Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, abril 05, 2021

Procuradores da Lava Jato defendem a anulação da suspeição de Moro em documento enviado ao STF


Procuradores dizem que caso perdeu o objeto após decisão de Fachin

Fábio Zanini
Folha

Sete procuradores da Lava Jato enviaram nesta segunda-feira, dia 5, um documento aos 11 ministros do STF em que defendem a anulação da suspeição do ex-juiz Sergio Moro se o plenário da Corte referendar a decisão de Edson Fachin que reconheceu a incompetência da Vara de Curitiba e reverteu as condenações do ex-presidente Lula. A peça é um “memorial”, instrumento jurídico que apresenta argumentos aos ministros buscando influenciar em sua decisão.

A tese descrita é que a suspeição de Moro não poderia ter sido julgada pela Segunda Turma do STF, no dia 23 de março, antes da apreciação pelo plenário da Corte da decisão de Fachin. Relator da Lava Jato, Fachin surpreendeu os mundos jurídico e político em 8 de março, ao aceitar o argumento da defesa de Lula de que o foro para suas ações na Lava Jato não é Curitiba.

PLENÁRIO DO STF – Após recurso da Procuradoria Geral da República, Fachin remeteu sua decisão para o plenário do STF. O presidente da Corte, Luiz Fux, marcou o julgamento para 14 de abril. “Uma vez confirmada (se confirmada) a incompetência do juízo da Vara de Curitiba, entende-se que ficará prejudicada a questão relativa à suspeição do juízo”, diz o memorial, assinado pelos advogados Marcelo Knopfelmacher e Felipe Locke Cavalcanti.

Eles representam os procuradores Deltan Dallagnol, Januário Paludo, Laura Tessler, Orlando Martello, Júlio Carlos Noronha, Paulo Roberto Carvalho e Athayde Costa. Segundo os advogados dos procuradores, a decisão de Fachin quanto ao foro resulta na perda do objeto relativo à suspeição de Moro. Ou seja, na prática, não teria validade.

ATOS INSTRUTÓRIOS – Ainda de acordo com o memorial dos procuradores, se o plenário do STF referendar a decisão de Fachin, o processo de Lula retornará à fase de recebimento da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. Nesse caso, o magistrado de primeiro grau decidirá se aproveita ou não os atos instrutórios do processo.

Após a decisão de Fachin, três casos de Lula foram remetidos à Justiça Federal de Brasília, referentes ao tríplex, reformas no sítio de Atibaia usado pelo ex-presidente e compra de imóvel para o Instituto Lula pela Odebrecht. Ainda não está claro se os autos dos processos poderão ser aproveitados pelos novos magistrados, ou se terão de ser anulados, como diz a defesa do ex-presidente.

MPSE pede suspensão do funcionamento de academias, bares, restaurantes, lanchonetes e salões de beleza em Aracaju

 

Por G1 SE

 


Fachada Ministério Público de Sergipe, MPE Sergipe, MPE/SE — Foto: Reprodução/TV Sergipe

Fachada Ministério Público de Sergipe, MPE Sergipe, MPE/SE — Foto: Reprodução/TV Sergipe

Nesta segunda-feira (5), o Ministério Público do Estado (MPSE), ajuizou uma ação civil pública, para que seja suspenso o funcionamento de academias, bares, restaurantes, lanchonetes e salões de beleza na cidade de Aracaju. A ação, segundo o MPSE , foi necessária uma vez que o município está acompanhando as mesmas restrições apontadas pelo estado, de forma genérica, como se a situação da capital fosse igual à das demais cidades do interior

A ação pede que essas medidas devem ser adotadas até que a prefeitura apresente, em até 10 dias, um estudo técnico devidamente embasado comprovando que possui estrutura dos serviços de atenção à saúde da população para atender a demanda da Covid-19.

Além disso, diz a ação, que o município deve demonstrar que há o suprimento de equipamentos (leitos, EPIs e testes laboratoriais) e, ainda, equipes de saúde para assistência, em quantitativo suficiente e estabilidade na rede privada e pública de assistência, considerando especialmente a taxa de ocupação atual dos leitos privados e públicos.

