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sexta-feira, março 26, 2010

Deputado Zé Neto: Paulo Souto vive um momento de completo isolamento. Afastado da máquina administrativa não sabe fazer política

Deputado Zé Neto: Nós não queríamos e nem torcemos pelo rompimento político com o PMDB. Acredito que dava para tocar a situação na base do diálogo, se eles topassem manter um diálogo.

Foto: Carlos Augusto | Guto Jads | Jornal Feira Hoje


Neste segundo bloco da entrevista com o deputado Zé Neto, ele fala sobre o seu tencionamento mantido com Furão, prefeito de São Gonçalo; a distância conveniente de Wagner dos palanques políticos de seus companheiros em 2008; além de outros assuntos referentes a política do Estado e de Feira de Santana


JFH - Vamos falar sobre um político que antes era aliado e hoje é oposição ao governo Wagner, o deputado federal Colbert Martins (PMDB). Antes do rompimento ele andava elogiando o governo e suas ações e atualmente tece severas críticas. O que o senhor tem a dizer sobre a postura adotada pelo deputado?
Zé Neto - Gosto muito de Colbert e ele é uma das pessoas mais importantes da política baiana e feirense. Até agora confesso não ter ouvido nenhuma crítica ácida da parte dele ao governo Wagner. A divisão ocorrida entre o PT e PMDB não poderia deixar de causar algum incômodo. Estamos trabalhando juntos para que o governo possa até o meio do ano fazer com que na assembleia possamos discutir e votar o projeto da implantação da Região Metropolitana que é um anseio histórico do deputado que remonta desde 1978. Colbert em Brasília é de fundamental importância no cenário político baiano para que possa nos ajudar a alavancar recursos e nesse empreendimento a gente precisa estar aliados com os políticos da cidade, independente de partidos. Acredito que Colbert tem muito a contribuir, para Feira e região. Eu prefiro enxergar o deputado pela ótica do que podemos construir, do que podermos divergir.
JFH - O prefeito Tarcízio Pimenta em seu primeiro momento de sua administração em 2009 se queixou das dificuldades em manter diálogo com o governador Wagner. O senhor interveio e agendou reunião entre o prefeito e o secretário de Saúde Jorge Solla, a partir de então houve uma aproximação. Existe da parte do deputado e de Wagner o desejo em atrair o prefeito para a órbita de influência petista?
Zé Neto – Eu e Tarcízio somos filhos de duas Marias, ambas professoras, uma moradora na rua de Aurora e outra do Marajó, fomos criados em bairro pobres e conhecemos de perto as dificuldade que tivemos para ingressar na universidade. Eu cursei direito e ele medicina (UFBA), nós moramos na residência universitária de Feira. Temos muito em comum para se discutir e juntos contribuir para a conjunção de uma cidade mais digna para o nosso povo. Como é do conhecimento de todos, eu sou militante do PT e ele do DEM e assim deveremos continuar até que se discuta outro caminho. Mas para nós que vivemos nesta cidade e sabemos a dimensão das dificuldades que estão sendo postas para ser enfrentadas, isso jamais pode ir de encontro às necessidades que temos de unir forças e administrativamente contribuir com o município que por sua vez tem contribuido com o Estado.
Dessa maneira que vamos compondo um movimento que eu considero estrategicamente importante para que o município e a população ganhem com isso e a gente tenha condição de inovar na política dizendo, com muita clareza, que maior que os interesses dos parti e dos políticos são os interesses do povo, que com o passar dos dias requerem mais atenções e mais qualidades nas insenções. Vamos continuar trabalhando juntos na medida do possível. É óbvio que eu e o prefeito temos divergências, mas o importante é que elas não possam desfigurar as necessidades do governo do Estado, municipal e federal.
JFH – Houve um tencionamento entre o senhor e o prefeito de São Gonçalo, na questão de segurança pública, como anda o seu relacionamento com ele, e o que foi possível avançar no relacionamento institucional entre Wagner e Furão?
Zé Neto – Faz parte das tensões naturais existentes em um processo político. Na democracia quando as coisas não combinam acabam surgindo as divergências e por isso mesmo, é importante você sempre ponderar. Atualmente temos mantido diálogo cordial, recentemente o goveno enviou uma viatura policial e já temos algumas ações pactuadas entre o governo do estado e o município. Furão tem sido um parceiro do governo em muitas ações e o que nós queremos é ajudá-lo mais ainda. Acredito que ele estará conosco no que desrespeito à candidatura de Wagner. Mesmo que esta situação não se concretize, não vai afetar a nossa visão de que precisamos estar colaborando com os prefeitos, independente de seus partidos.
JFH – O que a princípio parecia um sonho, o PT governar a Bahia, tornou-se algo concreto e Wagner chega ao quarto ano de administração com o seu apoio. Em síntese, o que foi possivel tirar do discurso e colocar na prática?
