Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

domingo, setembro 07, 2008

R$ 15 bilhões foram deesviados de obras públicas, calcula PF

Valor é relativo a período entre 2000 e 2008; peritos analisaram empreendimentos com recursos da União

Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Há menos R$ 15,58 bilhões nos cofres do Tesouro, revela mapeamento do Serviço de Perícias de Engenharia Legal da Polícia Federal - braço do Instituto Nacional de Criminalística (INC) que inspeciona obras públicas sob suspeita.

Os valores do desvio, corrigidos para 1.º de agosto, são relativos ao período entre 2000 e 2008 e foram calculados a partir da análise de 1.770 laudos elaborados pelos engenheiros federais em obras contratadas com recursos da União.

Nesses empreendimentos, espalhados pelos 26 Estados e o Distrito Federal, foram investidos R$ 110,47 bilhões.

Para chegar ao montante do rombo, os técnicos adotaram procedimentos de análise documental, levantamento topográfico, avaliação objetiva da qualidade do pavimento e ensaios laboratoriais.

Os modelos de obras que mais passaram pelo crivo da perícia são as edificações (33%) e as estradas (16%). Também foram alvo pontes (4%), drenagem (5%), hídricas (3%), elétricas (2%), água (9%), saneamento (8%). Os técnicos da PF identificaram superfaturamento médio de 30% nas obras em rodovias. Em alguns casos, o sobrepreço atingiu 250%.

Uma análise mais restrita, tomando por base universo de 430 Formulários de Procedimentos Posteriores - produzidos a partir de leitura minuciosa de laudos conclusivos -, aponta gastos de R$ 26,7 bilhões e desvios de R$ 3,77 bilhões.

Os peritos vistoriaram 9,32 milhões de metros quadrados de área e 3,84 milhões de metros cúbicos de materiais. Percorreram 211,8 mil hectares de terras. Foram inspecionados 364 canteiros. Eles analisaram o custo mínimo de 313 obras e a qualidade do material empregado em 177 delas. Em apenas 58 não identificaram malversação. Superfaturamento é recorrente: 168 contratos com preços irreais.

O índex da perícia enquadra 143 casos por "inexecução parcial ou total" dos serviços; outros 75 apresentaram "deficiência na qualidade"; e 63 não tinham o projeto básico exigido pela Lei 8.666/92, que disciplina procedimentos de licitação.

As fontes dos recursos que escoam pelo ralo da corrupção são ministérios, autarquias e também governos estaduais e municipais que firmam parcerias com a União.

São três os canais do desperdício, indica o catálogo dos peritos: preço muito acima da média de mercado, quantidade insuficiente de material aplicado e o desequilíbrio contratual que permite acréscimo e inclusão de serviços mais caros.

Sonrisal

Protagonistas de tantas aventuras, aqui diante de obras fantasmas na floresta, ali em visita a empreendimentos suntuosos, os técnicos da PF descobrem coisas do submundo do crime que os deixam indignados.
"Viaduto Sonrisal", por exemplo, é o pontilhão que desmancha logo, porque erguido sobre peças descartáveis.

"Contrato imortal" é documento antigo, porque firmado em gestões passadas, mas que ainda tem valor legal para abrigar contratações burlando imposição de uma nova licitação.

Régis Signor, mestre em engenharia civil e doutor em engenharia de produção, e Pedro de Souza Oliveira Júnior, bacharel em engenharia civil, são peritos tarimbados. Mas eles ainda ficam pasmos com o que vêem e anotam em seus cadernos. Os dois integraram a equipe que examinou obras em 5 rodovias no Tocantins. O que mais eles viram, além de descaso e abandono de obras com dinheiro da União, foi sobrepreço.

"Superfaturamento de 250%", aponta Oliveira Júnior. "A cada R$ 1 que o empreiteiro investia, R$ 2,50 ele enfiava no bolso."

O rombo nas estradas sugou R$ 200 milhões. "O gerenciamento de recursos públicos no Brasil é equivalente ao dos países mais pobres da África", compara o perito-engenheiro Marcos Cavalcanti Lima.

Na primeira estrada vistoriada, descobriram superfaturamento de preços e de volume de serviços. "As empresas contratadas cobraram durante quase 11 anos, cujo contrato inicial tinha duração prevista para menos de dois anos, mais de R$ 20 milhões para a execução de 70 quilômetros de uma rodovia que nunca foi acabada", concluíram os peritos da PF.
Fonte: Estadao

Em destaque

PT não tem forças para competir, mas influirá na eleição da Câmara

Publicado em 23 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do Cabral (Arquivo Google) Dora Kramer Fol...

Mais visitadas