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quinta-feira, março 24, 2011

OBAMA DEMOCRATA NO BRASIL E O LADO OBSCURO DA POLÍTICA EXTERNA.

No aspecto formal a visita do Presidente Obama ao Brasil no último fim de semana foi um sucesso da diplomacia de ambos os países. O Presidente Obama reconheceu a importância do Brasil no contexto mundial como 7ª maior economia, anunciou relação de igualdade nas relações e reconheceu o Brasil como país de democracia consolidada, razão das conquistas sociais do povo brasileiro nos últimos anos. Hoje mais de 100 milhões de brasileiros estão incluídos na classe média.

Fugindo da tradicional política externa da diplomacia norteamericana Obama entre nós não se furtou a se referir ao período da ditadura militar e ressaltar as conquistas sociais e o desenvolvimento nacional como consequências diretas da democracia, um lado altamente positivo, embora se saiba que o golpe militar de 64 não somente foi financiado pelos norteamericanos, como também os golpistas receberam apoio logístico e estratégico já que na época vasos de guerras dos Estados Unidos se posicionaram nas costas brasileiras.

Não há como se negar que o Presidente Obama é carismático e aonde chega ou quando fala atrai as atenções para si com um discurso baseado nos valores da democracia. Se isolado nos seus discursos de campanha como candidato e nos feitos no Brasil se diria o maior dos democratas ou se colocaria como Nelson Mandela e Luís Inácio da Silva que se projetaram para o mundo como líderes e ouvidos por nações sem necessidade da força.

A visita de Obama foi positiva para ambos os países e para a Presidente Dilma que em apenas 90 dias de mandato recebeu a atenção do Presidente da maior potência econômica e militar da face da terra, trazendo-lhe prestígio e consolidando o lado positivo de administradora já com um índice de aprovação de 47%, o que a fez suplantar o ex-presidente Lula em igual período.

Obama o democrata não veio apenas por ser bonzinho ou por reconhecer o Brasil como grande expressão. Ele veio como caixeiro-viajante, com objetivo de vender tecnologia, serviços e produtos destinados a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e pensando nas reservas petrolíferas do pré-sal e na participação da empresas norteamericanas na exploração, e distribuição a assegurar fornecimento futuro do “ouro negro” pelo Brasil, reduzindo a dependência dos produtores localizados no norte da África que custam tanto e sujeitos as instabilidades. Não fez pronunciamento sobre as excessivas taxas alfandegárias sobre produtos brasileiros e nem sobre o Brasil em futuro Conselho de Segurança da ONU reformulado. Defendeu a reforma sem nomear novos parceiros.

O Obama democrata é o mesmo Obama do stabilisment norteamericano, dos falcões do pentágono, da indústria armamentista e de suas empresas petrolíferas que atuam em todos os países como a sugar o sangue do organismo vivo, e foi isso que o levou na entrevista privativa com a Presidente Dilma no Palácio do Planalto a autorizar o bombardeio da Líbia pelas forças da coalizão, trazendo desconforto para a Presidente que na última 2ª feira por meio do Ministro das Relações Exteriores externou descontentamento com as medidas tomadas contra a Líbia que aumentam o sofrimento daquele povo.

Já como representante do império militar o Presidente Obama não leu bem na cartilha das intervenções militares norteamericanas, seja por não comunicar aos líderes dos democratas e republicanos no Congresso como divulgado, como também por não definir antecipadamente o objetivo da intervenção nos negócios internos da Líbia e o papel dos Estados Unidos, o que poderá acarretar consequências negativas e de proporções inesperadas, já que a Guerra da Líbia se localiza no Mediterrâneo e poderá envolver os muçulmanos como um todo. Por outro lado, diz a imprensa mundial que os Estados Unidos vetam qualquer invasão terrestre, como se fosse possível ocupar um país somente com bombardeios.

Os Estados Unidos estão com dois pepinos nas mãos que são o Afeganistão e o Iraque. No Iraque, derrubado Sadan Hussen, até hoje o país se encontra em uma situação caótica e no Afeganistão as tropas americanas e da OTAN não conseguiram liquidar as forças guerrilheiras e nem muito menos a liderança do Al Qaeda. O Afeganistão tende a se constituir para os Estados Unidos como foi para os soviéticos que dali se retiraram como derrotados, devendo ser lembrado que no Vietnã saíram derrotados a França e os Estados Unidos.

