Pedro do Coutto
O presidente eleito, Lula da Silva, anunciou ontem uma nova leva de ministros que formarão o seu governo e, na relação, surgiu o nome do senador Wellington Dias para o Desenvolvimento Social, pasta responsável pelo novo Bolsa Família e para a qual surgiu desde o final da apuração dos votos o nome da senadora Simone Tebet de grande atuação na campanha eleitoral e de influência decisiva para a vitória do petista.
Apareceu também com bastante força o nome da deputada Marina Silva para o Meio Ambiente. Tebet não estava na relação de ontem. Pode ser que esteja no próximo anúncio de Lula, após o Natal. Marina Silva também não figurou até o momento. Sobre Marina Silva é possível ainda que ela seja escalada para o Meio Ambiente, cuja atuação quando foi ministra no primeiro governo Lula Da Silva alcançou projeção internacional na defesa do Meio Ambiente.
VETO – Simone Tebet foi vetada por correntes do PT que temiam, segundo disseram, um destaque muito grande para a senadora que encerra o seu mandato. O problema parece ser outro, a exemplo dos recursos financeiros que serão mobilizados para o programa.
De uma forma ou de outra, causou um impacto negativo a não inclusão de Tebet na equipe ministerial. Ela teve um desempenho extraordinário na campanha de Lula. A opinião pública contava com a sua integração no governo por sua competência e contribuição. A decepção causada pela não inclusão ontem causou uma reação negativa. Isso acentuou, conforme disse Merval Pereira, O Globo desta quinta-feira, uma sombra de competição mesquinha dentro do esquema vitorioso nas eleições do ano que se aproxima do final.
REFLEXOS – Merval Pereira tem toda a razão; é possível, destacar, que ela integre uma outra pasta para a qual demonstra o brilho de sua atuação, mas ainda assim ficou a sensação de vazio no evento em que Lula anunciou a maior parte de sua equipe ministerial. Míriam Leitão também focalizou o tema em sua coluna de O Globo.
A não inclusão de Tebet, a meu ver, será um erro que através do tempo causará um abalo na nova administração Lula da Silva a partir de 2023. Afinal, a impressão que predomina é a de que correntes do PT têm poder de decisão até sobre a vontade do presidente que as levou à vitória nas urnas.
DATAFOLHA – Levantamento do Datafolha, objeto de reportagem de Renata Galf, Folha de S. Paulo de ontem, revela que 75% dos brasileiros e brasileiras são contrários às manifestações golpistas realizadas por setores extremados da direita, revoltados contra o resultado das urnas democráticas. Vinte e um por centro, entretanto são favoráveis.
Os números apontam que uma parte dos eleitores de Bolsonaro são contrários às manifestações contra o regime democrático e apenas uma fração é favorável. Essa fração é de 21%. Se analisarmos bem os números, verificamos que 75% são formados por eleitores que venceram com Lula e mais da metade dos que deram o seu voto pela reeleição do atual presidente da República. Importante o resultado da pesquisa que demonstra o isolamento verdadeiro ao qual está sendo remetido os setores extremistas da direita brasileira.