Publicado em 3 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet
Ricardo Della Coletta
Folha
Em meio a renovadas tensões entre o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a disparar provocações contra integrantes de outros Poderes nesta quarta-feira (2), em referências veladas ao Judiciário.
Durante ato no Planalto em alusão a mudanças na prova de vida do INSS, Bolsonaro afirmou que atua para que o Brasil não se converta numa ditadura. “Geralmente quem leva um país para a ditadura é o chefe do Executivo. No Brasil é o contrário: quem segura o Brasil para não caminhar rumo à Venezuela é o chefe do Executivo. Tem muita gente de outros Poderes conscientes. Alguns poucos, não sei o que pensam”, declarou o presidente.
NAS QUATRO LINHAS – “Mas vamos fazer a nossa parte, vamos nos empenhar. Vamos cada vez mais fazer valer a força da nossa Constituição. Nós jogamos dentro das quatro linhas [da Constituição]. Vamos cada vez mais exigir que o outro lado, alguns poucos do outro lado —pouquíssimos—, joguem dentro das quatro linhas”, disse o presidente, que não citou diretamente ministros do Supremo.
Bolsonaro é um crítico de decisões de Moraes em investigações contra aliados e de determinações da Justiça Eleitoral que têm limitado o financiamento de canais bolsonaristas investigados por fake news. Bolsonaro considera que essas ações são ataques à liberdade de expressão.
As declarações de Bolsonaro nesta quarta ocorreram em meio a uma nova escalada de atritos com integrantes do STF.
SEM DEPOIMENTO – Na semana passada, o presidente faltou a um depoimento na PF (Polícia Federal) que havia sido determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A AGU (Advocacia-Geral da União) chegou a recorrer da decisão do magistrado, mas Moraes negou o pedido.
A intimação para que o presidente falasse com os investigadores ocorre no âmbito do inquérito que apura vazamento de investigação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre ataque hacker às urnas.
Além do mais, o ministro Luís Roberto Barroso, que além de membro do Supremo é presidente do TSE, afirmou na terça (1º) que Bolsonaro facilitou a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, muita espuma e pouca onda. Tudo está como antes no quartel de Abrantes. É apenas o novo normal da política brasileira. (C.N.)