O MPSE pede também, que o município de Aracaju fiscalize o cumprimento das medidas indicadas nos decretos e nas determinações judiciais e apresente, quinzenalmente, relatório nominando os estabelecimentos autuados e as providências adotadas.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que ainda não foi notificada sobre o pedido.

Nota da da redação deste blog - Lendo esse pedido do MPSE, o bom senso determina que para qualquer autoridade permitir com responsabilidade o funcionamento de academias, igrejas, bares e qualquer local que cause  aglomeração, deveria no mínimo ser detentor de condições estabelecidas pelo MPSE, no caso, "que possui estrutura dos serviços de atenção à saúde da população para atender a demanda da Covid-19, que o município deve demonstrar que há o suprimento de equipamentos (leitos, EPIs e testes laboratoriais) e, ainda, equipes de saúde para assistência, em quantitativo suficiente e estabilidade na rede privada e pública de assistência, considerando especialmente a taxa de ocupação atual dos leitos privados e públicos."

Um hospital que que manda os familiares permanecerem  acumulados num quarto tomando conta dos parentes com COVID-19, qual a moral ou condições para liberar tais atividades a não ser presentear o COVID-19 com vidas humanas.

Infelizmente responsabilidade e autoridade está sendo coisa rara na nossa Bahia.

Decisão de Marques gera insatisfação e ministros do STF querem julgar liberação de cultos e missas no plenário

 

Entendimento da Corte é que estados têm legitimidade para impor restrições

Natália Portinari
O Globo

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kássio Nunes Marques liberando cultos religiosos presenciais gerou insatisfação nos bastidores. Ministros ouvidos pelo O Globo, querem que o presidente, Luiz Fux, leve o tema ao plenário assim que possível. Há preocupação com o risco de aglomerações em igrejas no pior momento da pandemia do coronavírus.

“Não temos expertise na área (de saúde) e nem somos Executivo”, disse o ministro Marco Aurélio, que discorda da decisão de Nunes Marques. Para ministros da Corte ouvidos pelo O Globo, a decisão, proibindo que estados e municípios suspendam completamente celebrações religiosas, vai contra o entendimento do plenário do STF de que os entes da federação têm autonomia para decidir sobre as restrições na pandemia.

ESTRATÉGIA – O ministro Gilmar Mendes é relator de uma ação semelhante, também pedindo a liberação de cultos, proposta pelo PSD. Uma das estratégias aventadas nos bastidores é que Gilmar dê uma decisão rejeitando o pedido, forçando que o tema seja tratado pelo plenário.A interlocutores, Luiz Fux disse que cabe ao relator, Nunes Marques, liberar a ação para ser pautada em plenário, o que só deve ocorrer após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ser ouvida no processo.

Marco Aurélio afirma que a PGR poderia ser ouvida durante a sessão e que Fux poderia avocar já o processo para o plenário, opinião partilhada também por outros ministros ouvidos pelo O Globo em reservado.

“Para o relator atuar não foi  preciso. Para o colegiado maior será? Enquanto isso tem-se espaço para contágio. Aonde vamos parar?”, questionou Marco Aurélio. Através de sua assessoria, o ministro Luiz Fux disse que não iria se pronunciar sobre a ação.

Mudanças na Defesa e nas Forças Armadas ampliam poder de Ramos no Planalto

Publicado em 5 de abril de 2021 por Tribuna da Internet

General operou junto com Braga Netto para contornar descontentamentos

Roberto Godoy e Andreza Matais
Estadão

As mudanças no ministério do governo de Jair Bolsonaro trouxeram à tona a influência de um amigo do presidente desde o tempo da Escola de Cadetes do Exército. O general da reserva Luiz Eduardo Ramos operou, em parceria com o também general Walter Braga Netto, a missão dada por Bolsonaro de demitir a cúpula das Forças Armadas e consolidar a aliança com o bloco dos partidos do Centrão.

