Carlos Newton
Dizer que se trata de um nome nacional é um erro. Só é conhecido em São Paulo. Gilberto Kassab entrou para a política na década de 80, ligando-se a Guilherme Afif Domingos, que era presidente da Associação Comercial de São Paulo. Em 1989, Afif foi candidato a presidente pelo PL e Kassab participou de sua campanha. Três anos depois, era eleito vereador em São Paulo pelo extinto PL, partido de Afif na época.
Filiou-se ao PFL (atual DEM) em 1995 e foi secretário de Planejamento do ex-prefeito Celso Pitta, entre 1997 e 2000. Em 2004 foi eleito vice-prefeito na chapa de José Serra. Com a renúncia de Serra para se candidatar ao governo do Estado, em 31 de março de 2002 Kassab se tornou prefeito de São Paulo. E nas eleições de 2008, Kassab foi reeleito para um novo mandato, contando com apoio integral do então governador José Serra, que nessa eleição traiu abertamente seu correligionário Geraldo Alckmin, que era candidato à Prefeitura.
Assim, de simples vereador, o então serrista Kassab então virou um Afif Domingos que deu certo. Agora, já não é mais serrista, quer ser dilmista, e deixou de lado a prefeitura de São Paulo para correr o Brasil, buscando apoio para criar um novo partido, ou melhor, tentar ressurgir o velho PSD (Partido Social Democrático).
Salvador foi a cidade escolhida para o lançamento do PSD para indicar que o partido, que deve ser formalizado até julho, terá um caráter nacional. A sigla pretende conseguir representação em dez Estados. Na Bahia, o PSD se aproxima da base do governo Dilma Rousseff e sua criação já recebeu até apoio do governador Jaques Wagner (PT). No Estado, o principal aliado de Kassab é o vice-governador, Otto Alencar (PP). Na festa, Kassab recebeu o apoio de petistas, como o senador Walter Pinheiro (PT), mas a maioria era formada de integrantes insatisfeitos de partidos como DEM, PP e PMDB.
Entre as 31 legendas em formação, ainda não consta o novo PSD. Até alguns dias atrás, Kassab afirmava que se filiaria ao PDB (Partido Democrático Brasileiro), que realmente está em formação. A dúvida é saber se Kassab é ou não o dono do PDB e simplesmente irá trocar o nome do partido, ou se está organizando mesmo uma nova legenda.
Calcula-se que a montagem de um partido, com registro no TSE, custe algo em torno de R$ 1 milhão, porque exige grande número de pessoas envolvidas nisso profissionalmente, viajando pelos estados para colher assinaturas de eleitores e tudo o mais. Se Kassab já gastou esse dinheiro (de onde teria saído?), pode se filiar ao novo partido e depois liquidar com ele, ao fazer a fusão com o PSB, conforme era a intenção original dele, que está louco para aderir oficialmente ao governo Dilma Rousseff.
Mas se o partido tiver outro dono, Kassab terá de gastar muito dinheiro (R$ 1 milhão é pouco) para pagar a fusão ao PSB. Ou então ficar com o PSD atuante e apenas coligado ao PSB nas eleições. Faça as contas, prefeito, o senhor é muito bom nisso.
Fonte: Tribuna da Imprensa