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quarta-feira, março 24, 2010

Indiciados dono e funcionária de lotérica

Agência Folha

NOVO HAMBURGO -- Os 35 apostadores de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, que compraram um bolão com as dezenas premiadas da Mega-Sena, mas não levaram o prêmio de R$ 53 milhões foram vítimas de estelionato. A conclusão é do delegado Clóvis Nei da Silva, que ontem encerrou o inquérito que apurou o caso.

No relatório, o delegado afirma que há evidências de prática de estelionato tanto do dono da lotérica, José Paulo Abend, 49, quanto da atendente Diane Samar da Silva, 21, que disse ter esquecido de registrar a aposta no sistema da CEF (Caixa Econômica Federal). Se condenados, eles poderão pegar penas de um a cinco anos de prisão.

"A argumentação do esquecimento da funcionária realmente não convenceu. Dos quatro bolões vendidos naquela semana, três não foram registrados e eles tiveram três dias para fazer isso", afirmou o delegado.

Silva encaminhou ontem o inquérito à Justiça Federal de Novo Hamburgo. O caso deverá ser remetido à Procuradoria. Para a polícia, a CEF também foi vítima. O inquérito aponta que a lotérica, apesar de receber comissões sobre as apostas feitas, superfaturava os valores cobrados por bolões vendidos aos apostadores.

No bolão que continha as dezenas sorteadas, diz o delegado, as 15 combinações numéricas vendidas custariam R$ 132, mas a lotérica pôs à venda 40 cotas a R$ 11 (R$ 440).

A reportagem não conseguiu localizar ontem José Paulo Abend, a funcionária ou seus advogados. Anteriormente, o dono do estabelecimento e a empregada sustentaram a versão de que o erro humano causou a confusão.

Procurada, a CEF não quis fazer comentários sobre as conclusões do inquérito porque analisa um recurso administrativo impetrado por Abend para reabrir a lotérica.

O estabelecimento está fechado desde 22 de fevereiro, dois dias após o concurso 1.155 que sorteou as dezenas que constavam no bolão.

Apostadores lesados recorrerão à Justiça para tentar obter o pagamento do prêmio pela Caixa e uma indenização por danos morais. Para o advogado Marcelo Luciano da Rocha, que representa 21 compradores do bolão, não faz diferença se a polícia considera ou não a Caixa vítima da lotérica. "O banco é responsável solidário por tudo o que houve."

Fonte: Agora

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