Foi num encontro no último domingo de março, dia 28, na casa de Braga Netto, em Brasília, que Bolsonaro decidiu substituir o ministro da Defesa, general Luiz Fernando Azevedo e Silva, e o comandante do Exército, Edson Pujol. Ramos estava presente à conversa. A troca abalou a caserna e alterou as posições de poder no governo. Braga Netto foi nomeado para a pasta militar e Ramos herdou a cadeira do amigo na chefia da Casa Civil.

DESCONTENTAMENTO – Na prática, a dupla resolveu a crise no Ministério da Defesa por meio de conceitos e procedimentos militares, de Estado Maior. Para conter o descontentamento com a saída de Azevedo e Silva, de Pujol e dos então comandantes da Marinha, Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Antônio Carlos Bermudez, Braga Netto e Ramos trataram de fazer uma gestão de redução de danos: montaram a sucessão em menos de 24 horas com nomes respeitados tanto pelas tropas quanto pelo Altos Comandos.

Interlocutores do Palácio do Planalto observam que a dupla formada pelo bonachão Ramos e pelo reservado Braga Netto demonstrou, nos últimos meses, entrosamento nas “missões” ordenadas por Bolsonaro. Como consequência da operação discutida naquele domingo, os dois generais ficaram com ministérios estratégicos.

BRAÇO DIREITO – A Casa Civil coordena as atividades das demais pastas. O ministro-chefe sempre atua como braço direito do presidente. Tem poder no controle das nomeações de cargos e na distribuição de verbas. Ao mesmo tempo em que travou duelo com colegas militares, entrosado com o presidente, Ramos selou sua ligação com Bolsonaro ao construir a aliança com o Centrão.

Em fevereiro, o general coordenou uma ofensiva que despejou R$ 3 bilhões em emendas parlamentares para obras, atropelando articulações no Congresso, como revelou o Estadão. Com a estratégia, garantiu as vitórias de Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão, para o comando da Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do  Senado. Ouviu elogios de Bolsonaro, que chegou a dizer que ele ficaria com a “jaca” da articulação política, como mostrou o Estadão.

Pressionado pelo Centrão, no entanto, Bolsonaro decidiu nomear a deputada Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo, pasta antes chefiada por Ramos. Flávia era um nome ao gosto do general e, principalmente, de Lira, que já tinha indicado a deputada para presidir a Comissão Mista de Orçamento. Assim, o Centrão agora passava a ter sala oficial dentro do Planalto. A troca também foi discutida na casa de Braga Netto, no domingo passado.

Amizade. Braga Netto chegou ao Planalto em fevereiro de 2020 para ocupar a Casa Civil, após atuar como interventor federal na segurança pública do Rio, em 2018, no governo Michel Temer. De forma pragmática, ele e Ramos passaram a trabalhar em dobradinha. Mas o novo chefe da Casa Civil, amigo de longa data de Bolsonaro, ganhou fama de exagerar na adulação ao presidente.

Ramos deixou a caserna em julho de 2019 para assumir o primeiro cargo no Planalto, a Secretaria de Governo. Nessa época, ele já demonstrava disposição para o jogo político. “Quem controla o Estado-Maior controla qualquer coisa”, dizia o general, sempre que amigos lhe perguntavam se iria se adaptar às turbulências do Planalto.

Aos 64 anos, Ramos tem um currículo extenso nos quartéis e gabinetes da burocracia militar. Mas, ao contrário do que sugere a frase dita sobre o poder, no entanto, ele não chegou oficialmente ao comando do Estado-Maior do Exército, o influente órgão que planeja a política de uso das tropas e define diretrizes militares. Ramos foi vice do general Luiz Fernando Azevedo e Silva, comandante oficial em 2018 e 2019.

Militares que o conhecem há tempos, ouvidos pelo Estadão, dizem que ele não perde a chance de reivindicar o controle de espaços e superdimensionar suas posições políticas. É inegável, porém, que Ramos desfruta da intimidade do presidente. Atualmente, por exemplo, é um dos únicos ministros que o tratam por “Jair”, embora nunca em público.

