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terça-feira, março 29, 2011

Revelações do WikiLeaks deixam Henrique Meirelles muito mal, mostrando que ele é um entreguista vulgar, que defende os interesses dos EUA junto ao governo brasileiro.

Carlos Newton

É revoltante a revelação do site WikiLeaks, de Julian Assange, mostrando que pouco antes das eleições de 2006 o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pediu aos Estados Unidos que pressionassem o presidente Lula para que fosse dada ao BC independência total.

De acordo com documentos secretos do Departamento de Estado, em conversa com diplomatas norte-americanos, dia 9 de agosto de 2006, Meirelles prometeu atuar nos bastidores por mudanças regulatórias que criassem um ambiente de investimento melhor para empresários norte-americanos no Brasil.

Obtido pelo WikiLeaks e repassado à agência norte-americana Reuters, o documento exibe, com total nitidez, o retrato 3X4 de um entreguista vulgar, que não tem pudor de trair sua pátria para servir aos interesses da maior potência mundial.

“Meirelles pediu que (o governo dos EUA) usasse discretamente sua relação (com o Brasil) para discutir a importância de levar ao Congresso uma legislação garantindo ao Banco Central essa autonomia”, escreveram os funcionários da embaixada norte-americana no documento, que detalhou o encontro inicial entre o embaixador Clifford Sobel e Meirelles.

“Ele (Meirelles) argumentou que o secretário (de Tesouro Henry) Paulson em particular seria capaz de tratar desse assunto com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega”, acrescentaram.

(Façamos uma pausa aqui nas revelações do WikiLeaks, para lembrar que Meirelles nunca precisou solicitar de maneira formal que fosse mudada a legislação para dar total autonomia ao Banco Central, porque desde o início do primeiro governo Lula efetivamente lhe garantiu essa prerrogativa, sem jamais interferir na política de juros, durante os oito anos em que ficou no poder).

De acordo com o documento do governo dos EUA, Meirelles identificou “a falta de experiência governamental entre os principais assessores de Lula” como um “segundo conjunto de dificuldades” para investidores norte-americanos. Sobre Dilma Rousseff, que à época já era ministra-chefe da Casa Civil, disse que ela era “muito esperta”, mas ressalvou que “ela ainda traz alguma bagagem ideológica à função”. Meirelles então se ofereceu para “contribuir nos bastidores em pressionar por reformas regulatórias prioritárias para melhorar o clima de negócios”, segundo o documento do Departamento de Estado dos EUA.

Procurado pelos jornalistas para se explicar, Meirelles refutou timidamente o conteúdo da documentação norte-americana. “As declarações atribuídas a mim não refletem com propriedade o tema de qualquer conversa que eu tenha tido”, afirmou via e-mail, recusando-se a dar entrevista. Por sua vez, o ex-embaixador dos EUA, Clifford Sobel, não quis comentar o assunto.

Fonte: Tribunada Imprensa

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