Publicado em 24 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Na tarde desta quinta-feira, o vice- presidente Hamilton Mourão deu declarações à imprensa, condenando a invasão da Ucrânia ordenada pelo presidente Vladimir Putin. Chamou o governante russo de um novo Hitler. Entendi essa entrevista como uma desconsideração do vice em relação ao presidente Bolsonaro.
Quem dá declarações oficiais pelo governo, em questões delicadas como a atual, nesse conflito no Leste Europeu, é o presidente da República, Jair Bolsonaro, que ordena ao seu Chanceler qual o caminho deve seguir nos organismos internacionais (ONU) e na atuação das Embaixadas brasileiras na Rússia e na Ucrânia.
MOURÃO EXTRAPOLOU – Ninguém pode falar em nome do governo sem o aval e a permissão do presidente da República. Qualquer iniciativa nesse sentido é uma contrafação, um embuste, uma falsa qualidade.
O momento é sensível e a direção da política externa deve ter um único comandante. Essa tarefa não pode ser dividida e haver uma contradição entre o chefe da nação e o vice-presidente.
O país pertence ao grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Então, certas declarações podem prejudicar os interesses brasileiros no âmbito do bloco econômico.
POSIÇÃO CORRETA – Bolsonaro agiu acertadamente ao visitar a Rússia, visando às relações diplomáticas e comerciais, com estreitamento dos laços econômicos, que unem os dois povos.
O Brasil têm que manter a neutralidade, como vem fazendo neste confronto, seguindo o pragmatismo democrático responsável, que sempre foi o norte da política externa brasileira.
A esse respeito, o pronunciamento do embaixador brasileiro na ONU a favor da soberania dos povos, como lema do povo brasileiro, deveria ser seguido por todos os integrantes do governo Bolsonaro, especialmente o vice-presidente Hamilton Mourão, que perdeu uma boa oportunidade de ficar calado.