Paraquedista como Bolsonaro, Ramos se formou em 1979 pela Academia das Agulhas Negras, foi chefe da 1ª Divisão do Exército no Rio e da 11ª Região Militar de Brasília. De 2011 a 2012, ele também comandou a Missão de Paz da ONU no Haiti, uma estratégia da política externa dos governos petistas que empoderou a geração de generais do período democrático. Em Porto Príncipe, a habilidade de  negociação de Ramos foi decisiva para  acelerar o processo de pacificação de Cité Soleil, núcleo rebelde onde a força da ONU tinha muita dificuldade para entrar.

Na campanha do amigo Bolsonaro, em 2018, Ramos estava à frente do Comando do Sudeste, em São Paulo, função considerada estratégica pela proximidade do poder econômico. Trata-se de um cargo que exige menos aptidão de tiro e mais concentração em política do Exército.

Deputados e senadores da base aliada do  Planalto e mesmo colegas de governo reclamam que o general “planta” informações e alardeia notícias sem fundamento. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, chegou a escrever no Twitter que Ramos tem postura de “#mariafofoca”. Depois, pediu desculpas pelo “excesso”. Ramos nunca responde aos ataques em público, preferindo o silêncio, sob o argumento de que não age para  prolongar “crises artificiais”.

Influência. A Casa Civil, hoje comandada por Ramos, tem na tradição e  na proximidade com o presidente pilares de influência única. No passado, a pasta foi chefiada por nomes fortes, como Lourival Fontes no governo democrático de Getúlio Vargas, Leitão de Abreu no tempo do ditador Emílio Garrastazu Médici, o general Golbery do Couto e Silva nas gestões de Ernesto Geisel e João Figueiredo, Clóvis Carvalho e Pedro Parente na era Fernando Henrique Cardoso e José Dirceu e Dilma Rousseff na administração de Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi a partir de Golbery que a Casa Civil se tornou o ministério das “eminências pardas”. Ramos, por sua vez, sempre teve como característica o trabalho de bastidor do poder. Mas, ao contrário do homem forte da ditadura, não tem a discrição como uma característica, na avaliação de aliados.

Esses mesmos interlocutores do Planalto destacam que, pelas características de Bolsonaro – um presidente sem paciência para ler processos e documentos –, o general se tornou figura-chave no aconselhamento do uso da “caneta Bic” do governo. É na Casa Civil que projetos e programas elaborados nos ministérios e, mesmo em negociações no Congresso, são revisados e chancelados antes da aprovação presidencial.

Em dois anos de governo, militares que estiveram com Bolsonaro na campanha perderam seus cargos, tiveram sua influência reduzida ou enfrentaram afastamento do gabinete presidencial. É o caso de Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e mesmo do vice-presidente Hamilton Mourão, com quem Bolsonaro mantém relação distante.

Colegas de Bolsonaro e Ramos nos tempos de quartel apostam que, pela amizade entre os dois, desde a Escola Preparatória de Cadetes, o general somente entrará na lista dos defenestrados pelo presidente se houver um terremoto político.

Governo da Bahia volta a declarar estado de calamidade em todo o estado

Governo da Bahia volta a declarar estado de calamidade em todo o estado
Foto: Matheus Caldas/Bahia Notícias

O governo da Bahia publicará na edição do Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (6) um novo decreto declarando estado de calamidade pública em todo o território em virtude da pandemia da Covid-19. Este é o terceiro decreto do tipo publicado pelo governo baiano para fins de prevenção e enfrentamento ao novo coronavírus. A medida autoriza a mobilização de todos os órgãos estaduais, no âmbito das suas competências.

 

A publicação do decreto segue normativa do Ministério do Desenvolvimento Regional e viabiliza a liberação de recursos por parte do Governo Federal para que sejam aplicados nas medidas de prevenção, controle, contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública, a fim de evitar a disseminação da doença.

