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domingo, maio 14, 2006

O sexo pago

Por: Celso Fonseca (ISTOÉ Online)


A prostituição na Alemanha, um trabalhoregulamentado, vai receber reforço depelo menos 40 mil garotas para o Mundial
Depois de ficar 90 minutos assistindo a 22 homens correndo atrás de uma bola, muitos alemães e turistas da Copa do Mundo deverão procurar diversões mais excitantes. Sexo, por exemplo. Durante o Mundial, a Alemanha, que alavancou vários mercados com a competição, será também uma espécie de paraíso do prazer remunerado. No país, desde 2001 a prostituição tornou-se uma profissão como outra qualquer. Há uma lei oficializando a atividade das “profissionais” e não se pode punir freqüentadores de bordel. Por lá, das meninas aos administradores, o mercado sexual envolve 440 mil pessoas. Mas, para a Copa, apenas os países do Leste Europeu deverão enviar um reforço de 40 mil mulheres, muitas ilegais. Neste contingente, há suspeitas de tráfico e exploração, inclusive envolvendo brasileiras.
A polícia começa a agir para conter os excessos. Na quinta-feira 11, 100 pessoas, entre elas 74 prostitutas, foram presas depois que um dos maiores bordéis do País, o Pascha, de Colônia, publicou anúncio em seu site oficial recrutando mão-de-obra para o evento. Queria garotas de toda a Comunidade Européia e assegurava a regularização profissional das candidatas. A empresa gaba-se de ser a única a oferecer devolução de pagamento, caso o cliente não fique feliz com o atendimento. Mas, se o Pascha tem as melhores promoções, o bordel mais badalado e luxuoso da Copa será o Artemis, em Berlim. Está estrategicamente situado bem perto do palco reservado para a final, a apenas três paradas de trem do estádio Olímpico. Oportunamente inaugurado meses atrás, está instalado numa construção de três andares e 5, 5 mil metros quadrados. Custou sete milhões de euros – algo em torno de R$ 18,2 milhões. Deverá dispor de cerca de 100 cortesãs, entre as melhores mulheres do mundo, e poderá promover a satisfação de pelo menos 300 clientes por dia. É uma espécie de Nações Unidas do sexo, com garotas vindas de todas as partes do mundo, até de lugares improváveis como o Afeganistão.
Artemis: só a entrada custa 70 euros
A Copa, que acontecerá entre 9 de junho e 9 de julho, terá uma platéia essencialmente masculina, com dinheiro e tempo disponível. No caso do Artemis, bolso cheio é essencial. São 70 euros apenas para entrar, consumo à parte. Os honorários das moças não saem por menos de 120 euros (R$ 243) e elas, segundo a administração, não pagam taxa de faturamento. Quem não tiver tanta bala na agulha pode apelar para as garotas da rua e utilizar as cabines individuais distribuídas nos subúrbios das cidades-sede dos jogos. A perspectiva de tanto movimento sexual preocupa. Desde janeiro, o Parlamento da União Européia solicita que a Alemanha evite exageros criados pelo mercado do sexo durante a Copa, mas há pouco a fazer. Associações de defesa da família começam a se mobilizar contra o que consideram excessos. Tentam angariar a participação dos jogadores da seleção alemã, mas até agora o único a se engajar foi o goleiro Jens Lehman, que curiosamente trava um duelo árduo com Oliver Kahn, eleito o melhor jogador da Copa de 2002, para ser o titular. No seu caso, qualquer iniciativa que aumente sua popularidade é bem-vinda. Os jogadores da Suécia aderiram à castidade. Anunciaram aos ventos gelados que em hipótese alguma visitarão um bordel. As preocupações não vêm apenas dos conservadores. As próprias prostitutas querem clientes educados, higiênicos e, no país da cerveja, estão em campanha contra o risco de violência por parte de beberrões exagerados. Porque ninguém merece, em qualquer profissão, agüentar um bêbado agressivo.

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