driano villela
Cotada para assumir uma das vagas ao Senado na chapa do governador Jaques Wagner (PT), a deputada federal Lídice da Mata (PSB) afirmou à Tribuna da Bahia que aceita qualquer um dos três caminhos: senatoria, a vice ou tentar a reeleição para a Câmara Federal. A decisão? Uma livre escolha do petista. Seu foco, como sustentou reiteradas vezes, é auxiliar o que considera projeto maior: a reeleição do governador. “Essa é a prioridade da base dos partidos (PSB, PCdoB, PT e PDT)”, observou. Lídice avaliou que Wagner reúne as condições necessárias para conduzir o processo e sair vitorioso. “Demonstrou isso no passado, para surpresa de muitos”, ressaltou, numa referência a eleição para governador de 2006. Naquele ano, o candidato do PT começou a campanha com 5% das intenções de votos e ganhou a parada ainda no primeiro turno. Embora coloque seu futuro político nas mãos do governador, a parlamentar e presidente estadual do PSB deu uma dica: confirmou que até a próxima semana o secretário do Turismo, Domingos Leonelli (PSB), se desincompatibilizará do cargo para disputar uma cadeira na Câmara Federal. Nos bastidores, a candidatura de Leonelli – um dos políticos mais próximos da dirigente socialista – é condicionada ao lançamento de Lídice para o Senado. Presente à reunião na sexta-feira passada entre os presidentes do PT, PSB, PDT e PCdoB que deu carta branca à Wagner para negociar com o senador César Borges (PR), Lídice da Mata reafirmou à TB o entendimento firmado entre os chamados partidos de esquerda da coligação governista. “O PR já apoia o governo na Assembleia há muito tempo”. A socialista não se intimida com os movimentos de setores mais radicais dos partidos da esquerda que se opõem a Borges, por ele ter sido governador pelo antigo PFL (hoje DEM). Acredita que sempre haverá movimentos favoráveis ou contrários a uma candidatura. Dentre outros cargos eletivos, a dirigente do PSB foi deputada federal e constituinte entre 1987 e 1990, quando concorreu ao governo do estado com chapa majoritária formada só por mulheres. Dois anos depois, tornou-se a primeira - e até aqui única - mulher a se eleger prefeita de Salvador (1992). Bateu o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Manoel Castro, em meio ao movimento político que resultou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor. A gestão Lídice no Palácio Thomé de Souza foi controversa. Contestada pelo carlismo, então dominante na política baiana, foi – na versão do grupo da deputada – voltada mais para o social e recebera cerco político e de veículos de comunicação por parte do grupo adversário. Lídice da Mata não fez o sucessor, em 1996, mas se elegeu deputada estadual em 1998 e 2002, bem como conquistou vaga na Câmara Federal em 2006. O fator que mais “cacifa” a parlamentar socialista a integrar a chapa majoritária é a eleição de 2008, quando, estando à frente nas pesquisas, aceitou ser candidata a vice-prefeita na chapa do petista Walter Pinheiro, atual secretário do Planejamento do Estado. Comentou-se, à época, que o acordo previa o apoio a sua candidatura ao Senado nas eleições deste ano. O pacto nunca foi confirmado oficialmente. Independentemente disso, a deputada do PSB não cobra a conta. “A reeleição do governador é que vai garantir a continuidade do projeto”. Economista, com início da carreira política no movimento estudantil, Lídice da Mata e Souza conquistou o primeiro mandato em 1982, quando foi eleita vereadora de Salvador pelo PCdoB. Natural de Cachoeira, no Recôncavo, Lídice é irmã de Ary da Mata, do PV, partido atualmente dividido entre uma ala aninhada com o governador Jaques Wagner e outra apoiando o pré-candidato a governador Luiz Bassuma (PV). Um fator pode atrapalhar o caminho da parlamentar à chapa de Wagner: a candidatura a presidente pelo PSB do deputado federal por São Paulo Ciro Gomes. Neste caso, Lídice pode viver situação semelhante a de João Durval Carneiro (PDT). Devido à verticalização, o pedetista recebeu apenas o apoio informal de Wagner, não integrando a mesma chapa, pois o PDT era de coligação adversária a que conquistou a reeleição do presidente Lula. Assim como Wagner, Durval conseguiu se eleger. Mesmo assim, o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, sequer considera a possibilidade de ter que usar seu expediente. Ele informou que o Partido dos Trabalhadores vai apoiar o PSB no Ceará e em Pernambuco, estado em que o presidente nacional dos socialistas, Eduardo Campos, busca reeleição para governador. Assim, o apoio da sigla à ministra Dilma Rousseff, candidata de Lula à presidência, será assegurado, avalia Jonas Paulo. Fonte: Tribuna da BahiaAcordo fechado em 2008
Ciro Gomes pode atrapalhar