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domingo, maio 14, 2006

Código Da Vinci, o filme

Por: Ivan Claudio (ISTOÉ Online)


Chega a 500 cinemas do País a obrapolêmica estrelada por Tom Hanksque envolve a vida de Jesus Cristo,a Igreja Católica e o Opus Dei numatrama de suspense, crime e mistério
O Brasil possui 2.045 salas de cinema. A conta é exata. Na sexta-feira 19, de cada quatro salas, pelo menos uma estará exibindo O código Da Vinci (The Da Vinci code, Estados Unidos, 2006). É o filme mais aguardado dos últimos anos. Desde o início das filmagens, pouca coisa foi revelada da adaptação cinematográfica do polêmico best seller homônimo do americano Dan Brown. O sigilo, bem apropriado ao lado investigativo da história, cheia de enigmas, códigos, decifrações e descobertas, foi uma estratégia da Sony Pictures, dona dos US$ 125 milhões da produção. O filme também se cerca de boatos e protestos, sendo que as últimas manifestações foram muito bem-vindas ao diretor Ron Howard, que mirou na Igreja Católica e, sobretudo, em sua ala mais conservadora, representada pela organização Opus Dei. Portanto, é com aura de mistério e uma expectativa alimentada por 46 milhões de leitores (só no Brasil são 1,2 milhão) que O código Da Vinci chega às telas, sem sequer passar pelo teste da crítica – ou seja, depois de abrir o Festival de Cannes, o thriller histórico-teológico aterrissa direto em mais de 500 salas do País.
Expectativa: Audrey Tautou e Tom Hanks diante de A última ceia, de Da Vinci, e o diretor Ron Howard com a equipe em Paris
É irrelevante discutir se o filme é ou nãouma boa adaptação do romance, se estamos diante de um fenômeno de marketing que explodiu no exato momento do anúncio das filmagens em 2004. Primeiro, com a escolha de Tom Hanks para viver Robert Langdon, o professor de semiótica de Harvard, protagonista da história. Depois, com todos os problemas gerados pela proibição de se filmar na Inglaterra na Abadia de Westminster. A seguir, vieram as negociações bem-sucedidas para se conseguir filmar no Museu do Louvre, em Paris. O próprio presidente da França, Jacques Chirac, reuniu-se com Howard pedindo que, em troca da cessão do museu, o papel da criptógrafa francesa Sophie Neveu, que auxilia Langdon nas investigações, fosse dado a uma “atriz amiga de sua filha”. Quem venceu a disputa foi a atriz francesa Audrey Tautou.
É em razão de um assassinato acontecido na Grande Galeria do Louvre que Langdon é procurado pela polícia e a sua difícil missão é tentar decifrar ocenário do crime, a poucos passos da tela de Mona Lisa, pintada por Leonardo da Vinci. Lá estava o cadáver do curador do museu, Jacques Saunière (Jean-Pierre Marielle), que antes de morrer se postou com as pernas e os braços abertos em V, como em O homem vitruviano, do mesmo Da Vinci (outros trabalhos do italiano, como a Madona das rochas e A última ceia, terão papel importante nas investigações). Por trás desse crime estão dois personagens ligados ao Opus Dei: o monge albino Silas (Paul Bettany) e o Bispo Aringarosa (Alfred Molina). Se existe alguém que ainda não saiba o enredo de O código Da Vinci, após o sucesso estrondoso do livro, é o monge Silas quem mata, a mando de Aringarosa, o curador do museu – que vem a ser o Grão-Mestre do Priorado de Sião. Ele o faz para preservar um dos maiores segredos da Igreja, o fato de Jesus Cristo ser supostamente pai de uma filha com Maria Madalena.
Enigma: Sophie (Audrey Tautou) eo curador do Louvre assassinado
Retratado como um psicótico, Silas se pune com chicotadas e usa um instrumento de tortura, o cilício (aro de metal feito de pontas cortantes) encravado nas coxas como forma de penitência. “Não é exatamente o que eu descreveria como uma roupa confortável”, diz o ator Bettany – que obviamente utilizou um modelo flexível que não penetrava nas pernas. De todos os personagens da história, Silas é o mais excomungado pelos protestos religiosos. A instituição americana Organização Nacional pelo Albinismo e Hipopigmentação (Noah) anunciou que fará manifestações nas portas dos cinemas. O Opus Dei adotou uma estratégia apelidada de Operação Limonada. “Se tem um limão, faça uma limonada. Uma declaração de guerra só interessa ao marketing do filme”, disse o porta-voz da organização, Marc Carroggio. O Opus Dei já havia pedido à Sony Pictures que colocasse nos créditos a ressalva de que se trata de uma história fictícia, mas a empresa não se comprometeu a atender ao pedido: “Não temos intenção de revelar nenhum aspecto do filme antes da estréia”, disse a ISTOÉ Jim Kennedy, porta-voz da Sony. É nesse clima de mistério, portanto, que os espectadores formarão filas nos cinemas.
Preocupada com a mensagem negativa, a Igreja calculou o prejuízo e considera que o público potencial a ser atingido pela heresia fica em torno de 800 milhões de pessoas. Embora não peça um boicote, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cardeal Geraldo Majella Agnelo, condenou a “maneira leviana e desrespeitosa” com que estão sendo tratadas convicções tão sagradas para os cristãos. O editor Geraldo Jordão Pereira, da Sextante, que teve a sorte de comprar os direitos de publicação do livro por US$ 12 mil, espera que a estréia do filme dê uma nova alavancada nas vendas. Ele não revela o seu lucro, mas diz: “Pela primeira vez na vida, com 50 anos de carreira editorial, coloquei algum dinheiro no bolso.” E tenta relativizar a polêmica passada do livro e a polêmica presente do filme: “Trata-se de uma ficção.” O professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Fernando Altemeyer, tenta não levar Dan Brown muito a sério. “Ele está a milhões de anos-luz da seriedade teológica. O seu Jesus não tem nada a ver com o de Nazaré, o seu Opus Dei não coincide com o real, Da Vinci não pertencia a nenhuma organização secreta”, diz ele. Certo ou errado, não importa. É certo que o filme vem com a marca de estrondoso sucesso de público.

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