Folha de S.Paulo
Nos três anos em que participou do governo do PT em Mato Grosso do Sul, de 1999 a 2001, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) consolidou fama idêntica à relatada por colegas do Senado: era um "trator". Em 2002, por sete meses, foi secretária de Londrina (PR), onde é lembrada como "dura, mas doce".
Essas são as duas últimas experiências da petista no Executivo. O marido dela, Paulo Bernardo --ministro das Comunicações--, também atuou nas duas gestões.
No governo sul-mato-grossense de Zeca do PT, ela foi condutora da reforma administrativa que incluía cortes de gastos e de pessoal.
Sofreu grande resistência do movimento sindical que dava suporte ao governo. "Nós a víamos como uma tecnocrata que defendia uma reforma neoliberal, aos moldes do governo de FHC", lembra o secretário-geral da CUT-MS, Alexandre Costa.
O sindicalista diz não ter boas lembranças das rodadas de negociação com a então secretária extraordinária de Reestruturação e Ajuste. "Ela era sempre muito dura." Houve debates acalorados e ameaças de greve.
Gleisi começou como responsável pela gestão de despesas e por cortes para reduzir o deficit, de quase R$ 20 milhões mensais. Em um ano, a arrecadação dobrou e o Estado conseguiu regularizar a folha de pagamento.
Para o deputado estadual Paulo Duarte (PT), que participou do governo, o casal de "estrangeiros" foi a escolha certa para a tarefa, mas não resistiu à "pressão política". "O remédio precisava ser amargo e desagradou. Houve um pouco de fogo amigo.
Ao sair, Bernardo voltou ao Paraná e foi trabalhar em Londrina, seu berço político, para ser secretário da Fazenda do novo prefeito Nédson Micheleti (PT). Gleisi seguiu o marido e foi nomeada secretária de Gestão Pública em abril de 2002. De lá, só saiu para integrar a equipe de transição de Lula.
Gleisi Hoffmann assumiu o cargo de ministra-chefe da Casa Civil sem ter praticamente nada a gerir de fato.
Para dar instrumentos para que Gleisi possa atuar na gestão dos principais programas do governo, a presidente Dilma Rousseff terá que reverter o processo de esvaziamento técnico que promoveu na pasta durante o comando de Antonio Palocci.
Fonte: Agora