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quinta-feira, março 25, 2010

Vaticano acobertou padre que molestou 200, diz jornal

AFP

Vaticano  acobertou padre que molestou 200 garotos surdos, afirma The New York  Times (AFP)

Vaticano acobertou padre que molestou 200 garotos surdos, afirma The New York Times

Agência Estado

O arcebispo da Igreja Católica em 1996 em Milwaukee, nos Estados Unidos, Rembert G. Weakland, advertiu um alto escritório do Vaticano, liderado pelo hoje papa Bento XVI, sobre um padre que pode ter molestado até 200 garotos surdos, segundo documentos obtidos pelo jornal "The New York Times", informa reportagem de hoje do diário. No entanto, o padre nunca foi retirado do posto.

Os documentos foram fornecidos por dois advogados que apresentaram queixas, alegando que a Arquidiocese de Milwaukee não tomou medidas suficientes contra o reverendo Lawrence Murphy. O padre, que morreu em 1998, trabalhou na Escola St. Johns School para Surdos, que não existe mais, em St. Francis, entre 1950 e 1975.

Em 1996, o então arcebispo Weakland enviou cartas sobre Murphy ao escritório do Vaticano chamado Congregação para a Doutrina da Fé. Esse órgão foi liderado entre 1981 e 2005 pelo cardeal Joseph Ratzinger, o futuro papa. Weakland não recebeu resposta alguma de Ratzinger, segundo o "Times".

Oito meses depois, o segundo no comando do escritório, cardeal Tarcísio Bertone - hoje secretário de Estado da Santa Sé - afirmou aos bispos de Wisconsin que eles deveriam começar com procedimentos disciplinares secretos, segundo os documentos. Porém, Bertone interrompeu o processo após Murphy escrever a Ratzinger dizendo que estava arrependido e enfrentava dificuldades, de acordo com o "Times". Os documentos não incluem resposta alguma de Ratzinger.

Weakland também escreveu para outro escritório do Vaticano, em março de 1997, afirmando que um processo judicial tornaria o caso público. Os documentos surgem no momento em que o Vaticano lida com diversos escândalos de abusos cometidos por religiosos, em vários países europeus. Weakland deixou o posto de arcebispo em 2002, após admitir que sua arquidiocese pagou secretamente US$ 450 mil para um homem que o havia acusado de abuso sexual.

Em comunicado, o reverendo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, afirmou ao "Times" que o Vaticano não soube do caso de Murphy até 1996, anos após autoridades civis investigarem o religioso e não o acusarem. Lombardi disse ainda que o estado de saúde ruim e a falta de mais provas pesaram na decisão de não retirar o cargo dele.

Carta à Irlanda

Bento XVI divulgou, na semana passada, uma carta sem precedentes à Irlanda, falando sobre os escândalos de abusos ocorridos no país, em geral encobertos por autoridades religiosas. Ele não mencionou, porém, a forma como foi conduzido um caso similar na Alemanha, quando ele era cardeal e tinha autoridade sobre a Arquidiocese de Munique, entre 1977 e 1982.
Fonte: A Tarde

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