Bahia Notícias

Acordo de bastidores : Governo negocia R$ 7,3 bilhões a deputados no toma lá dá cá com o Congresso

Publicado em 5 de abril de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Benett (Arquivo do Google)

Malu Gaspar e Mariana Carneiro
O Globo

Enquanto o governo Jair Bolsonaro e o Congresso guerreiam publicamente em torno da necessidade de cortar do Orçamento cerca de R$ 30 bilhões, para não furar o teto de gastos, outra boiada, de R$ 7,3 bilhões, está prestes a passar sem ser notada. Esse é o valor do cheque em branco que os parlamentares terão para enviar para suas bases, sem precisar dizer em quê os recursos serão aplicados nem prestar contas de seu uso.  

Incluído na lei orçamentária pelos deputados, no final do ano, ele foi chancelado há duas semanas por um acordo de bastidores entre governo e parlamentares. E foi estabelecido sem a aprovação de uma emenda constitucional, como manda a lei.

INCONSTITUCIONAL – Para barrar a manobra, o Partido Novo acaba de entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade pedindo que o Supremo Tribunal Federal derrube o mecanismo. “Além de inconstitucional, a mudança não nos deu nem chance de discutir como melhorar o controle sobre o uso do dinheiro. Do jeito que está, o mecanismo tem tudo para ser a origem de um novo escândalo do Orçamento”, diz o deputado Vinicius Poit, líder do Novo na Câmara.

Chamada de transferência especial, essa forma de envio do dinheiro foi criada no final de 2019 com o propósito de facilitar o repasse dos recursos, em geral lento e burocrático. Na primeira versão, feita por emenda à Constituição pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e aprovada em parecer do senador Antônio Anastasia (então no PDSB-MG), cada deputado e senador poderia destinar a seus estados, por repasse direto, metade de sua cota de emendas individuais para essas transferências.

SEM PREVISÃO – A questão é que a lei não previu nenhuma forma de acompanhamento dos gastos. Basta o parlamentar indicar o nome da cidade que deve receber o dinheiro, e os recursos caem direto na conta da prefeitura, que também não precisa dizer o que fará com ele. Na prática, criou-se uma exceção à regra, adotada em toda a administração pública, pela qual o dinheiro para obras ou programas custeados com dinheiro da União é repassado a estados e prefeituras por ministérios setoriais, e seu uso é fiscalizado pela Caixa.

Normalmente, os técnicos do banco visitam as obras para verificar como o dinheiro está sendo gasto. Mas o banco cobra pelo serviço uma taxa que já foi de 12% do valor dos repasses e hoje está em 4,5%, o que sempre foi motivo de reclamações por parte de prefeitos e governadores.

Para as transferências especiais, a fiscalização federal não existe mais, e os órgãos vinculados à União também não precisam prestar contas do uso do dinheiro. Em tese, como o dinheiro passa aos estados e municípios, a fiscalização do uso dos recursos deve ser local, por tribunais de contas estaduais ou municipais. No ano passado, foram R$ 621 milhões repassados a prefeituras dessa forma.

EMENDAS DE BANCADA – Os parlamentares gostaram tanto da inovação que, em 2021, resolveram ampliar seu escopo. Se em 2020 podiam custear apenas parte das emendas individuais, para 2021 eles resolveram incluir também as emendas de bancada. Em 2021, o valor das emendas individuais repassado por meio de transferências especiais já soma R$ 2 bilhões. As emendas de bancada, R$ 7,3 bilhões. Se a nova regra for mantida, serão R$ 9,3 bilhões de reais enviados a estados e municípios sem qualquer controle.

A mudança também subverteu a própria natureza das emendas de bancada. Antes, o dinheiro tinha de ser enviado para obras com projeto aprovado e submetido à fiscalização — o que fazia com que os parlamentares se reunissem e escolhessem algumas obras, muitas já em curso.

