecnologia nuclear, garante a segurança de instalações atômica”, disse. Zoraide Vilasboas relatou que em 2000 a Associação dos Fiscais em Radioproteção e Segurança Nuclear fez um relatório mostrando as possibilidades de ocorrência de acidentes nucleares e radiológicos no Brasil.

“Em 2004, os fiscais da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) confirmaram as fragilidades, apontadas em 2000, num trabalho que levou a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados a investigar e publicar, em 2006, o relatório Fiscalização e Segurança Nuclear no Brasil, que demonstra a falta de estrutura do SIPRON (Sistema de Radioproteção e Segurança Nuclear)”, emendou. A coordenadora de Comunicação informou também que em 2009, um parecer do TCU “afirmou que as sanções impostas pela cnen são inóquas e o monitoramento das correções dos erros não é suficientemente coercitivo”.

O uso de material radioativo em todo o processo, isto é, desde a exploração do minério, que já acontece na Bahia, no município de Caetité, até a geração de energia na usina, foi condenado pelo coordenador executivo do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Renato Cunha. “A energia nuclear é uma tecnologia arriscada que o Brasil não precisa. Há fontes de energia, como biomassa e a aeólica, que podem ser mais pesquisadas, discutidas e implementadas”, defendeu.

“Queremos um mundo livre de energia nuclear”. Renato Cunha adverte que os riscos à saúde da energia nuclear costumam ser sentidos após anos. Além do manuseio, contaminação das águas, do solo e dos alimentos podem causar prejuízos à saúde humana, observou Cunha.

Apagão causou danos

O terremoto e o tsunami da semana passada não causaram danos diretos às usinas nucleares japonesas. A causa da tragédia radioativa foi o apagão. Numa usina nuclear, o reator fica dentro de uma cápsula de aço, onde recebe água que, aquecida a altas temperaturas, gera vapor e produz a energia elétrica. Porém as redes de transmissão de energia elétrica japonesa – usada para bombear a água nos processos de aquecimento e resfriamento – entraram em pane. Sem baixar a temperatura, os reatores explodem.

Ontem autoridades nipônicas anunciaram que os níveis crescentes de radiação já podem afetar a saúde da população afetada. Na Europa, a reavaliação dos programas nucleares em razão do problema japonês já começou. As autoridades suíças suspenderam os pedidos de autorização geral para substituição das usinas de energia nuclear. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel, reviu a decisão de só trocar os reatores por volta de 2022, determinando a mudança atual.

No Brasil, o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney, também defendeu a mudança de rumos no programa brasileiro. “Não acredito que vai haver uma paralisação, mas evidentemente vão ser tomadas medidas de muito maior cuidado e revisão. Ao mesmo tempo, o governo deve fazer uma análise das nossas usinas em relação ao que aconteceu [no Japão] “, avaliou Sarney.

Empresa responsável pelo projeto de Ângra 3, a Eletronuclear divulgou na internet uma nota se posicionando sobre o acidente em Fukushima I. “Uma comparação direta entre as situações brasileira e japonesa não é adequada, pois enquanto o Japão está situado em uma região de alta sismicidade - causada pela proximidade da borda de placa tectônica, onde ocorrem cerca de 99% dos grandes terremotos -, o Brasil está em uma região de baixa sismicidade, em centro de placa tectônica”.

Está situado em borda de placa é um pré-requisito para a ocorrência de tsunami. A empresa assinala ainda que cada usina e a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) monitoram o movimento sismológico na área de abrangência das instalações nucleares.

Interesse reafirmado

O ministro Edison Lobão, por seu lado, sustenta que não há motivos para uma preocupação maior. “Quando foram construídas as usinas em Angra, houve uma avaliação do comportamento das marés sobre o que podia acontecer num período de mil anos. Ergueu-se uma barreira no mar, um anteparo, para essa possibilidade”, afirmou. O MME planeja implantar duas usinas no Nordeste, com investimento de R$ 7 bilhões cada uma. Lobão entende que não há riscos de se repetir o acidente de Chernobyl (ver quadro), pois a tecnologia atual é nitidamente mais avançada que o da usina soviética.

No governo baiano, o superintendente de Energia da Seinfra (Secretaria de Infraestrutura), Silvano Ragno, reafirmou o interesse da Bahia em abrigar a nova usina nuclear. “Este acidente no Japão não vai mudar no resto do mundo os programas de geração de energia nuclear”, prevê.

Segundo o superintendente, pode haver um esfriamento inicial, mas será retomado depois tendo o caso japonês como direcionador da formulação de projetos mais seguros. Silvano Ragno considera que, com o petróleo e a hidrelétricas estão no estágio final de exploração, não tendo mais por onde ser expandido, “a energia nuclear é a única fonte firme”.
O superintendente responde à tese de que a exploração de urânio já seja uma carga de risco assumido pela Bahia.

“Lá só acontece a exploração do minério, que não oferece perigo sem estar enriquecido”. Zoraíde Vilas Boas, por seu lado, sustenta que uma série de ações civis públicas ingressadas no Ministério Público do Estado. “É de conhecimento público os danos que a energia nuclear causa à saúde”.

As maiores tragédias radioativas do mundo

O maior desastre radioativo do mundo ocorreu em Chernobyl, na Ucrânia, então país integrante da União Soviètica. No Brasil, o drama mais marcante foi o caso do césio-137.

Césio 137 - Ocorreu em Goiânia (GO), no ano de 1987, em um ferro-velho, onde uma cápsula foi aberta sem que os responsáveis pelo ferro-velho soubessem que continha produto radioativo. Parentes e vizinhos do dono do local entraram em contato com o produto. Quatro pessoas morreram nas semanas seguintes. Até hoje, vítimas que tiveram sequelas buscam na Justiça indenização pelos danos sofridos.

Chernobyl – Jornais ucranianos já preveem uma crise nuclear japonesa semelhante à que aconteceu após o vazamento na usina de Chernobyl, em 26 de abril de 1986, quando o reator 4 da unidade explodiu integralmente. Cerca de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelo colapso do reator da central nuclear. Àreas da Rússia e Bielorussia, ainda acusam altos níveis de radiação passados quase 25 anos do acidente.
Fonte UOL

Milena Nogueira, 26 anos, fisioterapeuta

“O poder de devastação é enorme e provoca diversos tipos de doenças, entre elas, o câncer. Há outras prioridades mais urgentes, como segurança, educação e saúde. Trabalho em um hospital em que existem apenas 40 leitos para uma fisioterapeuta”,


Roque Rodrigues, 54, funcionário público

“A Bahia não tem estrutura administrativa para manter essa usina, que precisa que o lixo radioativo seja devidamente armazenado, além da poluição e dos riscos de uma explosão”, disse o funcionário público.

Ana Paula da Silva, 35, funcionária pública

“A energia pode ser extraída de outras fontes como: da cana-de-açúcar e do óleo de dendê. Acho que seria dinheiro jogado fora, porque a Bahia não teria condições de mantê-la funcionando”.


Geverson Oliveira, 27, auxiliar contábil

“Acho que para o desenvolvimento da Bahia seria bom. Acabaria com o problema de geração de energia, além da criação de novos empregos. Claro, que há fatores contra, como a alta radiação, tem que ser controlado dia e noite, pois qualquer falha é fatal”.

Fonte: Tribuna da Bahia

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