Bombeiros que foram presos chegaram ao Centro do Rio marchando. Militares farão um agradecimento em uma passeata no domingo (12)
“Eu não tenho palavras, é uma emoção, uma felicidade enorme”, descreveu o tenente do Corpo de Bombeiros Adilson Bandeira, ao ser recepcionado neste sábado (11), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio por amigos e parentes após ficar sete dias preso. Ele e mais de 400 agentes deixaram o quartel de Niterói, na Região Metropolitana e se encaminharam para a escadaria da Alerj.
“A corporação estava retalhada antes desse movimento, e depois das manifestações conseguimos reatar uma união. Tenho 28 anos de corporação e nunca vi isso, é uma emoção grande. E reencontrar minha família é melhor ainda”, disse Adilson, após ver sua mulher e filhos.
Durante toda a manhã de sábado, familiares e amigos dos agentes se reuniram na Alerj para esperar os bombeiros. Os militares deixaram a Região Metropolitana de barca e chegaram à Praça XV, no Centro, por volta de 12h. A banda do Corpo de Bombeiros esperava os colegas e os acompanhou até as escadarias da Alerj. Marchando, os bombeiros passaram por um tapete vermelho, na Rua São José, ao lado da Alerj.
O cabo Marcelo Mata reencontrou os dois filhos e agradeceu aos que apoiaram. “Isso tudo serviu para a população aprovar e entender que as categorias podem reivindicar. A família é meu suporte, e vê-los de novo é muito importante”, disse.
Por volta das 14h, parte dos agentes já havia deixado a Assembleia Legislativa. “Agora os bombeiros vão para suas casas, ficar com as famílias. A intenção é desmontar o acampamento que montamos aqui na Alerj. Amanhã (domingo, dia 12) estaremos todos unidos na passeata, em Copacabana”, disse o porta-voz da corporação, o cabo Laércio Soares, se referindo ao movimento que vai se reunir em frente ao hotel Copacabana Palace na manhã de domingo (12).
Segundo o cabo Benvenuto Daciolo, um dos líderes do movimento que estava preso, "só sentamos para negociar se houver anistia", falou na manhã deste sábado.
De acordo com o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), 14 militares ainda aguardam a libertação no quartel de Charitas.
Prontidão da PM no domingo é suspensa
A Polícia Militar informou, neste sábado (11) que o comandante-geral Mário Sérgio de Brito Duarte, após conversa com o secretário de Defesa Civil, coronel Mauro Simões, decidiu suspender a escala extraordinária de domingo (12) da PM. As exceções são as unidades de Copacabana (19º BPM) e Leblon (23º BPM), e ainda as unidades envolvidas na operação policial da Vila Kennedy - Bope, BPChoque e 14º BPM.
O esquema de prontidão tinha sido determinado das 8h às 14h por causa de uma passeata de agradecimento dos bombeiros que está prevista para a manhã de domingo. O Sindicato estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) afirmou que também vai participar do evento. A categoria está em greve por tempo indeterminado por reajuste salarial.
Na noite de sexta (10), um grupo formado por nove militares que estava preso no Grupamento Especial Prisional (GEP), em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, já havia deixado a unidade.
O habeas corpus foi conseguido por um grupo de deputados federais na madrugada de sexta-feira. A decisão que favoreceu os presos foi do desembargador Cláudio Brandão, que estava de plantão judiciário na madrugada. Em parceria com a Auditoria Militar, técnicos da Diretoria Geral de Tecnologia da Informação (DGTEC) do TJ agilizaram a digitação dos alvarás.
Procurado pelo G1, o Tribunal de Justiça explicou que o habeas corpus é uma decisão liminar, que ainda vai ser julgada. Ou seja, será enviado por sorteio a uma Câmara Criminal. Nela, o relator, que também é um desembargador, poderá confirmar ou não a decisão.
MP denuncia bombeiros e PMs
Ainda na noite desta sexta-feira, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou à Justiça, os 429 bombeiros e dois PMs que foram presos após manifestação que culminou com a invasão do quartel. As informações são do MP-RJ. A denúncia foi subscrita pelos Promotores de Justiça Leonardo Cuña e Isabella Pena Lucas.
Secretário diz que não haverá perseguição a presos
O secretário estadual de Defesa Civil e comandante dos bombeiros no Rio, Sérgio Simões, declarou em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (10) que não haverá qualquer tipo de perseguição aos agentes.
Prisão no sábado
Os mais de 400 bombeiros estavam presos desde sábado (4), após policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) invadirem o quartel central do Corpo de Bombeiros. Mais de 2 mil manifestantes tinham tomado a unidade na noite de sexta-feira (3).
Fonte: Gazeta do Povo