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domingo, fevereiro 20, 2022

Se Putin invadir a Ucrânia, Bolsonaro perde votos da direita, do centro e nada ganha na esquerda

Publicado em 20 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Amarildo (metropoles.com)

Pedro do Coutto

Se Vladimir Putin determinar a invasão da Ucrânia, como afirmou o presidente Joe Biden, no Brasil, em matéria das eleições de outubro, o presidente Jair Bolsonaro perderá votos da direita, sobretudo do núcleo duro, sofrerá rebate no centro e nada ganhará na esquerda, como é lógico. O presidente Putin joga para permanecer eternamente no poder, a exemplo de Stalin, que assumiu em 1924 com a morte de Lenin, e só deixou o poder em 1953 quando faleceu.

Putin transformou-se através do tempo num enigma, diz uma coisa e faz outra. Ao mesmo tempo em que anuncia para o mundo a retirada de tropas russas da fronteira ucraniana, reforça as tensões nas áreas separatistas de Donetsk e Lugansk, pró-Moscou e separatistas da Ucrânia.

CONFRONTO – A concentração de 130 mil soldados, navios de guerra, exercícios de bombardeios próximos às fronteiras, não pode ser mera manobra ficcionista. Para se ter uma ideia, na invasão da Normandia, em junho de 1944, fora 150 mil ingleses, americanos, canadenses e uma força polonesa que havia escapado do nazismo de Hitler. Centro e trinta mil oficiais e soldados cercando uma fronteira, preparando-se para um confronto e para uma invasão não pode ser um mero exercício retórico.

Há tanques deslocados para a proximidade de Kiev. É possível que esteja havendo uma cisão no Kremlin e que o poder militar que não tem rosto definido esteja influenciando nos avanços e recuos de Putin.O fato é que o mundo está em suspense, respirando um clima que se verificou na Segunda Guerra Mundial.

A atmosfera lembra também a crise de Havana em 1962 quando o presidente John Kennedy exigiu a retirada dos mísseis na costa cubana que ameaçavam a Flórida, há três horas de distância por mar. O mundo assim vive uma nova prova de força, uma nova Guerra Fria que ameaça sair do gelo.

PERDAS – Mas falei nas eleições brasileiras. Se a invasão se confirmar, Bolsonaro perde votos na direita, sobretudo na extrema, perde votos no centro. O veto da esquerda em relação a ele é total e irreversível. Da mesma forma que o veto que lhe é dirigido pelo ex-presidente Lula da Silva.

Bolsonaro perderá na extrema-direita pela impressão que deixou ao apoiar o governo Putin numa hora de pré-confronto com a liderança americana. Perde votos no centro por expor o país a uma contradição entre o conservadorismo sob o qual se alinha e a ameaça do fantasma comunista relacionado com a propriedade. Assim, verifica-se que foi um erro a sua viagem a Moscou.

O futuro está sombrio porque é difícil acreditar, como sustenta Joe Biden, que depois de reunir uma numerosa e poderosa força militar no entorno da Ucrânia,  buscando o pretexto das áreas contrárias ao governo de Kiev, a Rússia poderia recuar e retira-se das áreas de pressão que no fundo ameaçam a própria humanidade. Hoje não se pode prever o desfecho da crise na medida em que o tempo passa e o gravíssimo impasse não é resolvido.

ISOLAMENTO – Assim, a colocação de Bolsonaro o isola ainda mais, tanto em matéria de política externa, como ficou claro com o pronunciamento da porta-voz de Washington, mas também internamente com o pensamento do Itamaraty que está refletido na posição brasileira no Conselho de Segurança.

Como se constata a ação de Bolsonaro na política externa foi um desastre absoluto, prejudicou a imagem do Brasil e a sua própria campanha para as eleições de outubro.

TRAGÉDIA GREGA – Hélio Schwartsman em artigo publicado neste sábado na Folha de S. Paulo, refere-se à tragédia grega do Édipo que inspirou uma classificação psicológica estabelecida por Freud. Édipo na tragédia terminaria matando o próprio pai para unir-se com Jocasta, sua própria mãe. É grande e sempre importante a transmissão de cultura que Hélio Schwartsman realiza em sua coluna na Folha de S. Paulo.

Li o artigo e me lembrei da peça exibida em 1967 no antigo Teatro República, na Avenida Gomes Freire, atual sede se não me engano da TV Brasil. Paulo Autran fez o papel principal. A peça foi dirigida por Flávio Rangel.  A atuação de Autran tornou-se inesquecível e na ocasião representou um avanço na cultura brasileira. Incorporou-se à história da arte que é tão eterna quanto os seus personagens.


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