O discurso para a intervenção na Líbia pela coalização seria por questões humanitárias e proteger a população civil mediante a criação de uma zona de exclusão área, a 3ª criada pela ONU. As duas outras foram no Iraque e no Kosovo. Na votação da Resolução da ONU Índia, Brasil, China, Rússia e Alemanha se abstiveram e já demonstram reação contra os bombardeios que já deram início a manifestações populares pelo planeta. Como reação a Liga Árabe que pediu a área de exclusão aérea se manifestou contrariamente e a Alemanha retirou seus vasos de guerras do mediterrâneo.

A intervenção militar na Líbia parece mais uma exposição de armas militares pelos os Estados Unidos, França, Inglaterra e Itália esperando novos negócios. No fundo, os Estados Unidos que consomem 25% do petróleo produzido busca garantia do petróleo e a reconstrução da Líbia pelas suas empresas, enquanto a França tem a pretensão de afastar a possibilidade dos negócios entre Itália e a Líbia que já foi colônia deste por décadas e mantém negócios entre si. Até mesmo o Juventus, tradicional time da Itália, tem uma participação da Líbia.

Se as razões da intervenção militar era proteger a população civil sob bombardeio das tropas de Kadafi, o mesmo deveria ser aplicado a todo o mundo árabe, sobre o Iêmen, Jordânia, Síria e vários outros não se esquecendo que os bombardeios estão causando mortes de civis nas cidades controladas por Kadafi no melhor raciocínio de que remédio para ser bom tem que ser amargo. Essa intervenção foi um carro chefe de Sarkozy Presidente francês que tem hoje baixo índice de popularidade internamente, que segundo Rui Martins, jornalista, escritor, correspondente do Correio do Brasil em Genebra, “As próximas semanas nos dirão para que lado soprará o vento e se Sarkozy ganhou ou se foi um frustrado aprendiz de feiticeiro”.

A Líbia que é governado por Kadafi há 42 anos e não é bom melhor exemplo para a humanidade, e essa Líbia cobiçada que até antes da Guerra ocupava o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da África e tem a mais alta média de vida do continente. A educação e a saúde recebem especial atenção do Estado. O PIB per capita é de 13,8 mil dólares, o crescimento em 2010 foi de 10,6%, a inflação de 4,5%, a pobreza de 7,4% e a colocação no IDH é 53º (Brasil é 73º), índices melhores que o do Brasil.

Grande parte do território líbio é formada de desertos de areia e se Gaddafi convencer o povo de que o país está sofrendo invasão estrangeira e neocolonialista, a Líbia em frente à Europa poderá se transformar num Afeganistão número II, com o risco de atentados na Europa, podendo frustar “Primavera Árabe” do desejo de democracia dos jovens, que poderá ser substituído pela revolta contra os americanos e países europeus.

O Obama do Teatro Municipal do Rio deveria representar os valores democráticos e tentar influenciar os velhos ditadores do oriente médio e do norte da África e velhos aliados por meios pacíficos, que a população de cada país não suporta mais a repressão, a injustiça social e que reclamam por valores democráticos no melhor estilo do ocidente sem a necessidade dos brados dos canhões.

Entendi que a abstenção do Brasil na votação da ONU foi um consentimento implícito com a intervenção pretendida pela Itália e agora com manifestação do Ministério das relações Exteriores do Brasil e a posição firme contra a intervenção na Líbia, entendendo que se pensou em uma ação limitada como pensaram Índia, China, Rússia e Alemanha que já manifestaram descontentamento com as ações militares do melindrado Sarkozy, do burlesco Berlusconi e candidato de aprendiz 1º Ministro da Inglaterra.

Se a Presidente Dilma acertou até agora no plano interno, externamente tem a oportunidade de assim como Angela Merkel da Alemanha afirmar a posição nacional e sua opção pelo diálogo como fundamento dos povos, sendo ouvida internacionalmente como Lula foi ouvido, não se esquecendo a parte que relações internacionais são marcada por pragmatismo e o Brasil tem negócios com a Líbia, assim como a Líbia tem investimentos no Brasil e que participaria de investimentos substanciais em parceria no este da Bahia.

Paulo Afonso-BA, 23 de março de 2011.

Fernando Montalvão.

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