Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA – Novidades políticas neste começo de ano, só duas referentes ao cada vez mais próximo 2010: Geddel Vieira Lima, do PMDB, corre o risco de tornar-se candidato à vice-presidência da República na chapa encabeçada por Dilma Rousseff; Eduardo Suplicy vai botar água no chope do presidente Lula, exigindo uma prévia junto às bases do PT, quando disputará a indicação com a chefe da Casa Civil.
Tudo na dependência de Dilma decolar é claro, porque se lá para julho continuarem baixos os seus percentuais nas pesquisas, fica o dito pelo não dito, tornando-se irrefreável entre os companheiros a necessidade do terceiro mandato para o presidente Lula.
Quanto ao resto, nada de novo. Michel Temer permanece favorito nas eleições para a presidência da Câmara, enquanto, no Senado, a disputa flui para José Sarney em vez de Tião Viana ou Garibaldi Alves. Não haverá reforma do ministério, exceção a casos isolados e por enquanto desconhecidos. As reformas política e tributária continuarão sendo debatidas, mas dificilmente aprovadas no ano parlamentar.
José Serra manterá confortável distância sobre Aécio Neves, no interior do ninho, imaginando também permanecer na pole-position diante de possíveis adversários externos, começando por Dilma e admitindo-se Ciro Gomes e Heloísa Helena.
Como a realidade consegue sempre ser mais fascinante do que a ficção, é bom ficar com o pé atrás. Não dá para prever inusitados, pela própria lógica da semântica, ainda mais quando prevalecem, em política, o fato novo e o fato consumado, algozes de cálculos e de compromissos.
Apesar de haver declarado mil vezes não admitir o terceiro mandato, o Lula poderá ceder ao império das circunstâncias, se ficarem evidentes a vitória de Serra e a volta dos tucanos ao palácio do Planalto. O PMDB, de seu turno, poderá pesar prós e contras e decidir ficar onde sempre esteve, ou seja, com os vencedores. No caso, aderindo ao candidato do PSDB, com a ironia de poder indicar Geddel Vieira Lima como candidato a vice. Em paralelo, se insistir em não continuar mesmo, mas percebendo a impossibilidade da eleição de Dilma, o presidente Lula apoiaria Ciro Gomes? Ou manobraria para Aécio Neves bandear-se para o PMDB, surgindo como candidato?
Mesmo no Congresso surpresas não parecem afastadas. Agastado como PMDB, que quer as duas presidências, o PT retiraria o apoio a Michel Temer para apoiar Aldo Rebelo? E no Senado, se Sarney estiver falando sério e não pretender voltar à presidência da Casa, Garibaldi Alves continuaria?
Por tudo, melhor será aguardar cada dúvida no seu dia apropriado. Reunir todas pode dar dor de cabeça.
Na contramão
Insistiu o presidente Lula, na passagem do ano, em Fernando de Noronha e em Salvador, para todo mundo gastar. Não apenas o assalariado temeroso de perder o emprego, mas, em especial, os prefeitos recém-empossados e com medo de não poder cumprir suas promessas de campanha. Depois, o cidadão comum endividado e desempregado terá condições de bater na porta do palácio do Planalto, pedindo ajuda? Porque os prefeitos, certamente, farão isso.
Relaxar e gozar?
Nos aeroportos, permaneceu a confusão no último fim de semana do prolongado período de festas de Natal e Ano Novo. Vôos cancelados, atrasos aos montes, filas e falta de assistência aos passageiros. Nada de diferente do acontecido há um ano. Em especial, nenhuma expectativa de que a situação venha a melhorar.
Deve preparar-se o cidadão comum, carente de jatinhos particulares e de aeronaves oficiais. Vem aí o Carnaval, a Semana Santa, as férias de julho, a Semana da Pátria e, logo depois, o Natal e o Ano Novo. Inexistem sinais de que o governo interromperá a incompetência e a ganância das duas empresas monopolizadoras do transporte aéreo. TAM e GOL não estão nem aí para as ameaças pueris de multas e cassação de concessões de linhas. Sabem que ruim com elas, pior sem elas, já que para a população faltam alternativas. Viajar pelas rodovias federais e estaduais significa aventura mais perigosa ainda. Como inexistem ferrovias, a saída será mesmo relaxar e gozar nos aeroportos, como recomendou tempos atrás a indigitada ex-ministra do Turismo.
Com que roupa?
O dia não está marcado, mas na segunda quinzena do mês em curso o presidente Lula pretende reunir em Brasília todos os governadores estaduais, para discussão a respeito da crise econômica. Salvo engano, repetirá o conselho dado aos novos prefeitos: “gastem!” A estratégia do presidente é ver aumentado o ritmo de obras públicas e concessão de crédito às empresas e até ao cidadão comum, forma de fazer o dinheiro circular e de evitar a onda de desemprego já rolando pelo mundo.
Pode até dar certo, com base na experiência do governo federal, que não arrefecerá na disposição de levar adiante o PAC pelo simples motivo de haver recursos nos cofres públicos, oriundos das reservas que já foram de 200 bilhões de dólares mantidas lá fora. Já foram porque a boca de lobo ampliada lá fora continua carreando aqui para dentro os frutos de exportações celebradas antes da crise. Custará bastante para a interrupção do fluxo.
O problema é que os estados carecem desse mecanismo. Muitos na bancarrota, outros próximos dela, nenhum se encontra em condições de atender as recomendações do presidente. Nem mesmo São Paulo, onde as restrições começam a prejudicar negócios com outras unidades da federação.
O que responderão os governadores ao Lula? Pedirão participação nos bilhões geridos por Brasília? Exigirão redução de seus compromissos com o governo federal? Concluirão haver chegado o momento de o Congresso votar para valer a reforma tributária?
Resta-lhes desembarcar na capital entoando o histórico samba de Noel Rosa, o “com que roupa”, quando estiverem diante do chefe do governo.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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