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quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Bolsonaro chama Orbán de “irmão”, usa lema fascista e sugere de novo que influencia Putin

Publicado em 17 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet

Bolsonaro abraça Orbán após as declarações feitas por ambos depois de encontro em Budapeste

Bolsonaro e Urbán são dois expoentes da extrema direita

Igor Gielow
Folha

Em um rápido discurso durante sua viagem improvisada à Hungria, o presidente Jair Bolsonaro (PL) exibiu todas as credenciais que o colocam como um membro da liga de líderes populistas no espectro da direita nacionalista mundial.

Chamou durante uma declaração à imprensa o premiê Viktor Orbán, homem forte do país desde 2010, de “meu irmão, dadas as afinidades”, e celebrou “valores que nós representamos, que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, Pátria, Família e Liberdade”.

LEMA FASCITA -Não é a primeira vez que ele uso o mote, que tem origem no fascismo italiano das décadas de 1920 e 1930, sem a adição da “liberdade”. Foi adotado por fascistas brasileiros da Ação Integralista e pela mais longeva ditadura europeia do século 20, a comandada de 1933 a 1974 por António de Oliveira Salazar em Portugal.

Bolsonaro chamou, não muito diplomaticamente, o país de quase 10 milhões de pessoas de “pequeno grande irmão” do Brasil.

O brasileiro voltou a insistir numa mentira sugerida por ele e replicada com sucesso nas redes bolsonaristas, com vídeo falso, de que ele teria influenciado Vladimir Putin, o presidente russo que visitara na véspera em Moscou, a decidir tirar partes das tropas que circundam a Ucrânia.

FIM DA GUERRA – Inicialmente, disse: “Discutimos a possibilidade ou não de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Por coincidência, quando estávamos em voo [rumo a Moscou], houve o anúncio”.

Até aí, correto. Mas ele completou: “Sendo coincidência ou não, a guerra não interessa a ninguém”. Não há nenhuma relação causal entre a decisão russa, de resto denunciada como uma farsa pelo Ocidente na disputa que vivem em torno da Ucrânia, e a chegada horas depois do brasileiro a Moscou.

Ao fim, abraçaram-se, Orbán envergando uma gravata laranja, cor de seu partido. O primeiro-ministro húngaro enfrentará duras eleições em abril, e seu time tem tentado atrair líderes do mesmo diapasão ideológico para tentar magnetizar seu eleitorado mais raiz — não muito diferente das ações de Bolsonaro quando adota discursos radicais.

TRUMP, O ÍDOLO – O sonho de consumo da turma é Donald Trump em um evento conservador em março, mas o ex-presidente americano não topou ainda. Orbán é um líder que se notabilizou por uma metamorfose no poder, deixando sua origem mais liberal e anti-Rússia progressivamente rumo ao que ele mesmo chamou de “democracia iliberal”.

É fustigado nos fóruns europeus por suas políticas contra imigrantes e a população LGBTQUIA+. Mas a Hungria ainda tem vitalidade para apresentar um desafio a seu poder com a unidade da oposição, e mesmo o temido uso que Orbán poderia ter feito dos superpoderes que se concedeu no começo da pandemia da Covid-19 não se materializaram.

Ele é personagem constante da turma mais ideológica do bolsonarismo, como o filho presidencial Eduardo, deputado federal pelo PL paulista. Ele já o visitara em 2019, e mantém interlocução por meio da rede radical organizada pelo ex-assessor da Casa Branca Steve Bannon.

 

VENDA DE AVIÕES – Os negócios entre Brasil e Hungria são diminutos, com US$ 457 milhões importados pelo Brasil e US$ 62 milhões, vendidos. De prático, a viagem de Bolsonaro à Hungria viu apenas a assinatura de três memorandos, inclusive na área de cooperação de defesa. Budapeste virou cliente da Embraer, que está lhe vendendo dois cargueiros militares KC-390 por US$ 300 milhões. Na Rússia, havia sido apenas um, embora isso não seja régua para medir sucesso de viagens internacionais.

A parada foi improvisada há pouco mais de um mês, sendo restrita a uma reunião de Bolsonaro com o presidente János Áder, figura decorativa, Orbán e, depois a uma visita à Assembleia Nacional do país.

Segundo Bolsonaro, o presidente lhe questionou acerca da política ambiental, e o brasileiro voltou a falar que os dados no exterior são distorcidos e que, apesar de todas as indicações do monitores objetivos apontarem avanço do desmatamento, o país protege a Amazônia.

LOUVOR AOS SOLDADOS – Mais cedo, Bolsonaro havia feito uma referência à sua visita ao Túmulo do Soldado Desconhecido em Moscou, protocolo russo para visitas de chefe de Estado, mas que gerou barulho em redes sociais pois afinal os militares em questão eram da União Soviética — e o presidente insiste em se dizer anticomunista. “Soldado é simplesmente soldado”, escreveu.

Apesar de sua estatura como ícone despótico, ao lado de Putin e do turco Recep Tayyip Erdogan, as convicções do premiê húngaro são mais flexíveis.

Ele surgiu no cenário como líder estudantil nos estertores da Guerra Fria, em 1989. Como todo jovem, era um duro crítico do domínio da União Soviética sobre a Hungria e outros satélites.

ORBÁN E PUTIN – Aqui e ali, houve rusgas, mas ao fim os dois líderes são percebidos pela elite da União Europeia em Bruxelas como seres políticos da mesma extração. Os ataques de Orbán à independência do Judiciário, com a ocupação de cargos, e aos direitos LGBTQIA+ já lhe valeram diversas censuras.

Além disso, desde meados da década passada ele e Putin negociam um megaprojeto de energia nuclear de 12 bilhões de euros (R$ 76 bilhões hoje) bancado pela estatal russa Rosatom, visto por críticos como uma forma de compra de apoio pelo Kremlin.

Ao mesmo tempo, é um membro da Otan no sensível Leste Europeu, chacoalhado pela crise em que tropas de Putin cercam a vizinha Ucrânia. Orbán já disse a Putin, a quem visitou recentemente, que está preocupado com o risco de uma nova crise de refugiados europeia caso haja o conflito que o russo nega querer.

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