Zé Neto – Muitas coisas, a começar pela transparência nas contas públicas do governo do Estado, o trato da coisa pública, a realização da CPI da Ebal, na qual fui relator, e entregamos ao Ministério Público e agora existe uma ação ajuizada na primeira Vara Crime de Salvador. Eu acredito que nos próximos meses teremos alguma novidade com relação a esta demanda que já se encontra em processo de Instrução Penal com 14 indiciados. Também contribuimos com a investigação para que o escândalo do Jaleco Branco fosse investigado; para que o G8 fosse desmascarado e desmontado; entre outras medidas saneadoras. Outra ação significativa do governo foi com relação ao programa TOPA, quando Wagner assumiu o goveno hávia dois milhões e duzentos e cinquenta mil baianos analfabetos, atualmente 400 mil já sairam da escuridão graças a implementação deste programa que é considerado como o maior empreendimento educacional de alfabetização em funcionamento no mundo.
O programa Água Para Todos, estamos trabalhando para levar água potável a 38% dos bainos que ainda não dispõe deste benefício. O sistema de saúde do Estado era um caos e atualmente já construimos seis hospitais, dois já entregues à população e os demais deverão estar prontos em junho ou no mais tardar em julho. Também já foi colocado à disposição dos baiano 400 Postos da Família, além de termos feitos outras intervenções que superam em mais de 25% do número real de leitos até então existentes, foram ampliados os números de UTIs próximo a 100% em todo o Estado. Ações como estas demonstram que a Bahia hoje vive uma outra realidade e que a exclusão social está sendo reduzida.Tudo isso é fruto de um trabalho consistente e integrado com o presidente Lula, não apenas nas ações administrativas, mas também nas ações políticas. Hoje podemos afirmar que a Bahia é muito melhor e mais justa para os baianos.
JFH - Wagner procrastinou a ida dele ao palanque de Walter Pinheiro, em Feira ele não participou do processo eleitoral em 2008. Você considera que esta foi uma atitude respeitosa para com os companheiros de partido?
Zé Neto – A verdade é que em um governo de alianças, Wagner tem que ter cuidado ao participar de uma eleição do nível e da importância de Feira. Na época ambos os candidatos, Colbert Martins e Sérgio Carneiro, eram da base. No tocante a Salvador não houve procrastinação. Nós do próprio PT não tivemos a capacidade de encontrar um caminho mais tranquilo e a prévia acabou resultando em um atraso no processo de campanha. Não podemos atribuir a culpa ao governador, ele fez a parte dele e tem sido o grande timoneiro dessas importantes mudanças construídas na políotica baiana.
JFH – A candidatura de Walter Pinheiro em Salvador conduziu ao rompimento com o PMDB baiano. Em sua opinião, essa foi uma decisão acertada?
Zé Neto – Nós não queriamos e nem torcemos pelo rompimento político com o PMDB. Acredito que dava para tocar a situação na base do diálogo, se eles topassem manter um diálogo levando em consideração o seu peso político real no governo, o desfecho seria outro. Pessoalmente acredito que a atitude adotada pelo governo foi acertada, com a saída do PMDB o governo está muito mais leve e está havendo menos atritos. Queremos chegar a outubro de 2010, com grande parte das realizações do governo cumpridas.
JFH - Como o senhor avalia a candidatura de Paulo Souto e do ministro Geddel, este da base petista, em nível nacional?
Zé Neto - Paulo Souto vive um momento de completo isolamento, ele, bem como seus correligionários, não sabe exercer a política sem estar de posse da máquina administrativa. No caso de Geddel há um forte desespero, da parte dele, que busca a todo custo se utilizar dos feitos do governo federal e até mesmo Estadual, como ficou evidenciado no caso das ambulâncias do SAMU, de forma oportunista o ministro tentou pongar em ações realizadas no âmbito do governo do Estado junto ao presidente Lula e o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Atos como estes evidenciam que a conduta de Geddel não tem consistência na construção política. Nenhum dos dois candidatos tem apresentado um modelo de projeto que poderia confrontar com o que nós do PT, estamos construindo na Bahia.
JFH – As duas vagas existentes no PT para o senado, na chapa majoritária encabeçada por Wagner, estão sendo reservadas para dois ex- governadores carlistas, Otto Alencar e César Borges, o que tem causado resistência no interior do partido. O deputado Zé Neto que ganhou as eleições, a exemplo de Wagner, com o discurso de combater as oligarquias da Bahia. Como explica a formação de uma aliança tão distante do que o partido pregou em todo o seu processo histórico?
Zé Neto – O que eu posso dizer é que nós estamos no mesmo lugar projetando as mesmas ideias e com linguagem mais renovada. Se no Brasil, e na Bahia não é diferente, não houver coalizão de forças, você não governa com tranquilidade. É óbvio que essa coalização não passa apenas pelos interesses da Bahia, mas também por interesses da composição nacional, onde o PR e PP sempre fizeram parte do governo Lula. Na Bahia o PP chegou e é bem-vindo e o PR que já participa, em parte, do governo. Com a saída do PMDB, nós petistas, fomos compelidos a fazer alianças que dessem estabilidade política à administrativa ao nosso Estado. Ao recebermos acenos de figuras ligados a setores que antes estavam na oposição, e que hoje reconhecem no governo de Wagner um projeto melhor para a Bahia, nós temos que fazer com que este diálogo aconteça sem comprometer a espinha dorçal de toda a nossa construção.
Leia a 1º parte da entrevista com o deputado estadual José Cerqueira de Santana Neto (PT/BA)

Fonte: Carlos Augusto e Sérgio Jones
Jornal Feira Hoje

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