Como agora o projeto e a justificativa do uso do dinheiro não são mais necessários, os parlamentares vão simplesmente rachar o montante pelo número de deputados e senadores de cada estado e enviar suas cotas direto para prefeitos e governadores aliados. No Orçamento de 2021, cada estado terá R$ 270 milhões.

SEM FISCALIZAÇÃO – Para dar uma ideia do que isso representa, um deputado ou senador do Acre, que tem o menor número de parlamentares (11) do país, no ano passado teve R$ 8 milhões  para enviar para municípios de sua base sem qualquer tipo de fiscalização.

Agora, terá R$ 32 milhões — 12% dos R$ 270 milhões reservados para emendas de bancada para o estado em 2021. Um deputado do Piauí, por exemplo, agora poderá dispor de até R$ 29 milhões para irrigar, a seu bel prazer, cidades do seu reduto eleitoral.

“Esse tipo de repasse faz com que os interesses eleitorais-individuais acabem se sobrepondo, cada vez mais, à lógica do Orçamento de alocar um montante limitado de recursos em atividades de interesse coletivo. Desse jeito, cada um tira um naco e leva pra casa”, afirma o especialista em contas públicas Marcos Mendes.

COMEMORAÇÃO – Quem colocou a nova permissão no texto da lei orçamentária foi o senador Irajá Abreu (PSD-GO). No discurso que fez comemorando a aprovação, ele disse que a mudança evitaria uma demora de no mínimo dois anos pelo recebimento dos recursos. “O país não pode esperar tanto tempo”.

O senador, porém, não explicou por que não fez a mudança por emenda constitucional, como manda a lei, nem incluiu nenhuma forma de fiscalização da aplicação desse dinheiro. A equipe do blog o procurou desde quinta-feira para responder a essas perguntas, mas ele apenas nos enviou uma nota repetindo o discurso feito em plenário e não respondeu às perguntas.

Em dezembro, assim que as transferências foram incluídas na lei, a equipe econômica recomendou a Jair Bolsonaro que vetasse o dispositivo. Foi o que o presidente fez.

DERRUBADA DO VETO – Os parlamentares, porém, derrubaram o veto no último dia 17 de março com 439 votos. Só 19 se opuseram. No Senado, a votação foi quase unânime, por 73 votos a 1. As emendas de bancada estão entre as despesas impositivas, ou seja, que não podem ser cortadas.

Diante de tal resultado, o governo cedeu e costurou um acordo nos bastidores, por meio do líder no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e do então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos: liberaria as transferências especiais para as emendas de bancada desde que os deputados não retardassem ainda mais a votação do Orçamento, que deveria ter ocorrido final de 2020. Na semana seguinte ao acordo, o Orçamento foi aprovado.

Agora, o Partido Novo tenta derrubar a medida no STF. E não é só a sigla que está de olho nesses repasses. Em 2019, quando o mecanismo foi criado, a Quinta Câmara do Ministério Público Federal, responsável pelo combate à corrupção, emitiu uma nota técnica sugerindo ao Congresso que não aprovasse a criação das transferências especiais.

RISCO DE USO ELEITORAL –  Além de apontar o risco do uso eleitoral da verba pública, que certamente ajudará na reeleição de muitos parlamentares e aliados, o MP chamou a atenção para a falta de fiscalização sobre o uso do dinheiro. “A limitação de controle aumenta sensivelmente o risco de malversação, desperdício e até mesmo de desvio dos recursos destinados aos estados e municípios”, alertou o MP ao Congresso.

Porém, apesar de enfático, o relatório do MP foi ignorado. As transferências especiais, criadas por uma deputada do PT, aprovadas com parecer de um senador do PSDB e ampliadas por um senador do PSD, são uma das poucas coisas que unem todos os pólos da política no Congresso. Por 7 bilhões de razões.


Em destaque

Governo pagará R$ 60 mil a famílias de crianças afetadas pelo Zika

  Foto: TV Brasil/Arquivo Indenização será paga em casos de criança com deficiência comprovada 09 de janeiro de 2025 | 18:06 Governo pagará ...

Mais visitadas